Polícia detém mais de 200 após novo protesto contra tarifa em SP

PM usou bombas de borracha e gás para impedir chegada à Av. Paulista. Governo de SP diz que vai apurar se policiais militares cometeram abusos.

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Jornalistas ficaram feridos durante o protesto | Diego Zanchetta/Estadão Conteúdo
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O quarto dia de manifestações contra o aumento da tarifa do transporte público na capital paulista terminou com mais de 200 detidos na noite desta quinta-feira (13). Quatro permaneciam presos na manhã desta sexta-feira (14). Manifestantes voltaram a entrar em confronto com a polícia. Jornalistas foram levados para a delegacia e outros atingidos por balas de borracha. Um grupo pichou ônibus e bancas de jornais.

A manifestação começou por volta das 17h em frente ao Theatro Municipal, no Centro de São Paulo. Enquanto lojistas fechavam as portas para evitar depredação, a Polícia Militar prendia dezenas para averiguação. Segundo a PM, foram apreendidos coquetéis molotov, facas e maconha. De acordo com a delegada Vitória Lobo Guimarães, at é o início da madrugada, 198 pessoas haviam sido detidas e encaminhadas ao 78º DP, nos Jardins. Todos foram liberados. Quatro vão responder termo circunstanciado; três deles por porte de entorpecentes e um por resistência à prisão. Outras cinco pessoas foram levadas para o 1º DP.

O ato ocupou a Rua Xavier de Toledo, o Viaduto do Chá e seguiu pela Avenida Ipiranga. Ao menos duas pessoas foram presas na esquina das avenidas Ipiranga e São Luís por causa da depredação e pichação de um ônibus.

Os manifestantes, cerca de 5.000 segundo a PM, usavam máscaras e narizes de palhaço. ?Não aguentamos mais sermos explorados?, dizia uma das faixas.

A Cavalaria da PM uniu-se ao Choque na Rua Maria Antônia, onde começaram os confrontos. A Universidade Mackenzie, que fica na esquina, fechou as portas.

Segundo o major da PM Lídio, o acordo era para que os manifestantes não subissem em direção à avenida Paulista, o que não foi cumprido. ?Se não é para cumprir acordo, aguentem os resultados?, disse.

Os manifestantes tentaram subir a Rua da Consolação, por volta das 19h15, e houve dispersão. Parte seguiu até a Avenida Paulista, que voltou a ser interditada por volta das 21h30. Uma parte do grupo fez barricada uma com objetos queimados na Rua Fernando de Albuquerque.

A polícia avançou com balas de borracha e gás lacrimogêneo sobre os manifestantes, que revidaram jogando pedras e garrafas em direção aos PMs.

O jornal "Folha de S.Paulo" diz que teve 7 repórteres atingidos no protesto, entre eles Giuliana Vallone e Fábio Braga, que levaram tiros de bala de borracha no rosto. Um cinegrafista foi atingido com spray de pimenta no rosto por um policial.

Um jornalista da revista "Carta Capital" e um fotógrafo do portal "Terra" foram levados para o 78º DP, nos Jardins, na Zona Sul da cidade, mas foram liberados por volta das 19h30. Outros detidos relataram terem sido levados à delegacia por portarem vinagre e spray.

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, reafirmou no início da noite que não pretende rever o reajuste nas passagens dos transportes. "O valor será mantido porque está muito abaixo da inflação acumulada", afirmou. A tarifa de ônibus, metrô e trens de São Paulo subiu de R$ 3,00 para R$ 3,20 no começo do mês.

"A Polícia Militar atuou dentro dos preceitos constitucionais para garantir o direito de livre manifestação, contudo é seu dever assegurar os direitos de toda a população, incluindo-se o direito de ir e vir. É totalmente descabida qualquer declaração de que a PM tenha agido com o intuito de insuflar a violência", informou a corporação em nota.

O secretário de Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que determinou a apuração de possíveis abusos por parte da Polícia Militar durante a repressão aos manifestantes.

A Anistia Internacional mostrou ?preocupação com o aumento da violência na repressão aos protestos contra o aumento das passagens de ônibus no Rio de Janeiro e em São Paulo?. ?Também é preocupante o discurso das autoridades sinalizando uma radicalização da repressão e a prisão de jornalistas e manifestantes, em alguns casos enquadrados no crime de formação de quadrilha?, disse em nota.



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