Amarildo foi torturado por pelo menos 13 policiais, diz investigação do MP

Além dos dez PMs que já estão presos, mais três teriam participado de sessão de tortura na sede da UPP da Rocinha.

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Investigações sobre a morte do ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, na Rocinha, confirmam a participação direta de mais três policiais militares, além dos dez que já estão presos, em sessão de tortura na sede da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da comunidade. Mais um policial militar confirmou o crime em depoimento nesta sexta-feira ao Grupo de Atenção Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público. Com este, já são três os depoimentos de PMs que estavam de plantão na noite em que Amarildo foi levado pelos policiais da UPP.

Os promotores do Gaeco esperam ainda que outros policiais que estavam na unidade na noite do crime prestem esclarecimentos sobre suas próprias condutas. Até agora, as investigações já comprovaram a presença de 26 policiais na unidade. As novas denúncias levaram o MP a descobrir que havia um Grupo Tático de Polícia de Aproximação, com três policiais. Um deles, um sargento, teve a voz reconhecida por uma testemunha, como um dos homens que gritavam com Amarildo.

Até agora, dez policiais estão presos acusados de tortura seguida de morte. Entre eles, o ex-comandante da UPP, major Edson Raimundo dos Santos, e o ex-subcomandante, tenente Luiz Felipe de Medeiros. Nos próximos dias, o MP deve oferecer nova denúncia, para incluir os novos denunciados.

Já as investigações da 8ª Delegacia Judiciária da Polícia Militar apuram o crime de sequestro. Segundo relatório da Divisão de Homicídios (DH), com base em 133 depoimentos, o sequestro de Amarildo foi planejado em reunião na base da UPP entre o major Edson Raimundo dos Santos, o tenente Luiz Felipe de Medeiros e soldado Douglas Roberto Vital, chamado de Cara de Macaco.

Depois de dois dias de iniciada a ?Operação Paz Armada?, no início da noite de 14 de julho, num domingo, uma informante de Vital ligou às 18h05m para informar que ouvira uma conversa de Amarildo com traficantes e que o pedreiro estaria de posse de uma chave do paiol de armas e informando que ele estaria em no bar do Júlio, no beco do Cotó, na região da Roupa Suja, junto com outros traficantes armados.

Diante da informação, o major Edson determinou então que Vital e os policiais do seu Grupo de Policiamento de Proximidade fossem ao local, com apoio do grupo do sargento e que trouxessem o ajudante para ser ?trabalhado? (interrogado à base de tortura), na unidade. No local, para disfarçar o sequestro, Vital simulou ligar para o comandante para checar se Amarildo estaria na lista de mandados de prisão e depois, afirmou na presença de testemunhas que a determinação oficial era levar o ajudante de pedreiro para verificação. Essa ligação, no entanto nunca ocorreu.

Assim que o Amarildo chegou na base da UPP, o tenente Medeiros determinou aos 11 policiais administrativos que estavam no plantão que aguardassem dentro de um dos contêineres. Do lado de fora, pelo menos 13 policiais, entre eles o próprio major e o tenente, participaram da sessão que levou à morte o ajudante. Além deles, pelo menos duas policiais mulheres, secretárias dos oficiais, também permaneceram na unidade.



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