Presos por estupro e morte de casal são obrigados a fazer sexo

OAB-BA repudiou episódio e MP instaurou procedimento investigatório

|
FACEBOOK WHATSAPP TWITTER TELEGRAM MESSENGER

A Polícia Civil da Bahia apura a gravação de um vídeo em que dois homens presos por suspeita de estuprar e matar uma mulher, em Camaçari, na região metropolitana de Salvador, aparecem sendo obrigados por colegas de cela a fazer sexo oral um no outro, dentro da cadeia onde estavam custodiados. A cena foi gravada pelos próprios detentos com um celular e divulgada em redes sociais.

A vítima foi encontrada morta com o marido em uma cova no quintal da casa onde moravam. Os homens presos foram identificados como Daniel Neves Santos Filho, de 29 anos, e Carlos Alberto Neres Júnior, de idade não informada.

A ação dos colegas de cela teria sido uma retaliação pelo crime. No vídeo, um dos presos que obriga os suspeitos a fazer sexo diz: "Fale: 'eu sou estuprador'. É assim que os caras fazem na cadeia".

Nas imagens, também é possível ver que os detentos obrigam os dois suspeitos a baterem um no rosto do outro. Os dois ainda sofrem agressões dos colegas de cela -- um deles leva um soco no estômago.

A Polícia Civil da Bahia informou que um inquérito foi aberto para apurar as circunstâncias em que o telefone celular chegou à carceragem da unidade policial.

Segundo o órgão, o delegado Leandro Acácio, titular em exercício da 18ª Delegacia Territorial (DT), onde o fato ocorreu, informou que já identificou e autuou em flagrante quatro presos envolvidos no abuso sexual contra os dois detentos.

Os quatro, que não tiveram os nomes divulgados, vão responder pelo crime de estupro e devem ser transferidos para o sistema prisional nos próximos dias.

Por telefone, a assessoria do Ministério Público da Bahia (MP-BA) informou que o órgão já está ciente do caso e instaurou procedimento investigatório para apurar se os policiais da 18ª Delegacia se omitiram ou não diante do fato.

Os presos que sofreram abuso foram levados para o Conjunto Penal de Salvador, administrado pela Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização da Bahia (Seap). Em nota, a Seap informou que eles estão no centro de triagem e que, após essa etapa, irão para uma ala específica de pessoas que cometeram o mesmo tipo de crime, separados do restante dos presos.

O órgão disse que ainda não tem como informar se eles irão dividir a mesma cela, mas que a segurança dos dois será garantida.

A Ordem dos Advogados do Brasil na Bahia (OAB-BA) divulgou nota de repúdio sobre o caso. Disse que a situação evidencia uma "completa ausência das autoridades que deveriam estar fiscalizando e zelando pela ordem e disciplina no ambiente e pela integridade dos custodiados".

A OAB-BA afirmou que trata-se de "tortura e vingança privada, que violam os preceitos legais e as garantias constitucionais do devido processo legal" e manifestou inconformidade com o que classificou como "constrangimento ilegal" dos custodiados.

"Cumpre evidenciar que não se trata de conivência com o crime, tampouco ao criminoso, mas sim uma conclamação para que sejam assegurados os direitos daqueles que se encontram sob a tutela do Estado", disse o órgão.

Na nota, assinada pelo presidente da Comissão Especial de Sistema Prisional e Segurança do órgão, Marcos Luiz Alves de Melo, a OAB-BA diz também que é "inadmissível" que, em uma unidade policial, os custodiados tenham acesso a aparelhos celulares, conexão à internet e "plena liberdade (mesmo enquanto presos) para aplicar penas próprias e ilegais a terceiros, visto que somente o Estado detém o poder legítimo de aplicação de pena, nos termos e limites da lei".

Crime

Os suspeitos presos suspeitos de matar o casal em Camaçari estariam em busca de R$ 70 mil que as vítimas tinham recebido, quando cometeram o crime. A informação foi divulgada pela Secretaria da Segurança da Bahia (SSP-BA). Conforme o órgão, o valor seria proveniente de uma indenização.

Juvenal Amaral Neto, 57 anos, e Cristina Amaral, 43, desapareceram no dia 7 de janeiro, e os corpos deles foram encontrados dois dias depois. No mesmo dia em que os corpos foram localizados foram presos Daniel Neves Santos Filho, 29 anos, e Carlos Alberto Neres Júnior. Além deles, três adolescentes, de 13, 14 e 16 anos, foram apreendidos. Segundo a polícia, todos confessaram participação no crime. A avó de uma dos adolescentes trabalhava como caseira para as vítimas.

Eles foram localizados após denúncia anônima. Com os suspeitos foram encontrados uma espingarda calibre 12, um revólver e um veículo modelo Focus, placa JOD-0346. Conforme a polícia, o grupo invadiu a casa das vítimas e, por não conseguir pegar o dinheiro, estuprou a mulher, assassinou o casal e enterrou os corpos no quintal da casa.

Conforme a delegada Maria Tereza Santos, titular da 4ª Delegacia de Homicídios (DH/Camaçari), Daniel e Carlos Alberto foram indiciados por latrocínio (roubo seguido de morte), estupro, ocultação de cadáver, porte ilegal de arma e corrupção de menores. Os adolescentes vão responder por estupro e latrocínio.



Participe de nossa comunidade no WhatsApp, clicando nesse link

Entre em nosso canal do Telegram, clique neste link

Baixe nosso app no Android, clique neste link

Baixe nosso app no Iphone, clique neste link


Tópicos
SEÇÕES