Por Ailon Santos Vogado: O pranto de quem um dia sorriu... Rio Gurguéia

Por Ailon Santos Vogado: O pranto de quem um dia sorriu... Rio Gurguéia

Rio Gurgueia | Ronaldo Figueiredo
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Da abundante água fria, de tom avermelhado, à poeira seca expelida pelas areias degradadas pelo efeito ?homem?, sobrou penas uma história triste pra se comentar, sem muito ou quase nada poder fazer.

A vida já não é tão prazerosa quando se relata um passado triste, e pode ser insuportável quando se vive um presente triste de uma dura realidade que já foi tão prazerosa...

Era assim o nosso rio: um recepcionista luxuoso, convidativo, atraente, banhado por abundantes águas doce, de tom avermelhado, que deslizavam sobre um enorme tapete de areias cristalinas, festejava o tempo inteiro com seus ilustres moradores.

Era também protegido pelas florestas marginais de plantas frutíferas, e principalmente pelo homem quando um dia foi menos perverso.

Nascido entre as serras Alagoinhas e Santa Maria, no Sul de Corrente PI lentamente cresceu, levando muito tempo até a construção de preciosos 532 km de caminho, por onde repetitivamente passaria muitíssimos anos até chegar a exaustão.

Em bons tempos de glórias oferecia aos seus visitantes, além de um delicioso banho e água fria para saciar a sede, um enorme banquete de alimentos no qual podíamos servir-nos a vontade.

Do pecado de várias espécies a frutas comestíveis, facilmente encontradas nas matas protetoras do seu leito, também um habitat natural de muitos animais silvestres que já foram sacrificados pelo homem.

Contávamos ainda enormes áreas de terras fertilizadas e adubadas por ele em período chuvoso para ricas plantações fora de época ? a chamada vazante.

Tudo isso não bastou! O tempo passou e em compensação o homem lhe devolveu: insultos e agressões, despiu suas vestes, foram covardes, queimaram e exterminaram seus moradores, mandou embora seus visitantes; e lá está ele seco, desolado, abandonado!

E o homem? Cada vez mais covarde! Como se já não bastasse, agora usam máquinas, retro-escavadeiras com força descomunal, num requinte de crueldade para sangrar o seu leito em busca das últimas gotículas de sangue de quem praticamente já está morto.

Numa expressão calada, parece lá no fundo enxergarmos um sentimento de dor que rapidamente nos faz entender o quanto fomos covardes, a ponto de fazermos tanto mal a quem um dia só nos fez o bem.

É duro imaginar que num futuro breve estaremos procurando em livros de acervo bibliotecário ou em páginas de redes sociais a biografia desta joia sem valor que nasceu num céu, padeceu num inferno e está morrendo no abandono.

E a nossa consciência...????



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