Policiais civis de S.Paulo são investigados por suspeita de participação no tráfico da Cracolândia

Polícia prendeu suspeitos de tráfico em ação na tarde de quinta-feira

Ação da Polícia Civil terminou em prisões e tumulto na Cracolândia | Estadão Conteúdo
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A Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo investiga a participação de policiais civis no tráfico de drogas da Cracolândia, segundo a Secretaria da Segurança Pública. (SSP).

O órgão não informou quantos policiais são investigados ou qual tipo de envolvimento os profissionais teriam com o tráfico no Centro da capital.

Na tarde de quinta-feira (23), por volta das 15h, agentes do Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc) fizeram uma ação para prender traficantes na região. Cerca de 30 suspeitos foram levados para averiguação, segundo a assessoria de imprensa da Polícia Civil.

A polícia informou que quatro pessoas detidas continuam presas na tarde desta sexta-feira (24) e três delas já tinham passagem pela polícia por tráfico de drogas.

De acordo com a Polícia Civil, houve resistência por parte dos suspeitos e de usuários de drogas. Os policiais contam que foram atacados com paus e pedras e que três carros do Denarc foram depredados. Um policial teria ficado ferido ao levar uma paulada e foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) para fazer exame de corpo de delito, segundo o Denarc.

Segundo a reportagem da Rádio CBN, usuários de crack relataram o uso de bombas de efeito moral na abordagem policial. Tanto a Prefeitura de São Paulo quanto a Polícia Militar disseram não terem sido avisadas previamente sobre a ação.

A delegada e diretora do Denarc, Elaine Maria Biasoli, alegou que a ação policial na Cracolândia que terminou em prisões e tumulto ocorreu "dentro da legalidade".

"O Denarc não possui bala de borracha. Nós temos, sim, munição antimotim para intimidar. É bomba de efeito moral, só", disse. A SSP informou que, no relatório enviado ao secretário estadual da Segurança Pública, Fernando Grella, os agentes do Denarc não relataram ter usado balas de borracha durante a operação.

Por meio de sua assessoria, o Denarc disse que as prisões não fazem parte de uma operação específica, mas integra as ações rotineiras que o departamento já faz para combater o tráfico de drogas na região. Para essas ações, o Denarc afirmou que não costuma pedir apoio de outras forças policiais. Desde o dia 1º de janeiro, pelo menos 33 suspeitos de tráfico já foram detidos na região da Cracolândia, segundo a assessoria do departamento.

Braços Abertos

O programa Braços Abertos, da Prefeitura de São Paulo, busca oferecer emprego para usuários de crack. Ao apresentar o projeto no começo do mês, o prefeito Fernando Haddad havia criticado ações violentas e "higienistas" já adotadas contra os usuários de drogas na região.

No total, a p´refeitura ofereceu 400 vagas para que os dependentes químicos trabalhem em atividades de zeladoria em praças. Com a iniciativa, os usuários deixaram barracos nas calçadas nas ruas Helvétia e Dino Bueno e se mudaram para cinco hotéis da região.

O custo por pessoa para a prefeitura será de cerca de R$ 1.215 mensais por participante, incluindo os valores que serão pagos com os hotéis. Os participantes terão direito a café da manhã, almoço e jantar pelo programa Bom Prato.

Os dependentes que tiverem companheiros ficarão em um quarto. No caso dos solteiros, ficarão hospedados em quartos com três ou quatro pessoas, segundo a prefeitura.

Apesar do foco no trabalho, a ação é voltada e comandada pela área da saúde. O atendimento se dará especialmente no equipamento denominado Braços Abertos, instalado na região. Equipes do programa Consultório de Rua, que são vinculadas à UBS Santa Cecília e fazem abordagem aos usuários, continuarão os trabalhos.

Nota da prefeitura

Confira abaixo o posicionamento oficial da administração municipal:

"A administração municipal foi surpreendida pela ação policial repressiva realizada hoje na região da Cracolândia pelo Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc), da Policia Civil.

A Prefeitura repudia esse tipo de intervenção, que fez uso de balas de borracha e bombas de efeito moral contra uma multidão formada por trabalhadores, agentes públicos de saúde e assistência e pessoas em situação de rua, miséria, exclusão social e grave dependência química. A "Operação de Braços Abertos" é uma política pública municipal pactuada com o governo estadual, que preconiza a não-violência e na qual a prisão de traficantes deve ser feita sem uso desproporcional de força.

Agentes da Prefeitura trabalham há seis meses para conquistar a confiança e obter a colaboração das pessoas atendidas. A administração reafirma seu empenho na solução deste problema da cidade e manifesta sua preocupação com este tipo de incidente, que pode comprometer a continuidade do programa. E expressou essa posição diretamente ao Governo do Estado.

Secretaria de Comunicação

Prefeitura de São Paulo"



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