Especialistas propõem tratamento via internet

Profissionais de saúde já utilizam ferramentas como o MSN e o Skype para tirar dúvidas e auxiliar seus pacientes

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As ferramentas de comunicação na internet, como o Windows Live Messenger (MSN) e o Skype, podem servir pra algo mais além do bate-papo entre amigos e parentes e do contato profissional. De acordo com o Ministério da Saúde, a troca de informações entre pacientes e médicos via web já está reduzindo em 50% o número de deslocamentos de quem está em tratamento, principalmente moradores de cidades pequenas. Para o Ministério, esta solução ajudam, inclusive, a desafogar as redes do Sistema Único de Saúde (SUS).

Para a Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC), que propõe o tratamento online, o uso de comunicadores via internet poderá revolucionar o atendimento de pacientes. Para a SBMFC, o atendimento via web ajuda ainda as pessoas que não têm tempo de comparecer ao consultório ou em casos de necessidade imediata, como resfriados comuns sem falta de ar ou outros sinais de alarme. Nesses casos, graças à tecnologia, o profissional de saúde pode contar também com recursos visuais para avaliar o paciente, com a utilização de câmeras de vídeo próprias para a internet (webcam).

No entanto, Robinson Cardoso Machado, especialista em medicina de família e comunidade, ressalta que esse tipo de atendimento deve ser feito apenas em algumas circunstâncias. "O atendimento via MSN acontece quando a pessoa já é paciente, ou seja, frequentou o consultório, foi examinada e está em tratamento. Geralmente o suporte dado pela internet é mais utilizado para casos de origem emocional, quando pode possuir um bloqueio em relação ao médico presente e a pessoa se sentir mais a vontade utilizando as ferramentas digitais", afirma Machado.

Outras vantagens do contato virtual é o comportamento imediatista, onde o paciente, além de não precisar esperar em filas, poderá se tornar mais informado sobre a sua doença, o diagnóstico e o tratamento. "Porém as pessoas nunca devem se esquecer de comparecer ao consultório sempre que uma dor persistir ou se tiver ferimentos graves. O acompanhamento via MSN se dá somente com autorização do próprio médico", esclarece Machado.

O médico de família e comunidade Michael Yaari, de São Paulo, que atende seus pacientes através de e-mail e do Skype (comunicação por voz e vídeo), também deixa claro que o atendimento via web não pode ser considerado uma consulta médica. "É um complemento. E, como complemento, é extremamente útil", diz.

Yaari conta que há três anos passou a atender seus pacientes pela internet devido à necessidade sentida pelos pacientes de tirar dúvidas simples sobre tratamento e medicação. Hoje, 50% de seus pacientes já utilizaram a internet para isso. O perfil desses pacientes envolve, na maioria, pessoas das classes média e alta que desejam ter um médico de confiança sempre disponível.

A confiança, a referência e o vínculo estabelecido entre o médico e o paciente são citados por Michael Yaari como fatores importantes para que a comunicação se torne eficiente, alternando entre momentos presenciais e virtuais, mas nunca somente baseados na internet. "O olho no olho é a pedra angular da medicina", ressalta.

TEMA POLÊMICO

Cearense é pioneiro na "ciberterapia"

O psicólogo cearense Marcelo Salgado é pioneiro na psicoterapia online e a defender o atendimento através da internet no Brasil, ainda nos anos 90. Esse pioneirismo de Salgado chegou a entrar em choque com o entendimento sobre o tema por parte do Conselho Federal de Psicologia (CFP), que se posicionou contra a cobrança de honorários por esse tipo de serviço.

"O Brasil ainda está muito atrasado nessa área. Ainda estamos aguardando decisão judicial favorável a esse tipo de atendimento", diz o psicólogo cearense, que hoje apenas dá conselhos a alguns clientes através da internet, sem cobrança de honorários. Segundo a experiência de Salgado, seu contato através da internet auxilia principalmente brasileiros no exterior e pessoas em cidades onde não há psicólogos.

Marcelo Salgado acrescenta que na Inglaterra já existe pós-graduação em "cyber-psicologia" e que o encontro mundial (CyberTherapy and CyberPsychology Conference) sobre o tema já atinge a sua 15ª edição, em junho próximo, em Seul, na Coreia.

O médico Michael Yaari também classifica como "bastante atrasado" o estágio em que se encontra o país na área do atendimento pela internet. "Na Inglaterra, o paciente tira dúvidas pela internet antes da consulta. Na Espanha, os pacientes também utilizam a internet para tirar dúvidas sobre a medicação", cita Yaari, apontando uma tendência que para ele deve ser seguida no Brasil.



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