Vacina pode transformar ameaça de HIV em “infecção menor”

“Nosso organismo está repleto de linfócitos, cada um programado para lutar contra uma patogenia diferente”, disse o cientista

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Pesquisadores da Espanha testaram uma vacina contra o HIV e conseguiram limitar a ameaça do vírus à uma infecção de gravidade menor comparável a herpes em 90% dos voluntários que participaram da pesquisa.

A vacina desenvolvida pelo Centro Nacional de Biotecnologia da Espanha se chama MVA-B e foi testada em 30 voluntários saudáveis, 24 receberam o tratamento com a vacina e outros seis receberam um placebo.

Os testes clínicos estão na primeira fase e, além dos 90% dos voluntários terem desenvolvido uma resposta imune ao vírus, 85% deles mantiveram esta resposta durante, pelo menos, um ano.

Os resultados da pesquisa foram publicados nas revistas especializadas Vaccine e Journal of Virology.

Treinamento

O sucesso do tratamento tem como base o fato de que o sistema imunológico pode ser treinado para responder a partículas do vírus e células infectadas.

Segundo o professor Mariano Esteban, o pesquisador responsável pelo desenvolvimento da vacina, o processo com a MVA-B funciona como "mostrar uma foto do HIV para que (o sistema imunológico) seja capaz de reconhecê-lo se o encontrá-lo no futuro".

As células principais desta experiência são os linfócitos T e B, os "soldados" encarregados de detectar substâncias estranhas no organismo e enviar os sinais necessários para destruí-las.

"Nosso organismo está repleto de linfócitos, cada um programado para lutar contra uma patogenia diferente", disse o cientista.

"É preciso submetê-los a um treinamento quando se trata de uma patogenia que não podem vencer naturalmente, como é o caso do HIV", acrescentou.

Os linfócitos B produzem os anticorpos que atacam o vírus antes que eles infectem as células. Os exames de sangue dos voluntários feitos na 48ª semana do tratamento revelaram que 72,7% dos voluntários tratados mantiveram os anticorpos específicos contra o HIV.

Os linfócitos T, por sua vez, são encarregados de detectar e destruir as células infectadas. Os exames de sangue realizados na 48ª semana do tratamento, 32 semanas depois da última aplicação da vacina, revelaram que 38,5% desenvolveram um tipo de linfócito T que luta contra o HIV, chamado CD4+. Outros 69,2% tinham desenvolvido outro tipo de linfócito T que luta contra o vírus, chamado CD8+.

Cautela e próximos passos

Os pesquisadores informaram que não ocorreu nenhum efeito adverso e a saúde dos voluntários no teste da vacina não foi afetada.

Mas, apesar do otimismo, os médicos envolvidos nos testes recomendam cautela.

"Os resultados precisam ser encarados com cautela, já que o tratamento só foi feito em 30 voluntários e, ainda que estimulem uma resposta potente na maioria dos casos, é cedo para prever se as defesas induzidas (pela vacina) vão evitar a infecção", disse o médico Felipe García, responsável pela equipe de pesquisa da vacina no Hospital Clínic, em Barcelona.

O próximo passo da pesquisa espanhola é verificar a eficácia da vacina em pessoas infectadas com o HIV, para verificar se ela realmente reduz a contagem viral.

O pesquisador Mariano Esteban demonstra otimismo com as próximas fases.

"A vacina MVA-B provou ser tão potente como qualquer outra vacina em estudo atualmente, ou ainda mais", afirmou.



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