Coração artificial dá esperanças para pacientes cardiovasculares

O coração artificial brasileiro é uma alternativa economicamente mais viável aos modelos importados existentes no mercado.

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Coração artificial | Reprodução/Internet
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Por ano, 300 mil pessoas morrem no Brasil vítimas de doenças cardiovasculares, segundo dados da Organização Mundial de Saúde. Na fila de transplante de coração, de acordo com o Ministério da Saúde, há cerca 220 pessoas à espera de um doador compatível. Neste Dia Mundial do Coração, celebrado em 29 de setembro, a esperança para os pacientes vem dos centros de pesquisas de universidades e hospitais.

Porém, até serem usadas na clínica médica, as inovações podem levar anos. Uma delas, entretanto, está um passo à frente de outras técnicas para se tornar uma realidade no país: o coração artificial desenvolvido pelo Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia e pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP).

O coração artificial brasileiro é uma alternativa economicamente mais viável aos modelos importados existentes no mercado. O equipamento nacional que começou a ser testado em um grupo de pelo menos dez pacientes e terá um valor estimado de R$ 10 mil por pessoa. Já os trazidos dos Estados Unidos e Alemanha podem custar entre R$ 200 mil e R$ 500 mil, o que inviabiliza a compra pelo Ministério da Saúde.

Coração artificial

Ainda não há previsão para a divulgação dos resultados os primeiros testes do coração artificial brasileiro com humanos, mas, para o presidente da SBCCV (Sociedade Brasileira da Cirurgia Cardiovascular), o médico Walter José Gomes, o dispositivo em pouco tempo estará na prática clínica. "Existe uma demanda da população. Quando há um agravamento do paciente, os familiares já pedem pelo coração artificial. Tem que ser assim mesmo. É uma forma de pressionar", o médico.

Os aparelhos importados, composto de plástico e metal, funcionam como uma bomba para auxiliar o coração e em alguns casos, segundo o presidente da SBCVV, podem substituí-lo. Já o coração artificial brasileiro será acoplado ao órgão humano, que continuará batendo.

O modo mais comum de usar o coração artificial é implantá-lo em pacientes que aguardam o transplante. "Ele serve de ponte para o transplante em pacientes que, sem ele, não aguentariam esperar. O coração artificial o mantém vivo e bem até achar um coração compatível", explica Walter José Gomes.

De acordo com o médico, o órgão artificial também pode ser usado em episódios de inflamação aguda do coração e em pacientes com doença cardíaca grave, para os quais o transplante não é indicado. "Essa pessoa fica com o coração artificial para sempre", diz o presidente da entidade.

Coração de porco

Os cientistas brasileiros da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) também trabalham com a técnica que adapta o coração de porco aos seres humanos. No procedimento chamado de descelurização, os pesquisadores estudam como retirar todas as células do coração do animal para implantar nele células saudáveis do paciente que fará o transplante. Isso também acabaria com o risco da rejeição.

Os estudos começaram há apenas dois anos no Brasil. Os primeiros testes para humanos só devem ser liberados ao final de 2015. Em seguida, ainda é preciso que a técnica seja testada em larga escalada antes de ser adotada regularmente pela medicina. Entretanto, o presidente da Sociedade Brasileira da Cirurgia Cardiovascular observa que, se a técnica da descelurização vingar, será capaz de suprir a demanda de transplantes.

Estudo do Incor

Enquanto alguns pesquisadores trabalham para salvar vidas de quem já sofre de doenças do coração, outros se empenham na medicina preventiva. Imagine que você não é obeso, não é hipertenso, não tem colesterol alto e não tem histórico de doenças cardíacas na família. Teoricamente, você não tem muito com o que se preocupar com o seu coração, afinal, está fora do grupo de risco.

Entretanto, o Incor (Instituto do Coração) do Hospital das Clínicas da USP trabalha em uma linha de pesquisa de biologia molecular que permitirá, no futuro, identificar na população geral, mesmo quem não está no grupo de risco, aqueles que poderão desenvolver miocardiopatias e infartos.

Isso será possível por meio da realização de simples exames de sangue em que serão identificados biomarcadores que darão um mapa sobre as possível doenças de cada paciente. "O futuro é a cardiologia preditiva (antecipativa), em que conseguimos individualizar o paciente que terá o risco de doenças cardíacas", explica o médico Roberto Kalil, diretor diretor da Divisão de Cardiologia Clínica do Incor. Segundo ele, o mapeamento poderá ser feito em crianças e adolescentes. "A população inteira será mapeada e vamos trabalhar na prevenção do risco de maneira individualizada, mas isso ainda é um estudo muito novo", explica.



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