Um mês após morte de Chorão, delegado diz que foi “fatalidade”

Delegado de homicídios de SP descarta crime e suicídio no caso do cantor. Laudo comprovou que overdose de cocaína matou o artista em 6 de março.

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Chorão, vocalista do Charlie Brown Jr | Reprodução
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Nem crime, muito menos suicídio. Para a Polícia Civil de São Paulo, o caso da morte do cantor Chorão, ocorrida há um mês, deverá ser concluído como ?fatalidade?. De acordo com o delegado Itagiba Franco, do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), esse entendimento provavelmente fará parte do relatório final do inquérito. A delegacia especializada investiga as circunstâncias de como o vocalista do Charlie Brown Jr. morreu. São aguardados alguns exames para encaminhar o documento policial ao fórum, onde poderá ser arquivado pelo Ministério Público e pela Justiça.

O laudo da Polícia Técnico-Científica confirmou que uma overdose de cocaína foi o que matou o líder da banda. Diante disso, o DHPP já tem a certeza de que não há quem responsabilizar pelo que ocorreu no apartamento do artista no último dia 6 de março, quando ele foi encontrado caído, sem vida.

O inquérito aberto para esclarecer a morte do letrista do grupo musical não irá apontar culpados e nem incriminar ninguém. Para investigadores ouvidos pela reportagem, se alguém tivesse de ser responsabilizado pela morte de Chorão, teria de ser o próprio cantor. Mas isso não significa que tentou se matar. Não foi encontrada nenhuma carta de despedida no imóvel em Pinheiros, Zona Oeste da capital, onde o corpo dele foi encontrado por um segurança e motorista.

?A única certeza que temos é: ele já estava com a saúde debilitada e consumiu drogas, que agravaram seu estado e prejudicaram sua condição. O resultado foi a morte dele. Mas não dá para apontar isso como crime e muito menos suicídio?, afrmou o delegado. "Foi uma fatalidade. Diante do quadro descrito, estava prestes a ocorrer algo fatal, que não poderia se evitar. Nesse caso, a morte".

Segundo testemunhas ouvidas no inquérito, Chorão estava com depressão após a separação da mulher, a estilista Graziela Gonçalves. A apresentadora Sônia Abrão, prima do cantor, disse durante o funeral dele em Santos, que o vocalista reclamava da solidão. ?Faz um tempo que ele estava num processo de depressão muito profunda mesmo. Com o fim do casamento, as coisas pioraram muito para ele?.

Chorão se divorciou em novembro, após um casamento de 15 anos. O cantor chegou a fazer uso de entorpecentes nesse período. Ao DHPP, a estilista Graziela Gonçalves havia dito que "perdeu" o cantor "para as drogas".

"Eu tentei tudo que vocês podem imaginar, mas infelizmente essa praga mundial que é essa droga, que está acabando com tudo, ganhou. Eu espero que outras famílias e outras pessoas não passem por isso que eu estou passando, eu os familiares todos, o filho dele, a mãe, os irmãos os amigos?, disse Graziela.

Mas Chorão aumentou a dosagem das drogas ao término do casamento. O laudo necroscópico do Instituto Médico Legal (IML) apontou que o corpo do artista apresentava 4,714 microgramas de cocaína por mililitro de sangue.

O documento, revelado na quinta-feira (4) pelo G1, considera resultados do exame toxicológico número 5054/2013 do Instituto Médico-Legal (IML) feito no corpo do vocalista. Segundo os peritos, foi possível concluir, a partir dos testes, que a causa da morte foi "intoxicação exógena devido à cocainemia".

Para fãs de Chorão, a morte do artista é emblemática. Nas redes sociais na internet, uma menina chegou a postar que ele morreu tragicamente como outros grandes músicos: após consumir drogas.

Mas há aqueles que querem lembrar do vocalista pelas canções que ele compunha e deixou. Na tarde deste sábado (6) está programado um encontro no Parque Ibirapuera, Zona Sul, para celebrar as músicas que Chorão deixou para o Charlie Brown Jr. A mobilização está sendo feita pelo Facebook

A morte

O cantor e letrista, que faria 43 anos em 9 de abril, liderava a banda fundada por ele na cidade de Santos, no litoral de São Paulo, em 1992. Em 15 anos de carreira, o Charlie Brown Jr lançou nove álbuns de estúdio, dois discos ao vivo, duas coletâneas e seis DVDs. Ao todo, o grupo vendeu 5 milhões de cópias.

Além de vocalista, Chorão era responsável pelas letras do Charlie Brown Jr. e pelo direcionamento artístico e executivo da banda. Em 2005, o trabalho "Tâmo aí na atividade? foi premiado com o Grammy Latino de melhor álbum de rock brasileiro, o que se repetiu em 2010 com "Camisa 10 joga bola até na chuva".

No ano passado, o Charlie Brown Jr. lançou "Música Popular Caiçara", álbum ao vivo que marcou o retorno dos integrantes Marcão e Champignon à banda. Eles haviam deixado o grupo em 2005. As apresentações aconteceram em Curitiba e Santos. A produção do trabalho foi feita por Liminha e os shows tiveram participação de Falcão (O Rappa), Zeca Baleiro e Marcelo Nova. Das 15 faixas do CD, a única gravada em estúdio é "Céu azul".

O vocalista foi também roteirista do filme "O magnata" (2007), do diretor Johnny Araújo, e do longa ?O cobrador?, ainda em andamento. Como empresário, administrou marcas de skate, como a DO.CE, fundada por ele em 2009, e viabilizou a realização de grandes eventos de skate no Brasil, além de manter o espaço Chorão Skate Park, em Santos, desde 2006.

A estreia do Charlie Brown Jr aconteceu em 1997 com o lançamento do álbum "Transpiração contínua prolongada". O trabalhou conseguiu o certificado de disco de platina ao vender mais de 250 mil cópias e tem como singles os sucessos "O coro vai comê", "Proibida pra mim", "Tudo que ela gosta de escutar", "Quinta-feira" e "Gimme o anel".



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