Seguro nega UTI móvel a brasileira, que tem de operar às pressas no Peru

No último dia 6, ela caminhava por Cuzco, cidade de 300 mil habitantes, nos Andes peruano, quando precisou procurar um hospital.

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Um mal-estar acompanhado de fortes dores de cabeça interrompeu a viagem de férias da arquiteta brasileira Natália Duffles, de 32 anos, ao Peru, no nono dia do passeio. No último dia 6, ela caminhava por Cuzco, cidade de 300 mil habitantes, nos Andes peruano, quando precisou procurar um hospital. Ao chegar à Clínica MacSalud, o quadro se agravou, teve uma convulsão e entrou em coma. Diagnóstico: tumor no cérebro. O caso foi noticiado na coluna de Ancelmo Gois, no GLOBO, na sexta-feira.

Natália teria de passar por uma cirurgia para a retirada de edemas. Como viajava sozinha, o hospital procurou a embaixada brasileira no Peru, que, dois dias depois, conseguiu localizar a família da arquiteta no Brasil. No mesmo dia, os parentes solicitaram à assistência de viagem contratada, do cartão de crédito Visa Platinum, uma UTI aérea, conforme cobertura prevista em contrato, para que Natália fosse operada no Brasil. A seguradora pediu à família que desembolsasse US$ 33 mil para trazê-la de volta ? o voo sairia por US$ 83 mil, e o seguro cobriria US$ 50 mil. Apesar de ter aceitado a proposta, a seguradora cancelou o embarque, previsto para a última quarta-feira. Um dia depois, o estado de Natália piorou, e ela precisou ser operada às pressas em Cuzco.

? Ficamos desesperados. Além de o estado da minha irmã ser muito grave, não podíamos ficar com ela. E ainda tivemos de resolver toda uma questão burocrática, tentar convencer a seguradora de que não era uma doença preexistente ? conta a irmã de Natália, Bárbara Duffles.

Segundo a irmã da arquiteta, antes de autorizar o voo, que acabou sendo cancelado, a AXA Assistence, empresa terceirizada que fornece o serviço de assistência de viagem aos portadores do cartão Visa Platinum, exigiu que a família comprovasse que Natália não sabia da doença antes de embarcar para o Peru.

? Tive de arrombar a casa da minha irmã em busca de exames anteriores. Tudo o que consegui digitalizei e enviei à seguradora. Mas, mesmo assim, eles cancelaram o traslado dela sem dar muitas explicações. Já tínhamos até conseguido uma vaga no Instituto do Cérebro no Rio, que é referência, para a operação.

Assim que ficou sabendo do estado da filha, o pai de Natália viajou por conta própria para Cuzco. A mãe dela embarcou na sexta-feira, mas com a passagem custeada pela seguradora. Os dois estão hospedados em hostels da cidade peruana.

Segundo Bárbara, Natália já está consciente e até segurou as mãos dos pais. Nesta terça-feira também foi retirado o respirador que a impedia de falar. A arquiteta está passando por uma bateria de exames e, por isso, deve permanecer internada pelo menos por mais uma semana. A família não vê a hora de ela receber alta e voltar ao Brasil.

Atenção ao contrato

De acordo com a advogada Janaina Alvarenga, da Associação de Proteção e Assistência aos Direitos da Cidadania e do Consumidor (Apadic), uma vez caracterizado que a segurada tem condições clínicas de viajar e estando o procedimento previsto na cobertura, é dever da seguradora cumprir o contrato.

? Se a empresa garante o custeio e não está o fazendo por questões meramente financeiras, como uma possível redução de custos, caberá uma medida judicial para obrigá-la a arcar com os custos do traslado. E para que seja condenada a reparar a consumidora lesada pelos danos suportados, tanto dela quanto da família ? avalia.

Por isso, antes da contratação, quem vai viajar deve verificar com muita cautela o que está sendo oferecido no contrato, orienta a advogada. Ela aconselha a ler as condições gerais, um resumo dos direitos do segurado, e a verificar a abrangência do seguro, os procedimentos e serviços incluídos.

? Também verifique qual é a empresa, se contra ela existem reclamações. E fiquem atentos, pois ?promoções? nesse ramo podem ser sinônimo de serviços ruins, pois não dá para baratear o custo com serviços médicos e hospitalares ? complementa Janaina.

Procurada, a Visa optou por não se pronunciar sobre o caso de Natália. A administradora de cartões alegou que não comenta casos envolvendo portadores de cartão da bandeira para não violar a privacidade dos clientes. A empresa esclareceu que o serviço ofertado aos portadores de Visa Platinum não trata-se de um seguro-saúde, mas sim de uma Compensação por Emergências Médicas no valor de até US$ 25 mil por pessoa, fornecido a quem paga todo o valor de uma passagem aérea para o exterior com o cartão. O serviço se estende ao cônjuge e filhos dependentes de até 23 anos do titular do cartão.



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