Mulher que recebeu coração da jovem Eloá Pimentel morre com Covid

Eloá tinha 15 anos quando foi morta pelo ex em sequestro em SP. 'Era como uma filha“, disse mãe da adolescente sobre Maria Augusta, uma das 5 pessoas que receberam órgão de Eloá.

Maria Augusta dos Anjos | Divulgação
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Morreu no fim da tarde de segunda-feira (03),  Maria Augusta dos Anjos, de 51 anos, vítima da Covid-19. Em 2008, ela recebeu o transplante do coração de Eloá Cristina Pimentel, jovem de 15 anos mantida refém e morta pelo ex-namorado Lindemberg Fernandes, em Santo André, São Paulo. A informação foi confirmada pela sobrinha de Augusta, Jeanne Carla Rodrigues, em uma rede social.

Augusta foi internada no fim de abril no hospital Santa Terezinha, em Parauapebas, no Pará, e tinha cerca de 75% do pulmão comprometido. A família chegou a organizar uma campanha virtual para arrecadar doações a fim de ajudar no tratamento, mas ela não resistiu.

"Ligaram do hospital e hoje foi o dia escolhido: Nosso Pai celestial recolheu a Augusta para a vida eterna, para morar ao seu lado, para abraçá-la e dizer 'Ah filha, que bom que você chegou, vem aqui perto do Papai'. Hoje, chegou ao fim todo seu sofrimento, sem remédios, sem cirurgias, sem agulhas, sem máquinas... apenas a grandiosa face de Deus!", escreveu Jeanne. 

Os pais da estudante Eloá Cristina da Silva Pimentel lamentaram nesta terça-feira (4) a morte da vendedora Maria Augusta da Silva dos Anjos, que havia recebido o coração da filha deles após o crime.

"Eu não esperava essa notícia. Eu estava torcendo para a Augusta se recuperar. Para mim foi muito triste. Minha família, meus filhos estão tristes. Até porque amanhã [5 de maio] minha filha Eloá faria 28 anos se estivesse viva. Augusta era como uma filha para mim também, pois ela carregava o coração de Eloá", disse a autônoma Ana Cristina Pimentel, de 54 anos, mãe de Eloá. "

Maria Augusta (ao centro) tinha recebido o coração de Eloá Pimentel (no destaque à direita) há dez anos: 'Recebi o coração dela no dia do meu aniversário' — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal 

"Augusta ficou maravilhosa depois que recebeu o coração de Eloá, mas essa doença [Covid] a pegou e a matou", completou Ana Cristina.

"Ficamos sabendo e lamentamos o falecimento da Maria Augusta", falou à reportagem Everaldo Pereira dos Santos, 56, pai de Eloá.

Eloá teve a morte cerebral anunciada pelos médicos em 18 de outubro de 2008. O assassino era um entregador de pizzas de 22 anos. Ele não aceitava o fim do namoro. De 13 a 17 de outubro de 2008, a imprensa transmitiu ao vivo o sequestro, com seu desfecho trágico.

O sequestrador foi julgado em 2012. Acabou condenado a mais de 90 anos de prisão por 12 crimes. A pena foi reduzida depois pela Justiça para 39 anos. Atualmente ele está preso em Tremembé, interior paulista.

Órgãos doados a cinco pessoas

Cinco pessoas receberam órgãos de Eloá que foram doados por Ana Cristina e Everaldo, pais da jovem. Foram transplantados coração, pulmão, córneas, fígado, rins e pâncreas.

Augusta foi uma das receptoras. Havia ganhado o coração no dia de seu aniversário, em 20 de outubro de 2008. Na última segunda à tarde, ele parou de bater, segundo contou a fisioterapeuta Jeanne Carla Rodrigues Ambar, sobrinha dela. De acordo com a sobrinha, a morte de Maria Augusta, que estava internada no Hospital Santa Terezinha, foi causada por complicações da Covid.

"Ligaram do hospital no final da tarde e hoje foi o dia escolhido: Nosso Pai celestial recolheu a Augusta para a vida eterna, para morar ao seu lado, para abraçá-la e dizer 'Ah filha, que bom que você chegou, vem aqui perto do Papai'. Hoje, chegou ao fim todo seu sofrimento, sem remédios, sem cirurgias, sem agulhas, sem máquinas... apenas a grandiosa face de Deus!", escreveu Jeanne em sua página pessoal no Facebook.

Segundo Jeanne, Augusta foi diagnosticada com a doença havia um mês. Ela vinha fazendo tratamento em casa, mas sentiu falta de ar em 25 de abril, quando precisou ser internada. No dia 27 acabou intubada.

De acordo com a sobrinha, Augusta costumava ir ao hospital para tratamento e para exames de rotina relacionados ao transplante, mas a família não sabe onde nem como ela foi contaminada pelo coronavírus.

"Ela era supercuidadosa. Ela não saía. Ela saiba que fazia parte do grupo de risco. Só saía para a casa da minha avó em Paraupebas, que fica a meia hora de Canaã dos Carajás", falou Jeanne . "A gente não sabe se ela pegou em algum momento no hospital ou de algum familiar."

Sobrinha de Augusta Anjos comentou a morte da tia nas redes sociais. Vendedora havia recebido o coração de Eloá Pimentel em 2008, mas morreu em decorrência de complicações da Covid, segundo a família — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal 

Segundo a sobrinha, a família de Augusta quer discutir a possibilidade de viabilizar um instituto com o nome dela para atender pessoas carentes e fazer trabalhos assistenciais. "Depois que minha tia recebeu o coração de Eloá, ela ajudava crianças da Ilha de Marajó, todo final de ano."

Em 2018, quando o caso Eloá completou dez anos, Augusta falou à reportagem que a vida dela era "um milagre".

"Recebi a notícia por telefone. Meu médico ligou: 'vem para o hospital que eu acho que você vai ganhar o coração daquela moça, a Eloá’. Eu soube do caso pela TV. Fiquei internada do dia 8 de outubro até dia 18 de outubro", disse Augusta à época. "Por isso agradeço à mãe de Eloá por ter permitido a doação dos órgãos da garota."



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