Universitária Brasileira vai à China fazer estágio e passa onze dias na prisão; entenda

De volta ao Brasil, ela contou por telefone que considera uma ação legal por danos morais contra a a Aiesec. O representante da organização em Pequim afirmou que Laíse foi vítima de um “mal-entendido”

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A paranaense Laíse Marmentini, 22, foi deportada na semana passada da China, após passar onze dias em uma casa de detenção de Pequim. Ela foi presa por não ter o visto apropriado para trabalhar no país.


Laíse dava aulas de inglês numa escola de Pequim desde que chegou, no fim de julho. Natural de Maringá, ela veio à China por meio da Aiesec, rede estudantil internacional que organiza estágios para universitários ao redor do mundo.

De volta ao Brasil, ela contou por telefone que considera uma ação legal por danos morais contra a a Aiesec. O representante da organização em Pequim afirmou que Laíse foi vítima de um “mal-entendido”.

“Passei onze dias com a mesma roupa. Foi horrível. Fiquei numa cela lotada, não tinha espaço para dormir direito. Sofri bastante. Não estava entendendo porque aquilo estava acontecendo comigo. A imigração me disse que a escola onde eu estava trabalhando não tinha permissão para contratar estrangeiros. Como eu ia saber disso?

Os policiais me disseram que eu não podia trabalhar porque não tinha o visto adequado. Eu disse que não era um trabalho, era estágio. Passei todas as informações à Aiesec, mas eles disseram:”Fica tranquila. Já falamos com a polícia e está tudo certo”. Estava lá desde o final de julho.

A polícia voltou no dia 4 e, quando me viram lá, disseram que eu era reincidente e me levaram para a delegacia. Tive que fazer um exame de urina -segundo eles, para saber se eu estava grávida. Da delegacia me levaram para um centro de detenção. Fiquei numa cela com 13 outras presas.

Tinha de tudo: uma brigou na rua, outra sequestrou uma criança, tinha roubo, porte de arma. Uma filipina que falava inglês me ajudou, porque as guardas não me entendiam. Eram oito mesas de madeira e cada uma recebia dois edredons. Não dava para dormir a noite inteira, porque cada presa tinha que ficar de vigia por duas horas.

O café da manhã era a melhor refeição do dia, porque eu conseguia reconhecer, pão, ovo e leite. Nos primeiros dias, até receber a visita da embaixada, eu me isolei, ficava no meu canto, chorando. Fui levada da prisão direto para o aeroporto. A embaixada fez o que pôde para me soltar, eu acho. Só senti falta da Aiesec. A culpa foi deles. Se foi um mal-entendido, porque eles não fizeram mais para solucionar?

Os policiais disseram que não iria ficar nenhum registro na minha ficha, mas eu tive que assinar um documento todo em chinês. Perguntei ao policial e ele me disse que era a ordem de soltura e que eu não poderia voltar para a China por cinco anos. Foi a única informação que eu tive. Disseram que isso não deixaria marcas, mas claro que vai.

O que eu passei ali, sozinha, foi horrível. Teve dia que não tinha água para beber. Não guardo mágoa dos chineses, mas guardo muita mágoa da Aiesec. Se aconteceu comigo pode acontecer com qualquer outro.

A filipina que estava comigo contou que há outra brasileira de 22 anos presa por problemas com a imigração, mas não sei detalhes. Eu estava feliz na China. Tive uma experiência boa. Mas se me perguntarem se quero voltar, não quero”, declarou a jovem.

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