Prêmio Piauí Inclusão Social 2013: Teatro do Boi usa a arte para educar e divertir

Na zona Norte de Teresina fica o Teatro do Boi, local onde são realizadas oficinas de atividades artísticas

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Aula de dança: estimulando desenvolvimento da arte na comunidade | Jonathan Dourado
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Se eles não vão até a cultura, a cultura vai até eles. É isso que faz todos os dias o grupo de profissionais que forma o Teatro do Boi, espaço cultural localizado em uma comunidade carente da periferia da zona Norte de Teresina. Com 25 turmas, distribuídas em nove oficinas, o Teatro atende 462 pessoas, das mais variadas faixas etárias e de ambos os sexos.

Ele foi inaugurado há 26 anos, mais precisamente no dia 15 de agosto de 1987. E de lá para cá virou uma referência cultural em Teresina. O Teatro passou por uma reforma em 2012 e ficou ainda melhor, sendo um dos principais da capital.

A plateia tem uma capacidade para 170 lugares, além da área externa que também é utilizada para eventos. Possui dois camarins, lanchonete, café bar e é todo adaptado para acessibilidade.

Lá são oferecidas oficinas de Dança, Teatro, Percussão, Desenho e Pintura em tela, Folclore, Bandas de Música, Capoeira, Violão e Figurino. E é tudo totalmente gratuito, tanto para a comunidade como para pessoas que vêm de outros pontos da cidade. São muitos os exemplos de crianças e jovens da região retirados de situações de risco graças a essas oficinas.

"O papel de toda instituição pública, principalmente aquelas como o Teatro do Boi, é se envolver com a comunidade na qual está inserida e temos uma preocupação principalmente em relação às crianças.

Hoje existe muita violência e ainda a problemática das drogas e nós buscamos envolver as crianças nas nossas oficinas para ocupá-las e deixá-las longe dessa situação de risco", disse a diretora do Teatro, Ana Teresa Lopes.

A mãe de Hestaelin da Silva, de 12 anos de idade, Maria José da Silva Alves, conta que sua filha já participa das oficinas do Teatro do Boi há seis anos e afirma que essas atividades são aliadas dos pais na hora da educação dos filhos.

"Minha filha gosta muito de participar das oficinas e eu também fico muito feliz de vê-la empolgada com esse tipo de coisa. É uma forma de ela não ficar ociosa em casa.

Todas as atividades oferecidas no Teatro são uma distração para as nossas crianças da comunidade, deixando todas elas longe da marginalidade", afirmou.

Escolas são trazidas para dentro do Teatro

Outra forma encontrada pela direção e pelos demais funcionários do Teatro para trazer a comunidade para dentro do espaço e fazê-la vivenciar as artes que são praticadas no local foi trazendo as escolas para participar de atividades realizadas lá dentro. Datas como o Dia das Crianças e Natal costumam ser comemoradas com a participação das escolas.

"No ano passado, nós realizamos nas duas semanas que antecederam o Dia das Crianças espetáculos gratuitos e chamamos as escolas para assistirem. Nós costumamos chamar também para o nosso auto de Natal.

Sempre são eventos gratuitos ou no máximo eles têm que trazer um quilo de alimento não perecível, que também é doado a instituições aqui da comunidade. Essa é uma forma de incentivarmos as crianças a buscarem mais o teatro", pontuou Ana Teresa.

O gerente de Cinema e Fotografia da Fundação Cultural Monsenhor Chaves, Kleyton Marinho, afirmou que uma outra estratégia é levar apresentação de vídeos, também de forma gratuita, para dentro do teatro. "Dessa forma, incentivam-se as crianças a gostarem de teatro, de cinema, de cultura de uma forma geral", argumentou.

Amor pelas artes

As oficinas oferecidas hoje no Teatro do Boi tem um público bastante diversificado, são variadas as idades, os sexos, as classes sociais. Mas todos tem um ponto em comum, o amor pelas artes. Todos são pessoas que veem na música, dança, desenho não só uma forma de ocupação do tempo ocioso, mas tem paixão pelas artes.

Ana Maria Lopes, de 34 anos, conta que entrou no Teatro há um ano, fazendo a oficina de teatro e em tão pouco tempo já coleciona experiências nos variados campos das artes ensinadas e compartilhadas com os alunos no local.

?Entrei para fazer teatro, mas já entrei na oficina de percussão, violão, dança. Tudo isso porque eu amo arte e quero estar perto de tudo isso. Essa é uma forma de aliviar a tensão da correria do dia a dia?, afirmou.

Já Adrian Fidalgo, de 12 anos, faz a oficina de percussão e tem uma história de vida que se confunde com a história recente do Teatro do Boi. Ele conta que há seis anos participa das atividades oferecidas no local e não pretende se distanciar desse mundo das artes e da música, mais especificamente.

?Todos os dias no turno da manhã eu vou à escola. Quando chego, eu faço minha tarefa, descanso um pouco e venho para o teatro. No futuro, eu vou ser professor de percussão?, disse.

O professor de percussão do local, Pedro Alcântara Monteiro, que compõe o quadro de professores do Teatro desde 2005, afirma que essa iniciativa de levar a cultura e as artes para a periferia de Teresina é uma atitude elogiável e faz toda a diferença no dia a dia de quem vivencia essa realidade. ?Esse é um local onde tem muita violência e o Teatro do Boi está fazendo a diferença?, pontuou.

Idosos e pessoas com deficiência também têm espaço

O Teatro do Boi não recebe apenas crianças e jovens e nem se fecha para pessoas com necessidades especiais. Essa parcela da população é presença cada vez mais comum nos corredores do Teatro e nas salas onde são ministradas as oficinas.

Segundo a diretora do local, tanto idosos como pessoas com necessidades especiais procuram com frequência as aulas de dança. O teatro já chegou a ter inclusive turmas só para pessoas com necessidades especiais, mas hoje eles fazem as aulas junto com os demais alunos.

"Com o tempo, as turmas formadas por eles iam esvaziando, então achamos melhor deixá-los juntos com os demais. Além de tudo, essa é uma forma de estarmos incluindo essas pessoas. Uma turma específica para eles soa um pouco pejorativo", disse.

Ana Teresa afirma que tanto idosos como pessoas com necessidades especiais fazem as aulas sem grandes problemas e conseguem acompanhar todos os movimentos.

"Todo mundo é igual, independente das limitações de alguns. No início tivemos dificuldades para recebê-los, principalmente os alunos com necessidades especiais, mas hoje não temos mais problemas", afirmou.



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