Valor de quiosque do governo dá para comprar 12 casas no estado de São Paulo

Valor de quiosque do governo dá para comprar 12 casas no estado de São Paulo

Quiosque em Coronel José Dias | Andre Pessoa
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Metro quadrado da obra no Piauí é de R$ 9.582, valor equivalente ao cobrado em áreas nobres de SP

Por R$ 20 mil é possível comprar uma casa de 100 m² num lote de 300 m² na cidade de Coronel José Dias, a 550 quilômetros ao sul de Teresina. Mas um quiosque de 25 m² poderá custar aos cofres públicos R$ 239,5 mil, ou R$ 9.582 o metro quadrado, valor equivalente ao cobrado em áreas nobres de São Paulo ou Brasília.

Até o senador Wellington Dias (PT-PI), então governador do Piauí quando a obra começou, admite que a situação de Coronel José Dias "é constrangedora" e "motivo de vergonha". A cidade, próxima a duas das principais entradas do Parque Nacional da Serra da Capivara, tem 4.541 habitantes, dos quais cerca de 2 mil na área urbana e o restante em 13 comunidades rurais. A sede não comporta nove quiosques - por coincidência, o número de vereadores da cidade.

Mesmo assim, o governo do Estado decidiu fazê-los. Oito deles começaram a ser levantados ao longo da BR-020 no trecho de cerca de 1 quilômetro que corta a cidade. O outro fica na Praça São Pedro, distante 600 metros.

Para os nove quiosques, mais a urbanização da Praça São Pedro, foram destinados R$ 2,15 milhões, dos quais R$ 1,39 milhão do Ministério do Turismo. A vencedora da licitação foi a Construtora Fênix, que não deu conta de terminar os quiosques.

Estão todos abandonados, servindo de banheiro público sem que tenham nenhuma das instalações sanitárias prontas. Procurada pelo Estado, a construtora não quis se manifestar.

"Não tem gente para frequentar tanto boteco", disse o lavrador aposentado José Pereira dos Santos, de 72 anos. Ele contou que a empresa chegou, arrebanhou cerca de 50 trabalhadores locais, começou a obra e não pagou os salários. Já o secretário de Infraestrutura de Coronel José Dias, Jonas Oliveira, afirmou que os trabalhos foram suspensos logo após a eleição do ano passado, que elegeu Wilson Martins (PSB) governador e Wellington Dias senador. "Foi um caso típico de uso de uma obra para a eleição", disse ele.

O governo do Piauí informou ao Estado que vai romper o contrato e fazer nova licitação, além de mandar refazer todo o serviço, porque as obras estão fora da especificação. "Vamos cancelar o contrato", disse o secretário de Infraestrutura do Piauí, Sílvio Leite. "Já pagamos R$ 650 mil para a construtora e estamos devendo R$ 125,8 mil. Mas só repassaremos o dinheiro se a empresa substituir o material que usou na obra", disse.

Com informações do Estadão



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