Computador do 'Faraó dos Bitcoins' guarda R$ 400 milhões em criptomoedas

A preocupação da PF é que, se Glaidson for solto, ele possa fazer um backup da Dash Core e, com a senha, sacar as criptomoedas e desaparecer com elas.

Faraó dos Bitcoins se recusa a fornecer senha do seu computador onde guarda R$ milhões | Reprodução
FACEBOOK WHATSAPP TWITTER TELEGRAM MESSENGER

Após a Operação Kryptos, em agosto de 2021, um notebook foi apreendido e permanece guardado na Superintendência da Polícia Federal (PF) no Rio de Janeiro. Dentro dele está uma Dash Core, uma carteira de criptomoedas chamadas "dash", avaliada em aproximadamente R$ 400 milhões pelos técnicos da PF. No entanto, a senha para acessar essa carteira está em posse de Glaidson Acácio dos Santos, conhecido como o "Faraó dos Bitcoins", que insiste em não fornecê-la aos policiais, mesmo com a possibilidade de um acordo para reduzir sua pena.

Quando uma autoridade tentou negociar o fornecimento da chave de acesso à carteira, Glaidson foi logo argumentando: "É a minha aposentadoria, doutor". É importante ressaltar que o valor dessa carteira é mais do que o dobro dos 591 bitcoins apreendidos na residência de Glaidson durante a operação Kryptos. Na época, essas moedas foram estimadas em R$ 147 milhões e foram encontradas em duas carteiras. 

A preocupação da PF é que, se Glaidson for solto, ele possa fazer um backup da Dash Core e, com a senha, sacar as criptomoedas e desaparecer com elas. Vale ressaltar que a Dash é considerada uma das 10 mil criptomoedas que encontra-se em circulação. No começo, chegou a ser lançada para atrapalhar a rastreabilidade em transações obscuras, sendo mais comumente usada no ambiente da dark web. No entanto, ela ganhou maior transparência e confiabilidade após passar por uma recente reformulação. Enquanto está parada, como é o caso da carteira de Glaidson, ela chega a render o equivalente a 6% ao ano.

Para quem não sabe, a Dash Core, que pode ser baixada em computadores pessoais, oferece a vantagem de dispensar a necessidade de custodiar criptomoedas em corretoras especializadas. O proprietário pode guardar os valores em um software que é criptografado através de uma senha. Normalmente, ao criar uma carteira, é gerado um backup. Isso permite que, caso o computador seja danificado ou perdido, o proprietário possa recuperar o saldo e fazer saques. No entanto, se o backup for perdido e o acesso à carteira original não for possível, as dashs ficarão retidas permanentemente.

Os valores e bens que foram apreendidos durante a Operação Kryptos, excluindo as dashs, chegaram a ser estimados no valor de R$ 400 milhões. Esses itens estão sob custódia da 3ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro há quase dois anos, onde está tramitando o processo judicial relacionado aos crimes contra o sistema financeiro nacional. Entre os réus estão Glaidson, conhecido como o "Faraó", sua esposa Mirelis Zerpa e outros 15 envolvidos.

A juíza Rosália Figueira, responsável pela 3ª Vara, expressou sua intenção de decretar a perda dos bens e valores apreendidos por considerá-los provenientes de atividades ilícitas. No entanto, em um ofício enviado à juíza no dia 22, a magistrada Elizabete Longobardi, da 5ª Vara Empresarial da Justiça estadual, onde ocorre um processo de falência contra a empresa de Glaidson, a GAS Consultoria Bitcoin, solicitou a transferência dos bens para que os mesmos sejam liquidados e assim usados para compensar os cerca de 80 mil clientes prejudicados.

O Escritório Zveiter, responsável pela administração da massa falida da GAS, está trabalhando para evitar que os bitcoins e outras criptomoedas sob posse da organização liderada por Glaidson sejam vendidos sem a autorização da Justiça. Em 25 de agosto de 2021, logo após a prisão do "Faraó", Mirelis Zerpa, que está atualmente foragida, conseguiu remotamente sacar cerca de R$ 1 bilhão em criptomoedas.



Participe de nossa comunidade no WhatsApp, clicando nesse link

Entre em nosso canal do Telegram, clique neste link

Baixe nosso app no Android, clique neste link

Baixe nosso app no Iphone, clique neste link


Tópicos
SEÇÕES