Universitário negro diz ter sido acusado por policiais de roubar o próprio carro

O fato aconteceu nas imediações da Faculdade de Políticas Públicas, na região centro-sul de Belo Horizonte, no último dia 30 de março.

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O relato do estudante da UEMG (Universidade do Estado de Minas Gerais), Pedro Henrique Afonso, sobre um suposto episódio de racismo cometido por dois policiais militares tem mobilizado os usuários das redes sociais. No texto publicado em sua página no Facebook, o universitário afirma que foi abordado e preso por um cabo e um sargento do 22º Batalhão da PM, acusado de roubar o próprio carro. O fato aconteceu nas imediações da Faculdade de Políticas Públicas, na região centro-sul de Belo Horizonte, no último dia 30 de março.

De acordo com o depoimento do estudante, ele chegou ao local por volta de 19h e foi cercado pelos militares. Eles teriam questionado o que Afonso estava fazendo no carro. Ele ainda tentou argumentar que era trabalhador e foi tratado de forma agressiva, obrigado a colocar as mãos na cabeça e, em seguida, algemado. "Mão na cabeça, vagabundo, e cala tua boca" (sic) teriam gritado os dois agentes.  O jovem ainda tentou argumentar que "conhecia seus direitos" e que não poderia ser abordado desta forma, mas não adiantou.

"Foi o suficiente para que a truculência aumentasse. Com violência, me algemaram. Em minha volta, colegas, professores e vizinhos começaram a protestar. Senti medo, vergonha e indignação. As pessoas que me defendiam também eram ameaçadas e coagidas a não registrar o que estava ocorrendo. Me jogaram no carro", disse.

Já na viatura, o rapaz continuou tentando se defender e os policiais chegaram a retornar para o local e constatar que ele era o proprietário do veículo. Mesmo assim, Afonso foi levado para uma delegacia no bairro Coração Eucarístico, na região noroeste da cidade. Lá, foi acusado de desacato à autoridade, desobediência e resistência. Ainda teria ouvido do sargento que "você vai pagar umas cestas básicas para aprender o que é polícia". No desabafo publicado na internet, o universitário rebateu.

"Eu, como a maioria dos negros e negras deste País, sei muito bem o que é polícia. Fui preso, constrangido, humilhado, machucado porque sou negro. Porque, sendo negro, ousei ter um carro, dirigi-lo e me recusar a pedir desculpas por isso. Porque, sendo negro, me recusei a ser suspeito, a tomar um esculacho sem protestar", afirmou.

A assessoria de imprensa da Polícia Militar informou que não foi registrada qualquer denúncia sobre o caso. A corporação orienta o estudante a formalizar o relato junto à Corregedoria, para que seja apurado se houve irregularidade ou arbitrariedade na postura dos policiais.

Debate

No dia 9 de abril, foi organizado um ato de solidariedade ao universitário na UEMG. O evento contou com a presença da direção da Faculdade de Políticas Públicas, professores, servidores e demais estudantes, além do vice-reitor, José Eustáquio de Brito. Os representantes da reitoria comprometeram a notificar o ocorrido unto à Secretaria de Estado de Defesa Social e à Secretaria de Direitos Humanos.



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