Vídeo: PMs e funcionários torturam dois suspeitos de furto de picanha

Em outubro, dois homens foram espancados por 45 minutos após furtos de carnes avaliadas em R$ 100.

PM investiga envolvimento de policiais em tortura após furto de picanha | reprodução
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A Polícia Militar abriu uma investigação para apurar o envolvimento de PMs no caso de tortura de dois homens suspeitos de tentar furtar pacotes de picanha de um supermercado em Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre. De acordo com a Polícia Civil, entre as vítimas, um homem negro chegou a ficar em coma.

O caso aconteceu em outubro. De acordo com a polícia, a dupla teria furtado dois pacotes de picanha, com custo de R$ 100 cada, e foi flagrada pela segurança do local. Após o flagrante, passaram por uma sessão de tortura sendo agredidos por 45 minutos. 

PM investiga envolvimento de policiais em tortura após furto de picanha

A investigação havia identificado dois dos envolvidos nas agressões, que seriam seguranças. Ao todo, sete pessoas participaram da ação. A Polícia Civil suspeitava do envolvimento de policiais no caso. Nesta segunda-feira (5), o 15º Batalhão da BM em Canoas informou que abriu procedimento para apurar se policiais militares participaram das agressões ou se passaram informações sobre as vítimas para os agressores.

As vítimas são dois homens, de 32 e 47 anos, sendo um negro e outro de pele branca. Segundo o delegado, Robertho Peternelli, durante a tortura, os agressores ligaram para alguém pedindo a ficha policial das vítimas e receberam a informação falsa de que o homem negro teria envolvimento em um estupro.

Após a informação, ele passou a ser o alvo das agressões, teve ferimentos graves e chegou a ficar em coma. Segundo o delegado, a vítima nunca teve passagem por estupro.

As agressões

O caso aconteceu no dia 12 de outubro. A polícia só ficou sabendo porque um dos homens que sofreu as agressões deu entrada no Hospital de Pronto Socorro (HPS) de Porto Alegre com ferimentos graves. Ele tinha diversas fraturas no rosto e na cabeça.

Um parente da vítima contou para os agentes que o homem tinha sido espancado no supermercado em Canoas.

De acordo com a polícia, 31 câmeras de segurança gravaram o que aconteceu dentro do supermercado e também no depósito onde as vítimas foram agredidas. Sete pessoas, sendo dois funcionários do supermercado Unisuper e cinco seguranças de uma empresa terceirizada, agrediram por 45 minutos os dois homens.

Após a denúncia, os policiais foram até o estabelecimento coletar as imagens, mas perceberam que os arquivos haviam sido deletados logo que os agentes entraram no local. O delegado Peternelli apreendeu o equipamento de gravação, que foi encaminhado para a perícia.

O perito criminal Marcio Faccin do Instituto Geral de Perícia (IGP) do estado conseguiu recuperar os arquivos.

"Eu analisei alguns trechos até conseguir um instante em que tinha um evento que pareceu suspeito. Uma evidência de algo que a polícia estava buscando. Eles estavam tentando ocultar as provas. Eles acharam que tinham apagado, mas esses arquivos não são apagados desta forma", explica.

O que dizem os envolvidos

Em nota, a Unisuper informou que demitiu os funcionários e rompeu o contrato com a Glock Segurança. Já a empresa terceirizada informou que só vai se manifestar nos autos do processo.

A polícia identificou, por enquanto, dois dos cinco seguranças envolvidos nas agressões, mas não divulgou os nomes deles. Os funcionários do mercado são o gerente Adriano Dias e o subgerente Jairo da Veiga. Os advogados que representam os dois disseram que só vão se manifestar em juízo.



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