Namorada joga as cinzas de piloto morto por câncer durante um voo

Famoso nome do parapente, Roberto Galera foi lembrado em São Vicente. Familiares tinham prometido parar com o esporte até ele se recuperar.

Alessandra voa pela primeira vez após a morte do namorado | Reprodução
FACEBOOK WHATSAPP TWITTER TELEGRAM MESSENGER

?Nós fizemos uma promessa: só voltaríamos a voar quando ele ficasse bom. Ele nunca acreditou que fosse morrer. E, agora, eu vou voar para homenageá-lo?. Emocionada, a namorada se preparava para decolar depois de três meses longe do voo livre, esporte que a fez conhecer o piloto e instrutor de parapente Roberto Dias Galera. Ele faleceu no início de junho, em decorrência de complicações por causa de um câncer no pulmão. Para celebrar a sua luta, familiares e amigos do piloto organizaram um voo simbólico no Morro do Voturuá, em São Vicente, no litoral de São Paulo.

A homenagem à Galera foi realizada no morro onde o piloto realizou o seu primeiro voo. Ninguém falava em tristeza, só em saudade e na paixão que ele tinha pela modalidade. ?Era um amor tão grande que contagiou todos nós?, comentou uma das irmãs, Marlene Galera. Ela, sua mãe e sua filha, sobrinha de Galera, chegaram a voar por insistência do piloto. ?A minha mãe foi a primeira e adorou. Em seguida fui eu, mesmo com medo de altura. E minha filha, quando viu a gente, se sentiu na obrigação de ir também?, contou.

De acordo com os amigos do homenageado, Galera foi apresentado ao esporte que marcou sua vida em 1994, quando estava na faculdade. Ele foi convidado pelos colegas do curso de Engenharia Elétrica a ir até o Morro do Voturuá, e lá se apaixonou pelo voo livre. ?Ele fez um voo duplo, que é quando uma pessoa voa com um piloto. Depois começou a frequentar o curso e se tornou instrutor. Sabia muito do esporte, mas também do clima e da direção do vento?, explicou Samir Akl, um dos amigos do piloto.

Por causa da profissão, Galera viajou para vários lugares do mundo. Levava os equipamentos na mala, e quando estava de folga do trabalho, aproveitava o tempo voando. Mas, também participou de vários campeonatos nacionais e internacionais. Segundo Marlene, foi em uma dessas viagens que a luta contra o câncer começou. ?Ele estava na Alemanha participando de um campeonato e começou a tossir. Uma tosse muito forte, e amigos dele viram que saía sangue. Então, insistiram para que o Galera fosse ao médico?, lembrou. Ainda no país, o piloto passou por exames que constataram a suspeita de câncer no pulmão. Em seguida, ele retornou ao Brasil.

Já em casa, a primeira reação do piloto foi telefonar para a mãe. ?Ele ligou e contou o que estava acontecendo. Minha mãe é uma pessoa forte e reagiu de forma tranquila?, explicou Marlene, que soube do problema pela própria mãe. A família de Galera mora em Cajati, no Vale do Ribeira, interior de São Paulo, cidade onde ele nasceu. Já Marlene mora em Uberaba (MG). O piloto vivia sozinho em São Vicente, cidade que adotou quando começou a faculdade, e se recusou a voltar para perto dos pais quando confirmou a doença. ?Ele foi corajoso, encarou numa boa e nunca desistiu. Era uma pessoa esclarecida, procurava os tratamentos sozinho?, afirmou a irmã. Além disso, Galera parou imediatamente de fumar, já que o cigarro foi apontado como a provável causa do câncer.

A luta contra a doença durou três anos e seis meses. Galera passou por várias cirurgias e sessões de quimioterapia. Um dos primeiros alunos e amigo do piloto, Samuel Santana, conta que ele foi campeão paulista depois de passar por uma das sessões. ?Mesmo passando mal, sentindo dores, ele participou do campeonato paulista de parapente e venceu. Era um excelente instrutor?, diz o amigo.

Também doente, ele conheceu Alessandra Oliveira em um fórum sobre voo livre, na internet. Em Capixaba de Linhares (ES), ela e Galera se tornaram mais do que amigos, confidentes. O piloto estava em um relacionamento e ficou noivo no último Revéillon, mas a namorada faleceu quatro dias depois. ?Ele sentiu a perda dela, e a nossa família ficou chocada. Estavam de casamento marcado?, contou Marlene. Foi quando Alessandra ?caiu de paraquedas?. ?Ela foi uma luz na vida dele, e nós somos gratos porque ela cuidou dele por nós?, acrescentou a irmã.



Participe de nossa comunidade no WhatsApp, clicando nesse link

Entre em nosso canal do Telegram, clique neste link

Baixe nosso app no Android, clique neste link

Baixe nosso app no Iphone, clique neste link


Tópicos
SEÇÕES