Singelas reflexões sobre Anísio de Abreu: homenagem a essa terra que tem sido a base para muitos sonhos

Singelas reflexões sobre Anísio de Abreu: homenagem a essa terra que tem sido a base para muitos sonhos

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O blogueiro, que nasceu antes da emancipação política de Anísio de Abreu, tem muitas lembranças sobre a realidade da cidade, há mais de 40 anos, quando ela tinha apenas 8 anos de fundação. Não conheceu o Sebastião Rodrigues, o grande articulador da fundação do município, mas vivenciou o núcleo urbano a fundo quando ele tinha cerca de 30 casas entre comércios e residências, além da cadeia pública e do grupo escolar Letícia Macêdo que foi inaugurado pelo então governador Helvídio Nunes de Barros em 1968.

Dois anos depois é que foram concluídos o mercado público, onde também eram realizadas as festas de junho, e onde hoje funciona o Fórum da Justiça, e o posto de saúde que permanece no mesmo local. Quanto à energia, conheceu a cidade com a luz do motor a óleo diesel que era operado pelo finado Zequinha e que foi instalado no prédio onde funcionava a prefeitura na Rua Jerônimo Belo. Quando a luz dava sinal às 21h45, era hora de todo mundo ir embora ou providenciar o lampião. Ia esquecendo. O registro de nascimento do blogueiro foi expedido pelo primeiro tabelião do distrito, o finado Osvaldo, filho do João Sabino, da Maristela. O finado Osvaldo morreu em um acidente. Ele pegou carona do lado de fora de boleia de um caminhão. Em certo ponto da estrada ele caiu e foi atingido pelo carro.

O blogueiro lembra que em meados da década de 1970, o misto foi o primeiro meio de transporte coletivo a operar na cidade com cobertura de proteção para os passageiros contra chuvas e frio. Antes, quem quisesse ir a São Raimundo, tinha que pegar carona na rural da prefeitura ou no jipe do Gercílio. O misto, de propriedade de um empresário de São Raimundo e que operava na linha até caracol diariamente, foi feito sobre um chassi e boleia de caminhão com dois eixos. Era parecido com este da foto, entretanto tinha um aspecto mais rústico e, para se chegar às cadeiras, era preciso subir vários lances de degraus feitos de tábuas.

(O misto que circulava em Anísio de Abreu era meio parecido com este que foi aperfeiçoado)

Quem achou estranha a história do misto, veja esta: O blogueiro, com uns 8 anos de idade, brincou no banco de areia que existia na avenida Capitão Manoel Luís, naquele trecho que compreende hoje as casas do Chico da Lolosa, do Gercílio, do Seu Quim, do Zé Bola, do Januca, do finado Franco Costa e do Auricélio. Lembra também das rixas e brigas que ocorriam entre a turma da Rua de Cima e a turma da Rua de Baixo. Eram os meninos do buchão. Geralmente a turna da Rua de Cima sofria tocaia no trecho onde ficava o Clube do Almir do Noé, o Clube Central e a praça Sebastião Rodrigues. Não tinha negócio de arma não. Era tudo na base do cascudo. Depois, com a chegada do Ginásio, isso acabou e todos podiam se reunir com tranqüilidade no Clube do Almir do Noé, que era comandado muito bem pelo Tião.

O blogueiro lembra de tantas coisas, que só caberiam em livro. Por isso vai priorizar as mais interessantes já que as pessoas não têm mais aquele tempo para uma leitura extensa. Por falar em clube e em diversão, em 1968, quando o Aurindo Batista era prefeito, o Zé Gonzaga, irmão do Luiz Gonzaga, e a cantora Marinês fizeram um show no pátio da cadeia de Anísio de Abreu. Eu tinha 8 anos de idade, mas lembro que os microfones foram amarrados lá em cima no caibro na área de acesso às celas. Os artistas ficaram de costas para as celas e o público se acomodou numas cadeiras colocadas no pátio. Tenho uma vaga lembrança de que essa foi a festa de inauguração do presídio local, que passou mais de 30 anos sem registrar um crime grave.

