Zona Norte é a mais violenta para mulheres, aponta levantamento

A Corregedoria Geral da Justiça divulgou um levantamento onde está constatado que a zona Norte é a região da cidade onde existem mais mulheres vítimas

Zona Norte é a mais violenta. | Reprodução
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Um levantamento realizado pela Corregedoria Geral da Justiça do Piauí revelou que a zona Norte é a região onde mais ocorrem casos de violência doméstica contra a mulher. De acordo com o estudo, as vítimas aparecem em grande quantidade em bairros como Mafrense, Parque Brasil e Água Mineral.

O relatório foi feito a partir dos dados coletados dos processos protocolados no período de janeiro a junho de 2012, em tramitação no Juizado de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher da Comarca de Teresina. O total de processos protocolados nesse período foi 816, tendo sido utilizados para o estudo dados de 244 processos, ou seja, 30% do total.

Dos 16 bairros onde moram as vítimas dos casos analisados, sete são na zona Norte da cidade. Entre os maiores índices aparecem o Mafrense e Parque Brasil (3,79%) e Água Mineral (2,84). Com relação ao local onde moram os agressores, dos 18 bairros notificados, oito são na zona Norte. São eles, Água Mineral, Mafrense, Parque Brasil, Mocambinho, Buenos Aires, Aeroporto, Alto Alegre e São Joaquim.

Além disso, o estudo mostrou o perfil de vítima e agressor e as circunstâncias em que ocorre a agressão. A análise mostrou que 100% dos agressores são homens e 88,46% dos casos aconteceram dentro de casa, seguida da via pública (4,8%) e comércio (2%).

Além disso, entre os tipos de violência mais comuns estão violência moral (37,87%) e violência psicológica (32,72%). A violência física, por sua vez, corresponde a 19,67% dos casos.

Entre as agressões verbais, a injúria (34,04%) e a ameaça (31,58%) acontecem em maior proporção, mas quando parte para a agressão física, o espancamento se torna a forma mais comum (21,75%).

Quanto o perfil de vítimas e agressores, o estudo da Corregedoria Geral de Justiça aponta que as maiores vítimas são mulheres na faixa etária de 20 a 39 anos (66,82%), em sua maioria nascida e moradora de Teresina, solteira (41%), mas com um percentual significativo de casadas (23%) ou com união estável (23%). No entanto, mulheres acima de 40 anos também sofrem bastante com a violência, representando mais de 20%.

Marlene é professora no bairro Mafrense, mas reside no Água Mineral, um dos bairros com maior incidência de vítimas e agressores (2,84% e 3,32%, respectivamente). De acordo com ela, as vítimas de violência entre jovens também está aumentando bastante. Nesse caso, o estudo revela que 3, 79% das vítimas possuem entre 15 e 19 anos e de zero a 4 anos representam 0,47%.

?Logo essas meninas se envolvem com garotos de boca de fumo. Os pais não aceitam e elas vão morar nas vilas. Enquanto a gravidez está no início, nem tanto, mas depois quando tem dois, três filhos, a violência se confirma?, conta ela, que justifica esses casos pela baixa escolaridade tanto de vítimas como agressores.

A propósito, o estudo também revela um fato considerável, que vem a corroborar a afirmação da professora Marlene. Embora a violência perpasse todas as classes sociais, a pesquisa mostra que a mulher que busca o apoio da Justiça, em sua maioria, está exercendo profissões precarizadas.

A maioria das mulheres, cerca de 35%, é dona de casa ou doméstica (10,5%). Quanto ao acusado, apesar do estudo mostrar que eles possuem emprego definido, revela que suas ocupações requerem pouca escolaridade, como pedreiro (9%), servente (4,7%), motorista (3,8%), vendedor (3,3%), desempregado (8,1%), entre outros.

Vítimas têm consciência mas relutam em denunciar agressor

Rosilene Alves é solteira e garante que nunca passou por nenhuma situação em que foi agredida, nem fisicamente nem verbalmente.

?Eu chamaria a polícia e denunciaria na delegacia. O problema é que muitas mulheres até querem denunciar, mas não têm coragem. Acabam morrendo e é esse o risco que correm se não denunciarem?, afirma.

Pelo fato de grande parte do agressor ser cônjuge ou ex-companheiro da vítima, está no elo de ligação, seja afetivo ou dos filhos que se tornam grande empecilhos e as impedem de fazer a denúncia. Isso ocorre, pois as muitas mulheres acabam temendo ações mais graves devido a ameaças, o que faz com que as mulheres demorem mais tempo para denunciar o agressor.

O estudo revela uma hipótese sobretudo relacionado às vítimas na faixa etária entre 50 e 59 anos: a de que essas mulheres possam estar sendo vítimas de violência doméstica e familiar durante vários anos, não tendo rompido o ciclo de violência talvez por vergonha, dependência financeira ou medo. Após a denúncia, o estudo revelou que dos casos analisados, 43,60% dos agressores chegaram a ser presos, sendo que a maioria das prisões ocorreu em flagrante (89,8%). Em compensação, ainda é bastante elevado o índice de agressores que não chegam a ser punidos: 56,40%.

Francisca das Chagas mora no Mafrense, mas diz que nunca foi vítima de violência doméstica. No entanto, frente à possibilidade de que isso aconteça, ela garante que sabe bem o que fazer.

?A gente tem que ir atrás dos nossos direitos. Porque ser espancada não é bom. O problema é que as mulheres têm medo, logo os agressores ameaçam. Mas eu acredito que tem que ir atrás dos direitos, sim. Se fosse eu, eu iria. Não pensaria duas vezes?, ressalta.



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