Brasileiros participam do maior mapeamento 3D do universo

Previsão é de que o observatório esteja operando plenamente em 2014

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Cientistas brasileiros e espanhóis estão desenvolvendo uma tecnologia que vai permitir fazer o mapeamento em 3D do universo. A pesquisa Javalambre Physics of the Accelerating Universe Astrophysica Survey (J-PAS) pretende desvendar propriedades da energia escura - ainda considerada um mistério para físicos e astrônomos - e coletar dados que possam contribuir para os estudos astronômicos.

Prevista para entrar em pleno funcionamento em 2014, a estação está sendo construída na Serra de Javalambre, na província de Aragão, na Espanha, e deve coletar imagens do céu do hemisfério norte. O Brasil participa com a construção da câmera e do telescópio que farão a captura das imagens. Ao todo, o investimento será de 30 milhões de euros. Um dos coordenadores do projeto, o professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da Universidade de São Paulo (USP), Laerte Sodré Júnior, destaca que a amplitude do estudo vai ser maior do que os mapeamentos feitos anteriormente, como o Sloan Digital Sky Survey (SDSS), que proporcionou a maior imagem do universo que se tem atualmente.

Câmera será a segunda maior do mundo

Os primeiros testes devem ser feitos em 2013, quando os equipamentos ficarão prontos. A câmera está sendo desenvolvida com um mosaico de 14 sensores CCDs (semelhantes aos utilizados em máquinas digitais, que medem a quantidade de luz que chega), e as imagens serão captadas por 56 filtros diferentes (o SDSS só contava com cinco filtros), o que deve proporcionar alto nível de precisão. "O que atrasa o início é a construção da câmera. O CCD é um tipo novo, e a empresa só é capaz de produzir dois por mês", diz Sodré Júnior.

A tecnologia, segundo o professor, vai oferecer um campo de visão muito grande. "A câmera será a segunda maior do mundo quando finalizada", conta Sodré Júnior. Além de esclarecer as características da energia escura - que é apontada como uma das influências para a aceleração do universo, embora não se saiba se é uma substância ou uma propriedade da gravidade -, o coordenador aposta no potencial do J-PAS para determinar distância entre galáxias e construir um mapa do universo em três dimensões.

Os pesquisadores também esperam traçar um mapa da distribuição de massa no universo, detectar estrelas supernovas e asteróides no sistema solar, bem como encontrar subsídios para discutir se a Teoria da Relatividade, de Albert Einstein, ainda é a melhor descrição para a gravitação. Até o momento, cerca de cem cientistas estão envolvidos no projeto - a maioria do Brasil e da Espanha -, mas o grupo ainda não está fechado. "Trata-se de um legado para a astronomia mundial", avalia Sodré Júnior.

Os primeiros testes devem ser feitos dentro de dois meses, quando o telescópio deve estar finalizado. Nesse período, os cientistas devem simular procedimentos de operação e análise. Um equipamento menor, apelidado de J-PLUS, também deve auxiliar no desenvolvimento de um estudo local.

Outro telescópio J-PLUS também está em fase de aquisição, revela Sodré Júnior. A proposta é ampliar a pesquisa e instalar o segundo no Observatório Interamericano Cerro Tololo, no Chile, a fim de ampliar o campo de captação de dados e imagens também para o hemisfério sul e aumentar a precisão das observações. "Um levantamento como esse, tanto no norte no sul, é capaz de apresentar descobertas inesperadas. Nenhum outro estudo vai ter o volume que a gente vai ter", aposta o professor.



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