O blogueiro é da época da criação do primeiro ginásio cenecista, um marco na educação no município. É da época que os jovens se reuniam toda noite num bar ou numa churrascaria para conversar, fazer planos, beber 51 ou montila com fanta quando um amigo mais endinheirado pagava; também é da época dos grêmios estudantis, quando ocorriam as apresentações culturais no Letícia Macêdo, e depois um aluno era escolhido para fazer os comentários. Todos ficavam com medo de ser escolhidos. Era um sufoco. Engraçado é que uma vez eu, a Iracema do Alcidão e o Juvenal fomos escolhidos para cantar uma música do Ângelo Máximo. Não lembro o nome. Passamos uma semana ensaiando e na hora da apresentação, vi aquela multidão na frente, aí gelei. A voz não saia e quando vinha era uma negação. Ora grossa e ora fina demais. Trêmula mesmo. A Iracema tirou de letra, cantou bem, mas eu e o Juvenal estragamos tudo e o trio teve de voltar na semana seguinte.

As lembranças da época do futebol em Anísio de Abreu serão eternas. Na década de 1980, quando o Santo da Maria Eunice era técnico da seleção, o blogueiro começou a jogar na cidade, mas ficava mais tempo no banco de reservas. No entanto, participou de muitos jogos no São Braz, Bonfim, São Raimundo e Caracol. Vivenciou belas partidas junto com o saudoso Miltão, Salvador do Jerônimo, Paulo Henrique, o Xará Djalma Filho, Claudinei, Baleinha, Levi, Padre Roque, Nelsinho, Adalberto, Aurélio do Bonfim, Osimar, Raimundo do Honório e tantos outros. Mas desse período, o que mais me recordo foi quando o nosso grupo rompeu com a Seleção (Associação Atlética de Anísio de Abreu (AAAA)) e criou o time Francana. Achamos ótimo porque muitos passaram a ser titular em todas das partidas. Depois que criamos o Francana, a rivalidade com a seleção era acirrada. Pra nós, uma derrota para a AAAA, era como se o mundo tivesse acabado. Por isso, o time treinava muito para ter acertos 100% nos jogos. O melhor de tudo é que o pequeno Francana ficou famoso, o campo estava sempre lotado aos domingos e tudo terminou bem, apesar das muitas brigas com a arbitragem e direção da AAAA.

As lembranças sobre o Abrigo foram ventiladas pelo amigo do blogueiro, Adivaldo Nascimento. Ao meio-dia, a gente ia para o Abrigo deitar no chão frio e ler gibis do Tex (uma publicação que retratava o Oeste Americano), e à noite, ao som do antigo serviço de alto-falante, comandado pelo Santo da Mario Eunice, aquele monte de jovens subia para a cobertura para beber e namorar. Houve até o caso de um amigo nosso que, de lá de cima, urinou na cabeça de outro amigo da gente que estava embaixo conversando com umas meninas. Era tudo brincadeira. A gargalhada foi geral. Até hoje a gente sorri sobre isso.

São mais de 40 anos de vivência em Anísio de Abreu. Não dá para contar tudo. Mas com este pequeno texto, o blogueiro faz sua homenagem a esta terra que deu toda a base que ele precisou para se lançar a novos sonhos, mesmo sabendo das muitas limitações. Além do mais é a base de sua família (mãe, pai, irmãos(ãs)), de muitos amigos e de uma gente que vai à luta e que riscou do seu dicionário a palavra fraquejar.

Mesmo com as dificuldades que todo lugar do porte de Anísio de Abreu tem, a cidade cresceu muito ? tem hoje até uma indústria da área ceramista -, entretanto, o blogueiro externa uma preocupação com os jovens que se sentem meio sem perspectivas, dadas as poucas oportunidades oferecidas. O jovem quer muito mais, mas tem que lutar com ética, sem pisar em ninguém. Então, é hora de começar a se interessar mais pelos estudos. É hora do jovem ler mais. É o momento da juventude dialogar com o seu meio e enfrentar com coragem as dificuldades. O Jovem não nasceu para levar arma para escola e ameaçar os professores. O jovem nasceu para brilhar. O que está esperando, meu amigo?

Parabéns a todos.



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