O Governo sou eu

O Governo sou eu

COMENTARISTA POLÍTICO | DIVULGAÇÃO
FACEBOOK WHATSAPP TWITTER TELEGRAM MESSENGER

Deusval Lacerda de Moraes

Pós-Graduado em Direito

Na Idade Moderna, nada mais sinalizou o açambarcamento total do poder do que o bordão ?O Estado sou eu?, dito pelo rei da França Luís XIV, também conhecido como ?Rei-Sol?, que governou com poderes obsolutos o povo francês durante 54 anos. Viveu no fausto, construindo o Palácio de Versalhes, símbolo do esbanjamento da realeza francesa, e que certamente contribuiu para o desencadeamento da Revolução Francesa, em 1789, com o lema: ?Liberdade, Igualdade e Fraternidade?, que desaguou na atual 5ª república francesa em que vigora o sistema parlamentarista-presidencialista.

De lá para cá, muita coisa mudou, sobretudo na evolução democrática ocidental. Porém, a democracia moderna começou com a Revolução Gloriosa da Inglaterra, em 1688, também chamada de ?Revolução sem sangue?, que marcou a afirmação do Parlamento do Reino Unido com a aprovação da Bill of Rights (declaração de direitos), acabando com as tentativas de instauração do absolutismo monárquico nas ilhas britânicas. Depois veio a Revolução Americana de 1776, que marcou a Independência dos Estados Unidos, proclamando o direito à independência e à livre escolha de cada povo e de cada pessoa, ou seja, criando a democracia americana.

O Brasil começou, em 1500, como colônia de Portugal, e tornou-se independente em 1822. Foi império até 1889. Com a proclamação da República, instaurou-se a República Velha até a Revolução de 1930, que levou Getúlio Vargas ao poder, quando instituiu o Estado Novo de 1937 a 1945. Com a redemocratização em 1946, o Brasil viveu no regime democrático até o golpe militar de 1964, que findou com a Nova República em 1985. Atualmente, o País goza da sua plenitude democrática com a Constituição Cidadã de 1988 que assentou as bases do Estado Democrático de Direito.

No sistema presidencialista pátrio, instalou-se o pluripartidarismo democrático, cujos partidos políticos são, numa conceituação simples, uma organização social que contém plataforma de ideias e princípios com vistas a chegar ao poder para exercê-lo em benefício de todos, através do governo, que é nada mais nada menos do que o núcleo diretivo do Estado, a gerência dos interesses estatais pelo exercício do poder político.

Arrimados nessas premissas, Lula e o Partido dos Trabalhadores (PT) assumiram compromissos com o povo brasileiro ao apresentar projeto visando à presidência da República em 2002, com a obtenção do crescimento sustentável por intermédio da expansão do mercado e do consumo internos, através das políticas públicas (fiscais, de crédito e abastecimento) para mobilizar a capacidade produtiva da indústria, agricultura e serviços. Também recuperação da infraestrutura, ampliando a oferta de serviços com o crescimento econômico, a redistribuição da renda e riqueza pela expansão da produção para consumo de massas, elevação do salário mínimo e subsídios de serviços essenciais.

Além do desenvolvimento de política agrícola dirigida a agricultura empresarial e de base familiar, com financiamento, transporte, armazenagem e apoio técnico. Bem como a prioridade para habitação popular, gerando empregos por meio de parcerias com a iniciativa privada e novos modelos de financiamento. Apoio à economia solidária nas áreas urbanas e nas rurais proporcionar meios de produção como terra, ferramentas, sementes, crédito e extensão agrícola. Implantação de cooperativas e banco do povo. Garantias para a frequência de todas as crianças nas escolas. Erradicar a fome em todos os seus aspectos. E política educacional que privilegie a cidadania e na saúde pública implantar o Sistema Único de Saúde (SUS) etc.

Nessa direção, o Piauí seguiu nos dois profícuos governos Wellington Dias (PT), cujas bandeiras foram prejudicialmente abandonadas pelo governo Wilson Martins. E para recuperarmos esse projeto de desenvolvimento econômico-social continuado pela presidente Dilma Rousseff, os três senadores Wellington Dias, João Vicente Claudino (PTB) e Ciro Nogueira (PP) se uniram em apoio à chapa majoritária de oposição nas eleições de 2014. Já os pré-candidatos do Karnak, oriundos do PMDB, PSB e PSDB, não têm projeto nacional para o Piauí, pois os peemedebistas apoiam Dilma e os socialistas e tucanos apoiam Eduardo Campos e Aécio Neves. Talvez em virtude dessa salada eleitoreira, em que configura ausência de rumo do Estado com a União, pesquisa mostra o fraquíssimo desempenho dos dois presidenciáveis contra o Palácio do Planalto.

Também o Jornal Diário do Povo de 28/1/2014 intitula matéria ?Wilson começa a definir cargos de aliados?, e depois diz: ?O governador Wilson Martins está se reunindo individualmente com cada um dos representantes dos partidos aliados, os que passaram a integrar a base de sustentação política do governo, para saber como será a participação deles na administração estadual?. E depois arremata: ?Wilson Martins se reuniu com o PSD para definir que pastas caberão ao partido, já que tem a Secretaria de Mineração. O PMDB quer dirigir a Secretaria de Justiça e Direito Humanos. O deputado Evaldo Gomes, presidente estadual do PTC, indicou o líder comunitário Scheyvan Lima para a direção da Fundac?.

A imperatividade que o governo do Piauí é para administrar as potencialidades do Estado concernente as suas necessidades de desenvolvimento em proveito da população em geral, está indo de água a baixo (sem trocadilho com a reunião debaixo da Ponte). Pois se levarmos em conta os fatos políticos-eleitorais precipitados desde o início de 2014, a administração estadual está servindo de cooptação de políticos para evitar que os descontentes saiam da base aliada e outros com tendências para a oposição se firmem do lado governista. No que concluímos: como é passado remoto o período monárquico do lema ?O Estado sou eu?, o que se observa agora, na vã tentativa oficial de apresentar pseudofortalecimento eleitoral, é que o governante piauiense, em pleno aprimoramento democrático, retroage ao anacronismo político da República Velha (1889-1930), época do Coronelismo, com formato disfarçado e extemporâneo do tipo ?O Governo sou eu?.



Participe de nossa comunidade no WhatsApp, clicando nesse link

Entre em nosso canal do Telegram, clique neste link

Baixe nosso app no Android, clique neste link

Baixe nosso app no Iphone, clique neste link


Tópicos
SEÇÕES