Sem saber, agricultor de 26 anos ajudou no resgate do irmão durante incêndio na boate Kiss

O número de mortos subiu de 231 para 234 na tarde desta terça (29).

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Ao lado do pai, Jovane conta como resgatou cerca de 40 pessoas da boate | Divulgação
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O agricultor Jovani Rosso, de 26 anos, estava próximo ao palco quando foram acesos os sinalizadores que acabariam por incendiar a boate Kiss, no centro de Santa Maria, Rio Grande do Sul, matando pelo menos 234 pessoas na madrugada do último domingo. O número de mortos subiu de 231 para 234 na tarde desta terça (29).

Assim que o fogo começou, iniciou-se um grande tumulto de pessoas tentando sair da casa noturna. Rosso estava entre aqueles que conseguiram escapar da boate sem maiores ferimentos. Mas ele logo perceberia que o desastre tinha proporções maiores.

"Eu vi que tinha um monte de gente lá dentro, e chegou um momento em que o pessoal parou de sair", disse Rosso à BBC Brasil.

Morador da cidade de Manoel Viana, a cerca de 180 km de Santa Maria, ele havia ido com um grupo de sete amigos para a boate. Entre eles estava seu irmão Delvani Rosso, de 20 anos.

Quando percebeu que muitos não estavam conseguindo deixar a casa noturna em chamas, Rosso, assim como outros frequentadores que estavam lá no momento, decidiu entrar para ajudar. Colocou a camisa no rosto para tentar se proteger da espessa fumaça produzida pela combustão do isolamento acústico da boate e passou a retirar o máximo de pessoas que podia.

"Havia muita fumaça. Eu entrava até o meu limite, uns 30, 40 metros no máximo e ia puxando as pessoas para fora. Elas estava todas deitadas, nenhuma se mexia, algumas estavam pretas, queimadas", disse.

"Eu só pensava em salvar as pessoas, o máximo que eu pudesse, nem me importei muito com o resto."

A fumaça impedia que ele conseguisse ver quem ele estava resgatando.

Pouco depois, ele teria uma surpresa: em vídeos gravados pelos populares e publicados na internet, viu que seu irmão e alguns amigos estavam entre as pessoas puxadas da boate por ele e outras pessoas.

"Os bombeiros ainda não estavam entrando. Eu puxava as pessoas e levava até eles do lado de fora", disse Rosso, que pegou uma lanterna emprestada de policiais para conseguir enxergar melhor o interior da casa. No total, Jovani perdeu quatro amigos no incêndio.



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