Zona Sul deixa o 1° lugar no ranking de homicídios e Zona Leste assume

O número de homicídios dolosos cresceu na capital, mas há uma diminuição nos índices de violência em geral.

ASSASSINATOS | Homicídios dolosos ainda estão crescendo na zona Sul, diz pesquisa | Jonathan Dourado/Jornal Meio Norte
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A pesquisa mensal que mede o grau de violência do Estado indica que a zona Sul perdeu o título de região mais violenta da cidade para a zona Leste. O estudo que será divulgado até o final desta semana pelo Sindicato dos Policiais Civis de Carreira do Estado (Sinpolpi), aponta o crescimento de homicídios dolosos, ato criminoso feito com a intenção de matar, naquela área.

O decréscimo na violência é justificado pelo trabalho efetivo das polícias em reprimir o crime e tem o efeito de inibir a ação de delinquentes. Isso justifica o decréscimo de crimes, muitas vezes cometidos por delinquentes ligados ao submundo do tráfico de drogas, que vão de brigas de gangues a acerto de dívidas do vício. ?Costumo dizer que a droga é o adubo da criminalidade.

Muitos meliantes abandonaram as armas brancas e passaram a cometer tais delitos com arma de fogo. É um dado preocupante?, afirma Cristiano Ribeiro, presidente do Sinpolpi.

Na tentativa de frear o uso indiscriminado das armas de fogo pelos bandidos, as Polícias Civil, Militar e Federal trabalham em conjunto. Assim que o problema é diagnosticado, é repassado para a inteligência do órgão, que investiga a procedência e destino das armas.

Atualmente, o principal trabalho da polícia no combate às drogas é diminuir o número de homicídios dolosos. Para isso, a Polícia Civil realiza um trabalho conjunto com a Delegacia de Entorpecentes. Segundo Cristiano, nunca antes no Estado se prendeu tantos traficantes em Teresina. As bocas de fumo também foram desbaratadas em número recorde.

?O problema é o seguinte: quando prendemos o traficante, automaticamente algum membro da família assume o trabalho dele. Muitas vezes a esposa, sobrinhos ou parentes próximos. Na maioria das vezes, há o envolvimento de vários membros da família. Quando um é preso, um outro continua?, esclarece o presidente do Sinpolpi.

A dificuldade em desbaratar a nova formação dessas bocas está no fato de que a Polícia Criminal só tem permissão de agir em quem está praticando o crime. ?Não podemos nos valer apenas de suposições. Uma prisão em flagrante só pode ser feita em quem está praticando o crime?, ressalta Cristiano Ribeiro.

A pesquisa feita do Sinpolpi cobre apenas homicídios dolosos, mas o sindicato pretende ampliar os estudos para abarcar dados sobre assaltos à mão armada, arrombamentos de casas, roubos e outras queixas.

Maioria dos homicídios dolosos é cometida por detentos libertados

Prova contundente de que o sistema prisional não consegue cumprir o papel básico de reintegrar os infratores à sociedade, a pesquisa realizada pelo Sinpolpi indica que grande parte dos delitos é cometida por quem já esteve atrás das grades. Ou seja, o sistema carcerário brasileiro alimenta a criminalidade.

Segundo estatísticas nacionais, 70% das pessoas que passam por ali reincidem. Em vez de ser benéfico para os indivíduos, ele funciona como retroalimentador da criminalidade.

?O sistema prisional não está cumprindo sua função principal de ressocializar indivíduos. Os números mostram que os presos saem do sistema prisional e voltam a cometer crimes?, aponta Cristiano Ribeiro, presidente do Sinpolpi.

De acordo com os últimos dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, o Estado tem 2.974 presos confinados em 2.155 vagas. Estima-se que 898 condenados possuem mandados de prisão expedidos, mas estão nas ruas por falta de espaço nos presídios. Uma política punitiva que precisa passar por ajustes imediatos.

?A sociedade enxerga o preso como alguém que deve ficar contido, e não como alguém que cumpre pena e vai voltar ao convívio social, mas não imagina que eles sairão muito piores de lá?, defende a comerciante Aracélia Maria, residente do conjunto habitacional Mário Covas, e que já perdeu as contas de quantas vezes foi assaltada.

Roubo de motos é a nova tendência na Vila da Paz

Apesar de ser caracterizada como a região mais perigosa da cidade, muitos crimes da zona Sul acontecem nos extremos da capital. No perímetro urbano, as vilas sofrem com a alta criminalidade.

O motivo gira em torno das drogas: nas vilas os crimes acontecem graças a brigas entre gangues. Já na divisa da cidade, a maioria dos delitos é cometida por usuários de drogas que cometem assaltos à mão armada.

Segundo uma moradora da Vila da Paz que pediu para não ser identificada, todos os dias ocorrem tiroteios no horário da madrugada. "A gente escuta tiros a partir das duas da manhã.

Eles vêm no rumo da Vila São João da Costa, Vila Jerusalém e daqui mesmo. As gangues disputam por bocas de fumo e fazem acertos de contas pelas ruas da vila. Até gangues de outros bairros vêm para cá", conta a cidadã.

Ainda na Vila da Paz, o índice de roubos à mão armada é intenso entre o meio-dia e as duas da tarde, horário com menos pessoas nas ruas. Lá a nova tendência é o roubo de motos. De acordo com residentes da vila, os assaltantes chegam a vender motos roubadas por R$ 250,00 para outros delinquentes.

Já em bairros mais distantes, como residencial João Paulo Segundo, Mário Covas, Angelim e Dignidade, os assaltos são a carteiras, celulares e bolsas ainda são mais recorrentes.

O mecânico Ailton Sousa presenciou muitos assaltos e diz que os bandidos estão incontroláveis. Ele cita a falta de policiamento como principal motivo para tantos roubos.

Como os bairros ficam distantes dos distritos policiais, a polícia sempre demora muito a chegar, logo, não conseguem conter a ação dos criminosos.

Terrenos baldios favorecem assaltos nos bairros

Os terrenos baldios que cercam os residenciais mais afastados da zona Sul de Teresina são o grande problema daquela área. Muitas residências são cercadas por mata, facilitando os furtos e arrombamentos de casas. Aracélia Maria tem um mercadinho no residencial Mário Covas e já viu muitos assaltos acontecerem em sua porta, que fica de frente para um ponto de ônibus.

"Hoje não sou mais assaltada porque coloquei grades (no estabelecimento) e só abro para os conhecidos. Assalto à mão armada não é novidade por aqui", reclama.

Segundo ela, a maioria dos crimes ocorre logo no início da manhã, enquanto os trabalhadores se deslocam para o trabalho. E, sempre que há pouco movimento na rua, os criminosos aproveitam para assaltar.

A dona de casa Socorro dos Santos vive em estado constante de alerta. "Tenho medo dos bandidos porque uma vez fui assaltada dentro do ônibus. Eles assaltam na maior tranquilidade, saem como passageiros normais e se escondem na mata.

Todos os outros assaltantes fazem o mesmo", desabafa. Ela fala que os moradores precisam estar sempre de olho, pois como o residencial Mário Covas é cercado de árvores, as paradas de ônibus ficam isoladas do bairro e as ruas são mal iluminadas. "E não podemos ligar para a polícia, pois ela demora tanto a chegar que acaba nem adiantando", conclui.



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