Para facilitar locação, dono de apê onde família morreu omitiu tragédia anterior

Imóvel, com suspeita de vazamento de gás, teria deixado ao menos sete pessoas mortas

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A enfermeira Dina Vieira da Silva não foi avisada pelo proprietário do apartamento para onde se mudou, no começo de junho deste ano, em Ferraz de Vasconcelos, na Grande SP, sobre mortes no imóvel. Segundo o namorado dela, Alex Quiñones Pedraza, o dono sabia dos casos e até evitava se apresentar como responsável para não ser questionado e facilitar a locação.

Dina e os quatro filhos ? de 7, 11, 12 e 16 anos ? foram encontrados mortos no apartamento, para onde tinham se mudado nove dias antes, no último dia 17. A polícia investiga a hipótese de um vazamento de gás no local que pode ter matado também um homem e feito uma mulher abortar o bebê de sete meses.

Em depoimento ao DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), Antônio Aparecido das Neves Júnior, proprietário do imóvel, contou que ao alugar o apartamento ao casal Lucas e Viviane Nascimento ?combinou? que compraria o aquecedor de gás. O equipamento que estava no local não era compatível com o gás usado no condomínio, segundo a polícia.

O marido de Viviane, de 23 anos, morreu no dia 3 de junho, após ela passar mal durante o banho. A jovem, grávida de sete meses, perdeu o bebê. As circunstâncias das mortes da família de Dina e do rapaz são parecidas.

Viviane falou a polícia que o aparelho foi instalado. O proprietário negou e disse que não instalou o aquecedor. Nos autos constam que, segundo ele, ?como não tinha a furadeira e também por estar faltando uma mangueira, ninguém instalou?, diz o depoimento. Antônio ainda diz mais de uma vez que não entendia detalhes técnicos da instalação. Sobre o duto que leva o gás para fora, ele diz que ?ninguém lhe perguntou sobre isso. Tampouco qualquer pessoa lhe informou sobre a existência do duto. E achava que o buraco na parede servia para ventilação?.

À polícia, o proprietário deixou claro que ele preferia que as pessoas não soubessem das mortes anteriores. ?Certa vez, para evitar novamente ser indagado a respeito [das mortes], ele não quis se identificar como proprietário do apartamento a uma vizinha. Disse que iria alugar o apartamento junto com a esposa. Pediu que a vizinha não ficasse tocando no assunto com a suposta mulher, para não assustá-la?, diz o depoimento.

De acordo com Alex, Dina tentou resolver o problema de vazamento de gás diretamente com o proprietário. ? Ela ligava para o cara resolver esse negócio do gás e o cara não atendia. Ele ainda conta que o aluguel do apartamento foi facilitado pelo dono. ? Ela alugou e ninguém sabia que tinham acontecido essas mortes. Se ela soubesse, não iria alugar. [...] Não pediram nem depósito, nem nada. Pediram só R$ 700 para entrar lá e se mudar logo. Por isso que ela alugou rápido.

Alex chegou a ficar preso por uma semana, após ser considerado o principal suspeito das mortes. A polícia desconfiava que ele tivesse envenenado um bolo e um suco que foram encontrados no apartamento. Após o resultado da perícia, que não identificou qualquer substância estranha nos alimentos, o DHPP pediu a soltura do técnico em eletrônica.

O namorado de Dina foi quem achou os corpos, entre o fim da noite de segunda-feira (16) e a madrugada de terça (17). Ele foi até o condomínio após não conseguir falar por telefone com a enfermeira. Ao chegar, foi à sacada ? o apartamento fica no andar térreo ? e viu no chão uma das vítimas, de sete anos. No sofá, estava outra menina, de 11 anos. O corpo da mãe foi encontrada na cama de um dos quartos. Em outro dormitório estava um menino de 12 anos. A outra filha, de 16 anos, foi achada no banheiro. O chuveiro estava ligado.

Agora, o delegado Itagiba Vieira Franco aguarda laudos do Instituto de Criminalística e do Instituto Médico Legal que deverão comprovar se Dina e os filhos morreram devido ao vazamento de gás.

? A informação que temos é que todos os sintomas são ligados ao vazamento de gás. Contudo, não vamos nos apressar. Vamos aguardar o laudo.



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