Delegado pede a prisão dos dois suspeitos da morte de cinegrafista

A prisão preventiva pedida pelo delegado é por tempo indeterminado.

Fabio Raposo e Caio Silva de Souza | Divulgação
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A Polícia Civil do Rio informou nesta sexta-feira (14) que o delegado titular da 17ª DP (São Cristóvão), Maurício Luciano, entrega, às 15h, na 8ª Promotoria de Investigação Penal do Ministério Público, o inquérito que investigou a morte do cinegrafista Santiago Andrade. O delegado pediu ainda para que as prisões de Fabio Raposo e Caio Silva de Souza, suspeitos de serem os responsáveis pelo ocorrido, sejam convertidas de temporária para preventiva.

Fábio foi preso no domingo (9) na casa dos pais, no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste e Caio na quarta-feira (12), em uma pousada em Feira de Santana, na Bahia. Ambos estão com prisão temporária de 30 dias decretada. A prisão preventiva pedida pelo delegado é por tempo indeterminado.

Na quinta-feira (14), o delegado ouviu os últimos depoimentos do caso. Segundo ele, um colega de Caio Silva de Souza do Hospital Rocha Faria, onde o suspeito trabalhava como auxiliar serviços gerais, contou na delegacia que no dia 6, durante o protesto em que o crime ocorreu, Caio telefonou por volta das 19h30, ofegante, dizendo que tinha feito besteira e matado um homem.

O delegado explicou que a denúncia contra os dois suspeitos continua sendo por homicídio doloso eventual ? quando a intenção não é direta, mas o autor assume o risco de matar. "O dolo se divide em dolo direto e eventual. Eles estão no eventual. Os dois fizeram um trabalho em conjunto, em comunhão de esforços, não importando quem acendeu", declarou Luciano, se dizendo "satisfeito" ao saber que a promotora que vai receber o inquérito teria dito que, no entendimento dela, o caso também se enquadra em dolo eventual.

Financiamento

O inquérito sobre o suposto financiamento de grupos e participação de partidos políticos no protesto não será feito pelo delegado Maurício Luciano. A afirmação foi feita por ele durante a entrevista coletiva na quinta-feira. "O que nós temos aqui são provas robustas de testemunhas e materialidade do crime. Essa investigação não pode ser contaminada. Não posso trazer ingredientes políticos para cá", explicou.

Caio, de 22 anos, negou em depoimento ter acendido o rojão que causou a morte de um cinegrafista e jogou a culpa em Raposo, de acordo com reportagem do jornal "Extra" (leia aqui). A versão difere do que o suspeito havia afirmado horas antes à TV Globo na Bahia, onde foi preso. Em entrevista à reporter Bette Lucchese, ele disse que acendeu o rojão junto com Raposo. "Acendi, sim", admitiu o jovem.

Ao site, o advogado Jonas Tadeu Nunes, que representa a defesa de Caio Silva de Souza e também de Fábio Raposo, declarou na quinta-feira (13) que, se o depoimento de Caio for incluído no inquérito policial, o documento pode ser anulado.

?Se esse depoimento estiver nos autos desse inquérito, esse inquérito terá que ser anulado. Ele se reservou o direito de permanecer calado. Então, ele só poderia prestar esclarecimento em juízo. E, se esse depoimento foi pra esse inquérito, foi dopado de vício, porque violou o direito constitucional, que é um direito dele de permanecer calado e também viola o estatuto dos advogados. Ele teria o direito de me convidar e eu iria de imediato para lá, mas isso não aconteceu. Se aconteceu dessa forma e foi para os autos, é uma barbárie?, disse.

No entanto, de acordo com a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), investigados podem ser ouvidos em um inquérito sem a presença de advogados.

Mulher desabafa

A mulher do cinegrafista, Arlita Andrade, fez um desabafo no domingo (9), em entrevista exclusiva à TV Globo, e disse que "falta amor" às pessoas responsáveis por ferir gravemente seu marido. A declaração foi dada antes da divulgação da morte cerebral dele. "Eles destruíram uma família. Uma família que era unida, muito unida mesmo", lamentou Arlita.

Além da mulher, Andrade deixa uma filha e três enteados.

Velório e cremação

Santiago foi atingido na cabeça por um rojão quando registrava o confronto entre a Polícia Militar e manifestantes há uma semana na Central do Brasil, no Centro do Rio. Ele sofreu um afundamento do crânio, foi submetido a uma cirurgia e passou quatro dias internado no Centro de Terapia Intensiva (CTI) do Hospital Municipal Souza Aguiar. Na segunda-feira (10), teve morte cerebral, e a família decidiu doar os órgãos do cinegrafista.

O corpo dele foi velado e depois cremado na manhã de quinta-feira (13) no Memorial do Carmo, no Caju, Zona Portuária. Na cerimônia, colegas de trabalho da Rede Bandeirantes e familiares estiveram presentes. Em homenagem, funcionários da emissora usaram uma camiseta com uma imagem em que o cinegrafista aparece filmando do céu.



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