Visão empreendedora para deficientes visuais

Projeto desenvolvido pela Escola Comradio de Teresina empodera mulheres com deficiência para o mercado de trabalho

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O projeto Mulheres de Visão, desenvolvido pela Escola Comradio de Teresina, uniu 22 mulheres cegas ou com baixa visão para um projeto para lá de inovador: o Mulheres de Visão. Uma visão empreendedora, que não depende de aspectos físicos, mas de sabedoria, inteligência e colocar para frente aquilo que elas fazem bem.

Muitas já conquistam aos poucos a independência financeira com empreendimentos diversos. A moda e a gastronomia são as áreas mais exploradas, e o dinheiro que chega no bolso é fundamental para que elas melhorem a autoestima e fiquem ainda mais incentivadas a buscar novas oportunidades de vida.

Crédito: José Alves Filho

Muitas também mostram o talento na rádio, com boa desenvoltura. Mas a área do marketing, com retorno mais imediato - pois muitas já produzem e vendem itens diversos, aparece como uma opção mais palatável e acessível para elas.

É o que explica o jornalista Iraildo Mota, representante da Comradio em Teresina. “Vamos ter quatro documentários que vão contar a história delas. Mas o principal de tudo isso é fazer com que elas, ao final de tudo isso, consigam entregar negócios que são acessíveis para a comunidade e que elas empreendam”, conta.

As mulheres cegas têm como principal desafio empreender na área da acessibilidade. “Nosso projeto, em resumo, capacita mulheres cegas para empreender. E o interessante é que esses projetos abarcam a questão da acessibilidade. Consultoria na área de audiodescrição, para que as empresas sejam mais acessíveis, enfim”, acrescenta Iraildo Mota.

Para sensibilizar as pessoas da necessidade da inclusão social da pessoa com deficiência, a Comradio elabora atividades que possam fazer com que a comunidade entenda as dificuldades existentes. “Temos várias atividades, como o túnel dos sentidos, onde as pessoas, vendadas, passam pela experiência de alguém com deficiência visual. Isso cria empatia”, analisa o jornalista.

Quem são as mulheres de visão?

As mulheres de visão não deixam os obstáculos ficarem pela frente. Elas passam por cima, ou dão a volta por cima quando é necessário. Com a força necessária para enfrentar as adversidades do dia a dia, elas encontram criatividade para conquistar a própria independência financeira.

A exemplo de Evany Torres, de 30 anos, que explora a curadoria de moda trabalhando com calçados. “Ser uma mulher empreendedora é inovador. É uma nova forma de empoderamento feminino. Eu, particularmente, gosto de trabalhar com moda, estou revendendo sandálias femininas. Quero colocar para frente e aumentar cada vez mais a minha renda”, revela.

Crédito:  Evany Torres diz que ser empreendedora é uma nova forma de empoderamentoMaria da Conceição, de 32 anos, busca caminhos diferentes. “Gosto de trabalhar com cosméticos, atualmente estou exclusiva com uma marca. São perfumes, shampoos, condicionadores. Já dá para ganhar um dinheirinho e pagar as contas. Aqui na Comradio aprendi muito e pude aumentar meus negócios”, aponta.

Maria da Conceição

Outra mulher de visão é Gilnara Oliveira, de 45 anos. “O curso fez muita diferença na minha vida. Ganhei autoestima. O foco é o empreendedorismo, fazer um planejamento e trabalhar em cima dele. É preciso ter um plano para que a gente possa começar o empreendimento e manter ele funcionando. Hoje sou empresária no ramo de gastronomia. Faço bolos, salgados, docinhos e vendo produtos para festas”, comemora.

Gilnara Oliveira conta como o curso fez diferença em sua vida

“É preciso voar alto”

Credito: José Alves Filho

Solange Maria, de 50 anos, é assistente social e fez o curso da Comradio. Ela tem especialização em escola inclusiva e pensa em seguir no ramo da publicidade. “Estou unindo os conhecimentos para colocar em prática. Sou boa de marketing, tenho boas ideias e sugestões. Atualmente não vendo nada, mas estou pensando em uma agência de publicidade. O projeto foi um divisor de águas em nossas vidas. Se você cai, você levanta. Vencemos barreiras e conciliamos família, lazer e trabalho. Temos que ser águias, não galinhas. É preciso voar alto”, considera.

Crédito: Solange Maria pensa em seguir no ramo da publicidadeHelena Gomes, de 65 anos, busca novas oportunidades a partir do conhecimento adquirido. “Sou a mais novinha da turma”, brinca. “Meu pensamento parece com o das meninas. Eu empreendo na área de temperos, que já fabrico. São temperos caseiros deliciosos, além de outros produtos. Faço gastronomia artesanal. Ganho meu próprio dinheiro”, pontua.

Helena busca novas oportunidades a partir do curso

Joana Darc, de 53 anos, tem o nome forte da santa francesa. Ela também gosta de cozinhar por encomenda, fato que tem sido bastante lucrativo. “Eu faço de tudo. Quero, quem sabe, montar logo meu restaurante para ser empresária. É um ramo legal porque todo mundo tem que comer”, explica.

Joana Darc pensa em trabalhar no ramo da alimentação

Bia Castro, de 40 anos, foi técnica de Enfermagem. Foi cuidadora de idosos durante muito tempo. “Tudo que aprendo aqui é válido. Eu levo as orientações para a vida. A gente pode se recolocar no mercado de forma positiva, independente de qualquer dificuldade”, revela a futura empreendedora.

Bia Castro diz que leva o que aprendeu para a vida

Ao final do curso, as empreendedoras entregam planos de negócio que elaboraram no decorrer das atividades. Os planos devem ter como mote a questão da acessibilidade no mercado de trabalho piauiense e o projeto deve durar até três anos para ser concluso. Até lá, emprego e renda garantido para essas mulheres de visão e garra.



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