Orelhões viram obras de arte em campanha publicitária de alerta

— A exposição fará o cidadão refletir sobre a utilização do aparelho, fará com que as pessoas se conscientizem sobre o objeto

Juarez Fagundes (à esquerda) e Maramgoní (à direita) terão sua obras expostas na avenida Paulista | Divulgação
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Na hora do sufoco da falta de telefone próprio não há quem não se lembre de um orelhão. Aliás, é só nessas horas que o aparelho é procurado e, mesmo assim, a sujeira e a má conservação chegam a espantar os usuários. Porém, a partir deste domingo (20), cem cúpulas de orelhões espalhadas por São Paulo virarão obras de arte na exposição Call Parade. Segundo a diretora da empresa Toptrends, que organizou a exposição, Catherine Duvignau, o objetivo do evento é conscientizar as pessoas sobre a importância do telefone público e sua preservação.

? A exposição fará o cidadão refletir sobre a utilização do aparelho, fará com que as pessoas se conscientizem sobre o objeto que, além de ser útil e funcional, também pode ser transformado num suporte artístico que deixa a cidade mais bonita, mais alegre.

Foram selecionados cem artista, um para cada cúpula. Noventa deles foram escolhidos após seleção aberta ao público em que 357 projetos foram inscritos. Já os outros dez foram convidados, entre eles está o arquiteto Alan Chu, que carrega grande responsabilidade. Foi a mãe dele a arquiteta Chu Ming Silveira quem criou, em 1970, do projeto dos orelhões que até hoje ocupam as ruas do Brasil.

? Participar deste evento é uma forma de homenagear a minha mãe. É um meio de chamar atenção sobre este equipamento urbano que já existe antes mesmo de muitas das pessoas terem nascido. É como se fosse dar um novo olhar. A minha obra sairá da própria cúpula. Ela estará pintada toda de preto e vou aplicar uma sombra no chão, como se fosse real. Na verdade, o orelhão vai funcionar como um relógio de sol.

Além de Chu, o famoso grafiteiro Eduardo Kobra e o artista plástico Juarez Fagundes, que assina a decoração de Natal da avenida Paulista, também terão obras na Call Parade. Com uma arte que sai da superfície da cúpula, Fagundes diz que a cidade de São Paulo está prepara para receber este tipo de intervenção urbana.

? A cidade está mais limpa. Qualquer cor aparece muito mais. Nesse contexto, uma expressão artística fica mais agradável aos olhos. Antes tínhamos uma cidade com um embaralhada. Na minha obra, a antena [ver foto acima] dá um ar de conectividade e a bicicleta, por exemplo, que sai da cúpula dá um ar de simplicidade.

Os telefones públicos no Brasil existem desde 1920, mas foi só em 1934 que foi adotado um sistema que possibilitava a cobrança antecipada, feita por moedas. Nesta época, os aparelhos ficavam em postos telefônicos e estabelecimentos credenciados, como padarias, cafés e bares. Foi apenas em 1971 que os telefones começaram a ocupar as ruas. São Paulo foi o primeiro Estado a receber cabines (13), feitas com vidros e cilindros. Logo depois, a arquiteta Chu Ming Silveira criou uma cúpula oval em fibra de vidro que foi acoplado a um suporte de metal, design que é adotado até hoje.

Segundo dados da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), em 1972, primeiro ano de contagem, existiam no Brasil 10.500 orelhões. Em abril de 2012, foram contabilizados 973.632 em todo o País. No Estado de São Paulo, são 203.622 aparelhos, sendo 48.800 mil só na capital paulista. Apesar dos orelhões terem aumentado em quantidade, com o passar dos anos, o seu uso vem caindo.

De acordo com a antiga Telefônica e atual Vivo, empresa concessionária de serviços de telecomunicação em São Paulo, a venda de cartões telefônicos para uso em telefones públicos caiu 45% em 2011, comparado a 2010.

Para o professor de engenheira elétrica do Departamento de Telecomunicações da USP (Universidade de São Paulo), Philipi Burt, o desuso destes orelhões se deu por causa do desenvolvimento e facilidade de acesso a aparelhos celulares.

? Acredito que apesar deste desuso, sempre haverá a necessidade de se ter um telefone público em uma cidade. Ele sempre poderá ser útil a um um viajante ou alguém que está sem celular.

Conheça a história do orelhão



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