Defesa de Monique questiona: “Vai morrer abraçada a Jairinho?”

Monique, mãe do menino Henry, trocou de advogado e acusará vereador para tentar ser inocentada

Monique muda advogado de defesa | Tânia Rêgo
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Monique Medeiros da Costa e Silva, a mãe do menino Henry, morto após sofrer várias agressões, trocou o advogado de defesa e vai acusar o médico e vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho (sem partido), seu companheiro, até então.

Ao ser contratado pela família para representar a professora diante da Polícia Civil e da Justiça, o advogado Hugo Novais argumentou que a estratégia de defesa deveria ser alterada. Ele conta que, para justificar a sua opinião, perguntou à mãe do menino Henry: “Você vai querer morrer abraçada a Jairinho?”. A resposta que ouviu foi o estopim para a professora e o vereador tomarem caminhos opostos na tentativa de saírem da cadeia.

"Monique não quer acusar ninguém. Quer apenas se defender. Passou informações diferentes para a polícia em seu primeiro depoimento. A família optou em contratar uma defesa para que ela não seja responsabilizada por algo que não fez. Ela não concorda de modo algum com o que aconteceu. Pelo contrário, está sofrendo pela morte do filho e por seguir presa pelo que não fez — argumenta Novais. — Com a separação da defesa de Monique e do vereador, isso vai ficar mais claro. Ela não vai morrer abraçada a Jairinho", disse o advogado.

A professora e o vereador eram representados pelo advogado André França Barreto, contratado por Jairinho. Mas notícias e comentários em redes sociais levaram a professora a pensar que não estava sendo defendida de maneira correta. Ela se incomodou ao ser retratada como suposta cúmplice de um assassinato. E, ainda na época em que estava em liberdade, enviou uma mensagem ao marido para se queixar.

“Vou procurar outro advogado. Sabe por quê? Porque ele é o seu advogado, não o meu”, escreveu, para completar: “Se for para defender alguém, será você, não a mim”. “Estou embrulhada com tantos comentários que estou lendo ao meu respeito”, finalizou Monique.

"Havia um domínio da situação por parte dele. A família de Monique entendeu que ela não era defendida. A nossa estratégia é que, agora, Monique diga a verdade", afirma o advogado.

O menino Henry Borel, de 4 anos, morreu no dia 8 de março em um apartamento onde morava com a mãe e o padrasto: o vereador do Rio de Janeiro, Dr. Jairinho. O laudo de necropsia do Instituto Médico-Legal (IML) indicou que a criança sofreu 23 ferimentos pelo corpo e a causa da morte foi “hemorragia interna e laceração hepática”. 

Monique muda advogado de defesa e quer provar inocência | foto: Tânia Rego /Agência Brasil

Conclusão do inquérito

Hugo Novais diz ter como provar que Monique era uma “mãe amorosa”. O advogado quer convencer a polícia a ouvir um outro depoimento de sua cliente — chegou, inclusive, a recorrer ao Ministério Público para tentar garantir um segundo relato da professora ao delegado Henrique Damasceno, titular da 16ª DP (Barra da Tijuca) e responsável pela condução do inquérito sobre a morte de Henry. No entanto, para investigadores, há fatores que pesam contra uma nova convocação dela para esclarecimentos.

Em primeiro lugar, um segundo depoimento de Monique atrasaria o inquérito — em entrevista à rádio CBN, o diretor do Departamento da Polícia da Capital, delegado Antenor Lopes, disse que há provas suficientes para a investigação do caso ser concluída hoje. Em segundo, investigadores consideram que o material coletado ao longo da apuração deixa claro que Monique foi conivente com supostas agressões de Jairinho ao seu filho.

Desse material, fazem parte trocas de mensagens que haviam sido apagadas do celular de Monique, mas que foram recuperadas por peritos. Nelas, a mãe de Henry foi informada pela babá Thayna de Oliveira Ferreira sobre torturas que o menino sofria. Além disso, a professora teria dado orientações para que o conteúdo sobre os atos de violência fosse deletado.

O advogado Hugo Novais argumenta que, assim como a babá e a empregada doméstica da família, que foram ouvidas duas vezes pela polícia, Monique teria sofrido pressões de Jairinho e se sentia ameaçada. Ele sugere que sua cliente fale numa videoconferência, para agilizar os trabalhos.

Entre os pontos que seriam destacados em um eventual novo depoimento, Monique faria relatos de agressões que teria sofrido de Jairinho, evidenciando ainda mais que sua relação com o vereador deu lugar a uma batalha por liberdade na qual só um deles pode chegar à vitória.



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