Projeto que cria área para peixe-boi é criticado no Piauí

projeto iniciado em 2006 é de iniciativa do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, o ICMBio

Debate sobre criação de reserva para peixe-boi | Portal Costa Norte
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Na zona costeira da divisa dos estados do Ceará e Piauí está sendo proposta a criação da unidade de conservação ?Refúgio Vida Silvestre Peixe-Boi Marinho?. O projeto iniciado em 2006 é de iniciativa do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, o ICMBio, que realizou por volta das 9h15 deste domingo na cidade de Cajueiro da Praia, 384 Km de Teresina, uma consulta pública sobre a proposta de conservação dos estuários dos rios Timonha/Ubatuba e Cardoso/Camurupim, zona costeira e manguezais.

No local vive uma das últimas populações do peixe-boi marinho, mamífero aquático mais ameaçado de extinção do Brasil. Estas áreas a serem protegidas correspondem ao ambiente de alimentação, abrigo e reprodução da espécie. No Piauí a área corresponde a 23 quilômetros de refúgio da vida silvestre e no Ceará sete quilômetros.

O secretário estadual de Turismo, Silvio Leite, disse o que preocupa são as restrições que dificultarão o desenvolvimento. Segundo ele, o ICMBio faz apologia a pobreza e afirmou que o governo quer preservar e também recuperar os ecossistemas, mas principalmente gerar emprego e renda.

?Agente precisa desenvolver o turismo, aproveitar as potencialidades, mas pensando principalmente no homem, no emprego, na renda da juventude, no município que tem um dos mais baixos Índices de Desenvolvimento Humano do Brasil, 0.6%. Nós concordamos que seja criada essa unidade, mas que fique restrita a foz dos rios onde tem alimentação para o peixe-boi?, disse o secretário.

O superintendente do Meio Ambiente, Carlos Moura Fé, propôs que fosse incluído dentro da Área de Proteção Ambiental Delta do Parnaíba, a APA, certos refúgios de animais silvestres que estão na proposta de proteção. O que é considerado pelo vice-prefeito de Luiz Correia, Luiz Neto, como de bom senso e acredita que as fiscalizações sejam mais urgentes.

?Todo o nosso litoral está contribuindo muito com a preservação, já está tendo muito prejuízo em função da APA. Existem coisas muito mais graves em nosso litoral como a pesca predatória de barcos que vem de outros estados para fazer arrastões, degradar o nosso meio ambiente?, reclamou.

O empresário do ramo do camarão, Iran Costa, declarou que o que foi apresentado na reunião é diferente do que consta no relatório disponível no site. ?Nesse relatório, toda atividade pesqueira vai ser proibida ou vai ser restringida porque é considerado pelo relatório como pesca de alto impacto. Em relação aos empreendimentos de carcinicultura marinha, todas as fazendas terão que fechar e desmobilizar e nessa região nos geramos cerca de 800 trabalhos?. Segundo Costa, com o desemprego as pessoas vão intensificar a atividade de pesca, aumentado a pressão sobre os recursos pesqueiros nos municípios de Cajueiro da Praia, Luiz Correia, Chaval e Barroquinha.

Girvaldo Albuquerque, prefeito de Cajueiro da Praia afirmou que o peixe-boi é bem tratado. Há cerca de oito anos existiam quatro animais, hoje são em torno de 35 exemplares e não está de acordo com os 51 mil hectares de preservação da área de preservação. ?Nós queremos é que se desenvolva um turismo sustentável para a população?. Quanto ao tamanho da área, a analista do Centro de Mamíferos Aquáticos, Patrícia Passos Claro, colocou que é uma das demandas que vão receber e buscar negociar em relação às preocupações dos interessados. ?Existe a possibilidade de haver adaptações. Agente, exatamente, fazendo a primeira consulta pública para ter as demandas das pessoas da comunidade das associações e organizações de natureza econômica?.

Para a coordenadora regional do instituto Chico Mendes, Eugênia Medeiros, esta é a oportunidade que as pessoas têm de adequar esse projeto aos interesses das comunidades tanto do ponto de vista das atividades que podem ser desenvolvidas na área quanto dos limites. ?A proposta não está fechada, pode-se discutir os limites, discutir as atividades e de que forma isso vai se dar dentro da área do refúgio?. Ela considera a discussão válida para que as pessoas possam conciliar essas atividades e tirar dúvidas. Medeiros afirmou que muita coisa do que está sendo falado não é verdade, não é o que está sendo proposto pelo instituto.



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