Pesquisadores debatem sobre tradição, crenças, sociedade e consumismo do Natal

E é com essas distintas formas de comemorar o Natal que estudiosos debatem sobre tradição

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Variadas são as formas como as famílias católicas do Brasil e do mundo inteiro comemoram o Natal, umas veem essa data como tempo de festa, diversão, compras e com grande foco na crença do “bom velhinho”, outras têm esse momento como um tempo para refletir ações e atitudes cotidianas, em vista os textos da Bíblia Sagrada e do nascimento de Jesus Cristo, já outras unem as duas figuras mais representativas nessa época, o papai-noel e o Menino Jesus. E é com essas distintas formas de comemorar o Natal que estudiosos debatem sobre tradição, crenças, sociedade e consumismo. Temáticas mais discutidas que contribuem para se buscar, no dia 25 de dezembro, onde se encontra o “espírito natalino”.

Para Antonio Carlos de Nogueira Carvalho, Padre Carlito, da Paróquia São João XXIII e São João Batista, apesar da cultura consumista, da compra de presentes e ceias, a sociedade não deve esquecer dos ensinamentos de Jesus Cristo. “É nessa festa de luzes, cores e troca de presentes, que faz lembrar o maior evento da história da humanidade. Muita gente vê o Natal como viagem, compra de roupas e presentes, festas, jantares e ceias. Se pode fazer isso? Eu não vou condenar, todos nós participamos, é da nossa cultura. Mas isso não é o essencial. O espírito do Natal é deixar, de fato, que Jesus venha nascer dentro do coração de cada um de nós e levar ao mundo tudo que Jesus nos ensina, que é a busca pelo bem, pela justiça e pela verdade”, orienta o Pe. Carlito.

Segundo padre Carlito, a igreja está buscando resgatar na sociedade católica o real sentido natalino, chamando os fiéis para missas, novenas e reflexões sobre comportamentos do cotidiano, com o intuito de trazer pessoas que estão afastadas dos ensinamentos religiosos. “A igreja está resgatando o real sentido do Natal, com o tempo do advento. Estamos há quatro semanas que antecedem o nascimento de Cristo, trabalhando com missas e novenas, para que as famílias se reúnam e reflitam. Agora, o que chama para o outro lado é muito maior. A porta que leva para o reino de Deus é estreita, já a que leva para outras coisas é larga. Mas nas igrejas há sempre os fiéis, aqueles que vão em busca, aqueles que acreditam. E a gente espera resgatar aquelas pessoas que estão mais frias na fé. Estamos trabalhando nisso, indo ao encontro dessas ovelhas e resgatá-las”, garante o padre Antonio Carlos de Nogueira Carvalho.

Já para Flávio Silveira, antropólogo e professor da Ufpi, mesmo com a crise na estrutura familiar, uma grande parte dos teresinenses continua conservando valores religiosos. “As configurações mudam de caso a caso, pois o próprio conceito de “família” encontra-se em crise. Teresina é uma cidade católica e extremamente conservadora desses valores. Mesmo com a crise da estrutura familiar, sobretudo pela reconstrução das identidades cada vez mais desvinculadas dos dogmas religiosos, ainda assim, esse momento é capitaneado como um instante de renovação da esperança. Essa esperança, transformada em fé, passa a ser um dos fatos mais significativos desse processo, já que os conflitos são colocados na esfera divina de demandas e “expiações”, afirma o antropólogo que é pesquisador do Laboratório de Etnografia Metropolitana (LeMetro) da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

O antropólogo acredita que o espírito natalino não tem se perdido, e a figura do papai-noel reforça a celebração católica, o nascimento de Jesus Cristo no meio social devido a repetição dos ritos. “Há duas representações que são a Natividade e o “Consumo”, o paganismo que pode simbolizar o ‘velhinho de barba branca’ anda lado a lado com a festa de aniversário de nascimento de Cristo. Acreditar nessa figura pagã do papai-noel, que se disseminou no pós-guerra via influência e prestígio dos EUA no mundo, pode, inicialmente, ser pensado como referência remissiva do que se mantém na memória e fazer dessa fantasia um depositório de lembranças. E a difusão dos ritos se estabeleceu pela repetição, que consubstancia as ações e os papéis de cada um dentro dessas comemorações, reforça a tradição ao invés de enfraquecê-la, seja por um lado a Natividade, seja pelo outro, o culto ao papai-noel e da árvore de Natal”, explica o antropólogo Flávio Silveira.



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