Na noite do último sábado (01), o Teatro G3 Telecom, no Centro de Convenções de Teresina, recebeu de forma inédita o espetáculo "Raimunda Pinto, Sim Senhor", a peça criada há 30 anos é estrelada por grandes nomes do teatro piauiense. A trama conta a história de Raimunda, uma cearense pobre com lábio leporino que venceu na vida mas antes passando por muitos momentos engraçados.
Com data de estreia no ano de 1992 a peça foi um estrondo na cena teatral piauiense, ela já percorreu de norte a sul do país levando o público às gargalhadas em mais de 1000 apresentações, dando ao espetáculo o título de recordista em exibições. Francisco Pelé, ator que interpreta Raimunda, destaca a felicidade de comemorar esses feitos ao longo dos 30 anos, no palco do Teatro G3 Telecom.
“É uma grande alegria voltar e logo em palco novo, mais um espaço para cultura e para o teatro piauiense e claro com Raimunda Pinto comemorando seus 30 anos. Ela volta agora mais potente, com mais vida e apesar do tempo de exibição a peça continua agradando um novo público, é um grande prazer e uma grande alegria estar aqui com esse espetáculo”, destacou.
A peça faz parte da tetralogia “RAIMUNDA, RAIMUNDA” que foi criada em homenagem à atriz Fernanda Montenegro. O eixo geográfico da trama é instável, em uma das icônicas cenas, Raimunda está a bordo do Enola Gay, avião responsável por soltar a bomba atômica que arrasou as cidades de Hiroshima e Nagasaki.
A peça conta com mais de vinte personagens que são interpretados por oito atores que deixam ela ainda mais dinâmica, a equipe se completa com três músicos que fazem a incrível sonoplastia dando um toque especial na experiência. Responsável por três personagens da trama, Amauri Jucá, ícone do humor piauiense, revela que era fã do espetáculo desde a sua estreia, até que recebeu o convite para integrar o elenco.
“Eu faço 3 personagens na peça, o palhaço goiabinha, o costureiro e o playboy. O espetáculo é maravilhoso, o meu processo é assim, eu já era fã de carteirinha de Raimunda Pinto e quando recebi o convite em 1998 eu fiquei muito feliz de poder integrar a peça e aqui estou comemorando esses 30 anos de sucesso”, disse.
Apesar de escrita há cerca de 50 anos “Raimunda Pinto, Sim Senhor” traz pontos consigo que deixam a obra com cara de atual. Arimatan Martins, diretor do Grupo Harém de Teatro, responsável pela peça, explica que muita coisa mudou no decorrer dos últimos 30 anos, mas o espetáculo continua sendo autêntico e pretende alcançar cada vez o público mais novo.
“A cada momento é um enredo, uma narrativa diferente, ela foi escrita em 1972 por um dos maiores autores piauienses e veio para o teatro 20 anos depois, em 1992. Ela aborda inclusão, prostituição, corrupção, crise moral, guerra, gênero, mulher preta, então ela traz todo um arcabouço de assuntos. É uma peça super atual e tem a importância maior ainda em trazer essas questões para um novo público, mostrar para os jovens que não existe uma sociedade se ela não se constrói em cima de uma história e Raimunda Pinto é história”, destaca.
Com 3 décadas de história, a peça trouxe consigo a criação de novas memórias e também novos amores, como foi o caso da enfermeira Roselia Sena e seu esposo Mauro Cardoso, eles eram apenas namorados quando assistiram pela primeira vez, ainda nas primeiras exibições, e agora voltam ao teatro para assistir ao espetáculo casados e com a filha Priscila.
Uma das falas da peça virou até piada entre o casal o “E ai moreno quer uma uva” ainda leva, mesmo depois de tanto tempo, o casal a gargalhadas. “Voltar aqui é muito emocionante a gente nem sabia, nossa filha que falou pra gente”, disse ansiosa para relembrar todos os momentos cômicos do espetáculo agora com a família.
A exibição da peça faz parte do projeto "Piauí em Cena" realizado com apoio da Coordenadoria da Juventude do Piauí (COJUV) e do Governo do Estado do Piauí.
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