12 de outubro: Altos 89 anos de emancipação política

12 de outubro: Altos 89 anos de emancipação política

Retrato de João de Paiva Oliveira, Fundador de Altos | Carlos Alberto Dias
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Vislumbrando os albores da aurora

De um futuro feliz, promissor,

João de Paiva lançou a semente

Que este solo fecundo medrou.

Salve 12 de outubro glorioso,

Um risonho porvir despontou!

Salve ó dia mil vezes ditoso

O destino de Altos mudou.

Ode a Altos, da poetisa altoense Ignês Sousa Pereira (1919-2006)

Antecedentes históricos

Conforme narra a tradição e bibliografia corrente, a antiga povoação dos Altos teve início ainda pelos idos de 1800, quando aqui chegou o retirante cearense João de Paiva Oliveira e sua família, composta pela esposa Raimunda Maria de Jesus e os filhos João de Paiva Oliveira Filho, Raimundo de Paiva Oliveira e Raimunda Maria de Jesus. A família vinha fugindo de calamitosa seca que assolava o sertão cearense naquela época.

Sendo São José padroeiro do estado do Ceará, João de Paiva - devoto fiel - trazia entre seus pertences uma imagem do santo, que fora doada pelos seus descendentes à igreja, edificada anos mais tarde. Aqui chegando, João de Paiva Oliveira constituiu uma fazenda, dando-lhe o nome de Fazenda São José dos Altos.

A imagem acima referida é uma estatueta ainda existente e que é exposta à veneração pública em capela especial situada à entrada da igreja matriz. Algumas vezes, é conduzida em procissões dos vaqueiros e motoristas por ocasião dos festejos religiosos.

Após a chegada destes primeiros desbravadores, deu-se um considerável aumento da população, com a vinda de inúmeras famílias à antiga povoação, que depois viria a ser a cidade de Altos.

Sementes de fé e progresso

Em julho de 1883 assume a Paróquia de Nossa Senhora do Amparo, de Teresina, seu terceiro vigário geral forense, o Cônego Honório José Saraiva (1852-1904). A povoação dos Altos era, nessa época, pertencente àquela freguesia.

Juntamente com João de Paiva Oliveira Filho (1837-1901) e o capitão Francisco Raulino da Silva (1848-1905), muito fez o Cônego Honório pelo nosso desenvolvimento. Em 1885, contando com a ajuda material da população, foi construído o cemitério público; em 1891 foi levantada a primeira capela de palha do povoado, dedicada ao glorioso São José. Também neste ano, por iniciativa do Cônego Honório, a povoação ganhou sua primeira escola pública: Escola Mista de Altos.

Em 1893 é instalado o primeiro destacamento policial e criada a Coletoria das Rendas Estaduais no povoado. Três anos depois, por ato de 04.02.1896, Altos ganha sua primeira Agência Postal Telegráfica, que correspondia ao atual sistema de correios e telégrafos.

Em 13 de julho de 1901, por esforço conjunto dos cidadãos João de Paiva Filho, Francisco Raulino e Cônego Honório e a ajuda material da população, é lançada a pedra fundamental da igreja de São José. O Cônego, porém, não chegou a concluir a obra, porquanto, vítima de lepra, faleceu a 27 de janeiro de 1904, sendo sepultado dentro do seu inacabado projeto. As obras da igreja foram concluídas pelo Monsenhor Joaquim de Oliveira Lopes.

Do ponto de vista cultural, vão surgir em 1902 um grupo de teatro e o primeiro órgão informativo: jornal A Tesoura, manuscrito e de linha literária, crítica e noticiosa, editado pelo poeta e intelectual Benedito Pestana. Seu primeiro número circulou em 22 de abril de 1902, não se sabendo se houveram outras edições. Euterpe Altoense, a primeira banda de música de Altos, foi criada em 1916.

Somente passamos a contar com educação ministrada por professora formada em 1913, quando, a 03 de março, Maria do Ó Barros Barbosa, passou a lecionar na extinta Escola Mista de Altos. Na data de 30 de julho de 1915 foi instalado em Altos o primeiro aparelho de telefone para servir à comunidade.

No mês de junho de 1919 o censo registra a população altoense em duas mil almas.

Altos somente vai adquirir sua autonomia como cidade em 1922, através da Lei Estadual nº 1.041, de 18 de julho, sancionada pelo governador do Piauí, Dr. João Luís Ferreira, criando o Município e a Comarca de Altos, desmembrando sua área dos territórios de Teresina, Alto Longá e Campo Maior, compreendendo a antiga povoação desse nome, antigo São José dos Altos de João de Paiva.

A instalação solene de nossa cidade deu-se em 12 de outubro do mesmo ano, às 13 horas, na Casa da Intendência Municipal, tomando posse nesse dia o 1º Juiz de Direito, Dr. Odorico Jayme de Albuquerque Rosa; o 1º Intendente (Prefeito) Dr. Alfredo Gentil de Albuquerque Rosa e o vice-Intendente Manoel José de Almeida. Também nesse mesmo dia tomou posse a 1ª Câmara de Conselheiros (vereadores), formada por Antônio Ribeiro de Vasconcelos, Lourenço Saraiva Barbosa, José Tibúrcio do Monte, José Francelino de Morais e João Simeão da Silva, dentre outras autoridades. Todas as personalidades que compunham o poder Executivo e o Legislativo foram nomeadas, uma vez que a eleição municipal somente ocorreria em 16 de novembro de 1924, sendo no certame eleito o cidadão Lourenço Saraiva Barbosa como o primeiro escolhido pelo voto direto da população.

A partir de sua emancipação, a nova cidade experimenta sensível desenvolvimento, com a abertura de ruas, aumento da atividade comercial, construção do Mercado Público e outros melhoramentos. Mas vai ser somente em 1932 que teremos implantada a iluminação pública.

Vários outros fatos importantes se seguiram no correr dos anos, tornando nosso município o que ela é hoje: uma cidade próspera, mais organizada, mas que ainda carece de uma séria política de incentivo e planejamento para melhorar o bem-estar dos munícipes.

Para encerrar, destaco aqui mais duas estrofes de composições altoenses, sendo a primeira extraída do poema Ode a Altos, da magistral Ignês Sousa, e a outra o estribilho do nosso Hino Oficial, cuja letra é subscrita por Paulo Santos Rocha e Paulo Guedes, enaltecendo nossa altoensidade e nosso dever com a terra em que nascemos ou estamos radicados:

Eia! Avante, com garbo e harmonia,

Altoense! Ao trabalho, ao dever!

Pela glória da terra querida

Saberemos lutar e vencer.

Altos, a tua história

É tão singela, tem tradição

De homens abnegados

Que enfrentaram o desafio do sertão.

Hoje és força viva, atuante,

Brasileiros de uma nova geração;

A tua juventude, o grande alento,

É sangue novo nas artérias da nação.

Por Carlos Dias, professor e pesquisador



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