Quinta-feira santa: A última ceia

Quinta-feira santa: A última ceia

A última ceia | Divulgação
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?Também vós deveis lavar-vos os pés uns aos outros?. Evitemos, também quanto a isto, neutralizar o significado do gesto e das palavras de Cristo, limitando-nos à celebração de um rito, tornado estéril, se não for símbolo das ações do nosso dia. Vivamos não apenas ritual, mas efetivamente uma Aliança realmente nova!

A reflexão é de Marcel Domergue, sacerdote jesuíta francês, publicada no sítio Croire, comentando as leituras da Quinta-Feira Santa (28 de março de 2013). A tradução é de Francisco O. Lara, João Bosco Lara e José J. Lara.

O ato de ?entregar?

Jesus não fica à espera de que os homens venham privá-lo do que é seu: da sua liberdade, da sua honra, da sua integridade física e, por fim, da sua vida. Surpreendendo a todos, ele entrega antecipadamente o que lhe vão tirar. Judas sairá à noite para entregá-lo. Mas, antes que o faça, Jesus se entrega a si próprio: ?Tomai e comei! Isto é meu corpo. Tomai e bebei! Isto é meu sangue?. E age da mesma forma para com todos os protagonistas de sua Paixão: os sumos sacerdotes irão entregá-lo a Pilatos para que o crucifique. Pilatos o entrega de volta, para que o crucifiquem. E, finalmente, o entregarão à morte. O verbo ?entregar? é utilizado por todos os evangelistas (por Mateus, sobretudo) em relação a todos os que, no relato, tomam alguma decisão, sem saber, contudo, que estão cumprindo ou consumando as Escrituras e que Jesus se antecipou a todos eles na Última Ceia: ?ninguém me tira a vida, pois sou eu quem a dou? (Jo 10,18). A última Ceia fornece, assim, a chave de toda a paixão e ficamos cientes de que a vida, uma vez dada, transforma-se em alimento do ser humano. E até mesmo que, segundo S. Irineu, o pão comum, provindo da criação, já era o corpo de Cristo. Deus já se entregava a nós no pão de nossas mesas.

Senhor que serve

A insistência de Paulo no ?fazei isto em memória de mim? poderia levar-nos a uma excessiva ritualização da vida cristã: bastaria, para sermos fiéis a Cristo, refazer os gestos da última Ceia, repetir as palavras pronunciadas por Jesus. É uma prática, de certo, salutar, por permitir-nos atualizar o evento, tornando-nos contemporâneos dele. Hoje, como sempre, temos necessidade de receber a vida que Deus nos concede. Refazer, no entanto, o que fez Cristo não consiste primeiramente em copiar seus gestos, mas em reproduzir em nós ?as atitudes que foram as de Cristo Jesus? (Fl 2,5) o qual ?deu sua vida por nós para que, também nós, demos a vida por nossos irmãos? (1Jo 3,16). A verdadeira forma de ?fazer memória? de Cristo é, portanto, amar. Eis porque, no evangelho segundo S. João, onde esperaríamos encontrar os gestos e as palavras pronunciadas sobre o pão e o vinho, vemos Jesus de joelhos ante os discípulos, a lavar-lhes os pés. Este gesto simbólico tem o mesmo significado do dom do pão e do vinho: se Deus, a quem chamamos Mestre e Senhor, se faz nosso servo, com maior razão, devemos pôr-nos, também nós, a serviço dos nossos irmãos.



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