“Vi pessoas pegando fogo”, diz indígena vítima de ataque em MS

Ônibus com estudantes foi incendiado na noite de sexta-feira (3) em Miranda.

Avalie a matéria:
Lucivone, de 28 anos, uma das vítima de ataque a ônibus em Miranda | G1
FACEBOOK WHATSAPP TWITTER TELEGRAM MESSENGER

O índio terena Edivaldo Francisco Martins, de 29 anos, estava entre os passageiros do ônibus escolar que foi alvo de um ataque com coquetel molotov na noite dessa sexta-feira (3) em Miranda, cidade a 203 quilômetros de Campo Grande. Ao G1 MS, ele relatou que o fogo se alastrou rapidamente dentro do veículo. ?Ouvi um barulho e vi a fumaça. Pensei que era uma queimada na estrada. Quando vi o fogo, percebi que era dentro do ônibus?.

Na hora do ataque, havia cerca de 30 alunos do ensino médio, supletivos e cursinhos no ônibus que fazia o trajeto diário entre o centro da cidade e as aldeias que ficam na zona rural. Adultos e adolescentes estavam no veículo.

O ônibus se aproximava do acesso à Aldeia Babaçu quando foi atingido por pedras e garrafa com líquido combustível. Edivaldo conta que os passageiros entraram em pânico. ?Não consegui ver nada direito. Todos tentavam quebrar as janelas ou arranjar algum lugar para sair em meio a toda a gritaria. Vi pessoas literalmente pegando fogo?, diz o indígena.

A estudante Lurdivone Pires, de 28 anos, foi a última a sair das chamas. Ela teve a ajuda de Edivaldo, que ouviu gritos dentro do veículo e voltou para resgatá-la. A irmã, Lucivone, acompanhou a vítima que precisou ser transferida para a Santa Casa em Campo Grande. ?Minha irmã ia terminar o ensino fundamental este ano. Agora, depois dessa tragédia, não sei se ela vai querer estudar ainda?, relata Lucivone.

Entre os quatro hospitalizados em Campo Grande, o motorista Laércio Xavier Correia, de 27 anos, é um dos que inspira mais cuidados. Sofreu queimaduras na cabeça, braços, tórax e pernas. Outro paciente permanece internado no hospital municipal de Miranda.

O cacique Adilson, da aldeia Cachoeirinha, ainda não tem pistas sobre a autoria do crime. As polícias Civil e Militar contam com a ajuda das lideranças indígenas para apontar prováveis suspeitos. ?O clima na aldeia é de muita revolta, estamos todos chocados com o que aconteceu?, diz o cacique. Cerca de 6 mil índios vivem no complexo de aldeias daquela região.



Participe de nossa comunidade no WhatsApp, clicando nesse link

Entre em nosso canal do Telegram, clique neste link

Baixe nosso app no Android, clique neste link

Baixe nosso app no Iphone, clique neste link


Tópicos
SEÇÕES