Revista Veja, mostra o potencial de Pedro II lá fora

Revista Veja, mostra o potencial de Pedro II lá fora

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Recebi a confirmação do Jornalistada revita Veja de São Paulo Daniel Palmieri, confirmando a publicação da matéria que tratava da pesquisa feita com os Garçons de Pedro II, e estava a disposição no site da revista.

Daniel, esteve aqui em Pedro II, por ocasião do aniversário da cidade, dias 11 e 12 de agosto colhendo mais informações para a redação da matéria e nós tivemos a grata satisfação de acompanha-lo em algumas visitas as famílias desses profissionais que trabalham como Garçons em São Paulo.

Confira a matéria na íntegra:

?Nunca trabalhei em um lugar que não tivesse algum conhecido da terrinha?, diz Antonio Campelo, chefe da equipe, cuja trajetória ilustra bem a epopeia desses profissionais. Ele chegou aqui no fim da década de 80, após três dias de viagem chacoalhando em um ônibus. No primeiro ano, foi assaltado três vezes ao andar pelo centro com o dinheiro das gorjetas que recebia.

Sentia muita saudade da família, mas não desistiu. Apesar da experiência zero, logo arranjou serviço e entrou no mercado, trabalhando em casas como America, Piselli e Parigi. No emprego atual, ao qual já chegou como maître, contratou vários conterrâneos. Jaidan de Macedo, de 23 anos, é um deles. Dos seus nove irmãos, oito estão em São Paulo e atuam nessa área, que se, por um lado, é pródiga em oportunidades, por outro, requer disposição para jornadas de oito, nove, dez horas em pé, em geral com apenas uma folga semanal. ?A exigência é grande, mas vir para cá ainda é uma opção comum para os jovens?, conta Macedo. ?Muitos até me procuram no Orkut pedindo dicas.?

Difícil nos bastidores do Aguzzo é encontrar algum funcionário paulistano. ?Sou o único?, afirma o chef Alexandre Romano, nascido no Jardim Europa. ?Eles falam quase uma outra língua, e às vezes me pego repetindo para amigos expressões como ?sujeito boca aberta?, que quer dizer uma pessoa abobalhada?, diverte-se.

A diversidade de sotaques entre a turma das bandejas se repete em vários endereços. Um levantamento inédito feito por VEJA SÃO PAULO mostra quais são as pronúncias mais fortes desse mercado, que movimenta 8,6 bilhões de reais por ano (ou 2,4% do PIB local). No total, a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes calcula que 8.000 casas sirvam 1,2 milhão de pessoas diariamente na cidade.

A pesquisa da revista, realizada entre maio e julho, ouviu as 600 destacadas no Roteiro da Semana de Vejinha, que representam o que há de melhor nas mesas da metrópole. Dessas, 372 forneceram suas listas de funcionários do salão, do cumim (ajudante) ao maître (supervisor), com a respectiva idade e a localidade de origem. Segundo o levantamento, apenas 13% dos garçons nasceram por aqui.

Fora da capital, o lugar que mais fornece mão de obra é a região chamada de Cocais, no Piauí. A Pedro II da equipe do Aguzzo está no epicentro desse fenômeno, sendo o município fornecedor de 5,1% dos profissionais das nossas mesas.

Com 37.000 habitantes e localizada a 200 quilômetros da capital, Teresina, a cidade se tornou o equivalente no ramo culinário à mineira Governador Valadares para quem vai tentar a sorte nos Estados Unidos. As vizinhas Piripiri e Piracuruca também aparecem entre as dez mais do ranking. ?Com o sucesso de alguns pioneiros, cria-se rede de incentivos, como hospedagem e indicações de trabalho, para que outros daquela comunidade sigam o mesmo caminho?, explica a socióloga Sueli Siqueira, doutora em migração pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Entre os facilitadores, há até uma linha de ônibus fretado que vem direto da região dos Cocais rumo a bairros específicos de São Paulo, como Campo Limpo, na Zona Sul, onde muitos dos piauienses fixam morada. São 48 horas de viagem. A passagem sai por 180 reais para vir e 200 reais para voltar (no segundo caso, ela pode ser adquirida em um boteco da Rua Paim, na Bela Vista). Se comprada com dois meses de antecedência, a passagem aérea Teresina-Guarulhos custa pouco mais do que isso, mas no ônibus não há quase limite de bagagem, o que facilita a vida de quem está de mudança.

Na contabilidade por estados na pesquisa de VEJA SÃO PAULO, o mais expressivo é o Ceará, origem de 24,2% dos entrevistados. É de lá, de Cruz, no interior do estado, que vem o garçom José Caubi Araujo, de 35 anos, do requintado franco-italiano La Tambouille, no Itaim. ?Aprendi muito, formei família e fiz amigos, mas comecei a guardar dinheiro para voltar?, diz ele, que chegou a São Paulo aos 18 anos. Seu objetivo é comprar uma boa caminhonete para transportar turistas estrangeiros em praias como Jericoacoara. Mas 400 reais do que recebe por mês já estão comprometidos. É quanto ele envia a cada trinta dias à sua terra. Com metade dessa quantia, consegue encher a despensa de comida para sua mãe e a sobrinha que mora com ela.



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