Uso excessivo de tecnologia pode se tornar dependência

A dependência pode prejudicar a vida social, amorosa e no trabalho

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Você se considera uma pessoa hiperconectada? Apaixonado por tecnologia? Esquecer o celular em casa é um transtorno? Pois bem, você deve tomar cuidado aos sinais, pois já existem pessoas que são consideradas dependentes dessas ferramentas e têm sua vida social, amorosa e no trabalho prejudicada, já que começam a apresentar dificuldades de relacionamento pelo uso excessivo de tecnologia.

O psicólogo e doutor em psicologia social, Denis Carvalho, explica que as principais consequências para o dependente de tecnologia é o isolamento, superficialidade nas relações e incapacidade de pensar criticamente. Nos Estados Unidos, a dependência de internet já é considerada como um transtorno mental que é tratado com terapia e remédios.

“Essa fobia se denomina por nomofobia, que é um tipo de pânico caracterizado pelo medo de ficar sem ter como usar o celular. Palavra derivada do inglês “no-mobile”. Caracteriza-se por: ansiedade, agressividade e dificuldade para se concentrar quando esquecem o telefone em casa, quando acaba a bateria ou estão em uma área sem cobertura. Esses sintomas são mais comuns entre os usuários de smartphones (telefones inteligentes)”, caracterizou o psicólogo.

O profissional diz ainda que o tratamento para as pessoas dependentes em tecnologia é o mesmo para as que sofrem com ansiedade e que família e amigos podem ajudar durante o período em que o dependente estiver em recuperação. 

O primeiro passo seria reconhecer a existência do transtorno. “Os mais próximos devem ajudar reconhecendo e não subestimando o problema e tentando convencer o usuário a reconhecer suas dificuldades”, completou.

A dependência chega de forma silenciosa. Sem perceber, as pessoas passam a priorizar a vida online e deixam a própria vida e relações interpessoais de lado. 

É cada vez mais comum encontrar grupos de amigos reunidos em bares e restaurantes conectados aos smartphones e a cena se repete na rua, praças, shoppings e demais espaços públicos.

Denis Carvalho afirma que não é necessário abrir mão das tecnologias até porque elas se tornaram ferramentas que auxiliam no trabalho e outras atividades. Ele cita como alternativa para fugir da dependência o uso responsável e limitado. 

“As pessoas podem fazer uso saudável das tecnologias tendo autocontrole e seguindo alguns princípios básicos de tecnoetiqueta: desligar ou não usar o aparelho em missas, restaurantes ou enquanto conversar com alguém. Ou procurar um especialista para um acompanhamento específico”, esclareceu.

No Brasil, o transtorno começa a ser reconhecido e algumas clínicas já passam a se especializar no tratamento, mas países como a China, Japão e Coreia do Sul já reconhecem o vício em tecnologias como um problema de saúde pública.

Doutora em Políticas Públicas explica comportamento de jovens na era da internet 

A jornalista e doutora em Políticas Públicas, Maria Helena de Oliveira, trabalhou em sua pesquisa durante o doutorado com os eixos: juventude, comunicação e Aids, para mostrar o nível de conhecimento dos jovens sobre a doença. 

Ela pode constatar durante os estudos que apesar da facilidade e acesso a informação, os jovens acessam mais as redes sociais do que sites educativos e informativos e vivem no tempo da "imediatização".

"A juventude vive em uma ambiência diferente, com interação comunicacional em meio a uma sociedade midiatizada, onde vivemos não simplesmente as influências da mídia sobre a sociedade, mas onde todos vivemos numa interação social com todos os aparatos midiáticos.

Os maiores protagonistas dessa sociedade midiatizada são os jovens, já que eles se encontram no tempo da imediatização que é o termo que criamos para definir o tempo do acesso às tecnologias", disse.

Maria Helena de Oliveira acredita que os jovens estão vivenciando o que está sendo proporcionado a eles e vivem em uma sociedade marcada pelos efeitos da internet. 

Contudo, muitos não utilizam essa ferramenta para buscar novas informações, como ficou comprovado sobre o assunto estudado em sua pesquisa. Ela explica que no ambiente da midiatização, as redes sociais servem como pontos de encontro para a troca de ideias e não de informações.

"Nós realizamos grupos focais com jovens de 17 a 25 anos nas universidades de Teresina e obtivemos a conclusão que nenhum deles utilizam as mídias sociais para acessar, por exemplo, a página do Ministério da Saúde sobre HIV e Aids. Avaliamos também como eles se relacionavam com as redes sociais como Instagram, Facebook sobre o assunto e nenhum deles abordou o tema", considerou.

Para ela, os jovens utilizam esses espaços mais para pontos de encontro, para agendar vários assuntos e também para falar de si próprio, para tratar assuntos das suas individualidades, suas próprias vivências, sexualidade e seus tabus. 

Inclusive sobre o assunto, uma pesquisa, da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, revelou que falar de si mesmo na internet gera o mesmo prazer de se alimentar, ganhar dinheiro ou fazer sexo.

Jovens passam até 12 horas conectados na internet 

Smartphones de última geração que permitem acesso rápido a centenas de informações pela internet, contato direto com milhares de pessoas e troca de mensagens com amigos através das redes sociais, assim se configura a tecnologia presente nas mãos dos jovens. Um grupo de estudantes de Comunicação Social tem resposta unânime quando o assunto é o tempo de uso do aparelho: até 12 horas por dia.

A jovem Talita Quésia, de 20 anos, estudante de Publicidade e Propaganda, diz que o uso do celular passou a ser parte integrante do seu dia e pode perceber isso no dia que esqueceu o aparelho em casa. "Sem internet a gente não consegue mais viver. O que dá para fazer sem o celular? Eu passo até 12 horas do dia conectada", revelou.

O estudante Wellington Coelho, 21 anos, também permanece metade do dia diante da tela do seu smartphone, contudo, ele explica que a quantidade de horas chega a tanto porque também resolve muitas pendências de trabalho através do instrumento.

João Pedro Meireles, de 19 anos, diz que chega a ficar até 10 horas por dia online. Ele afirma que divide o horário de uso entre as redes sociais e sites de notícias. 

Fotos: Luiz Fernando Gonzaga 



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