Detento perguntou se pedreiro iria se suicidar ao ouvir barulho de tecido sendo rasgado

Para os presos, o pedreiro teria planejado a própria morte

Morte de pedreiro em cela | Divulgação
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Presos e policiais devem ser ouvidos na investigação sobre a morte do pedreiro Adimar da Silva, suspeito de assassinar seis jovens em Luziânia (GO). O corpo de Silva foi encontrado no domingo (18), na cela onde ele estava preso, em Goiânia. Por segurança, ele estava isolado.

Para os presos, o pedreiro teria planejado a própria morte. Eles disseram que, na tarde de sábado (17), ouviram o barulho de um tecido sendo rasgado. ?Um amigo meu perguntou: "não vai se suicidar, né, Adimar?" Ele falou: "não vou fazer isso"?, disse o preso Ricardo Gonçalves da Silva.

Pouco depois das 12h de domingo, o barulho da água do chuveiro caindo sem parar despertou a desconfiança e os presos chamaram o agente.

Segundo a polícia, o pedreiro teria feito uma corda com tecido do colchão e amarrado em uma grade de ventilação no alto da cela. ?Quem fez isso tinha muito paciência. É um trabalho demorado, caprichado?, afirmou a perita Iracilda Coutinho Itacarambi.

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Considerado um homem perigoso e que poderia despertar o ódio de outros presos pela brutalidade dos crimes que praticou, Adimar da Silva era mantido isolado desde que foi preso, há uma semana. Ficava sozinho em uma cela da delegacia de repressão a narcóticos. Era responsabilidade do Estado garantir a integridade física dele.

Para a Polícia Civil de Goiás, não houve falhas. ?A todo momento, os agentes entram na cela para levar alimentação, para levar água?, diz a delegada Renata Chein.

As circunstâncias da morte do pedreiro vão ser investigadas pela Corregedoria da Polícia Civil. ?Todas as informações são importantes, mas o que vai nos dizer com todas as letras se realmente houve um suicídio é o exame pericial?, comentou o corregedor Sidnei Costa e Souza.

Confissão

O pedreiro Adimar da Silva foi preso e, segundo a polícia, confessou o assassinato de seis adolescentes que desapareceram entre dezembro de 2009 e janeiro deste ano, em Luziânia. Os corpos foram encontrados depois que ele indicou o local.

O primeiro crime aconteceu uma semana depois de o pedreiro ter sido solto da cadeia. Ele estava preso acusado de pedofilia e ganhou o direito de cumprir pena em regime aberto, mesmo tendo um mandado de prisão contra ele por tentativa de homicídio e um laudo psiquiátrico que indicava que ele poderia voltar a cometer crimes.

Para as famílias dos seis adolescentes, a notícia da morte de Adimar trouxe alívio e indignação. ?Ele tinha muito para revelar. Como nós falávamos, alguém o ajudou. Pode ter sido queima de arquivo?, disse a irmã de Márcio Lopes, Lúcia Maria Lopes. ?Eu queria que ele pagasse na prisão?, comentou a mãe do Paulo Victor, Sônia Vieira. ?Ele tinha que sofrer mais para pagar. Ele não pagou nada?, afirmou a mãe do Diego Rodrigues, Aldenira Alves de Souza.

Investigações

Além da polícia, dois promotores do Ministério Público de Goiás acompanham a investigação da Corregedoria. Alguns presos foram ouvidos no domingo. Depoimentos de policiais devem ser colhidos nesta segunda-feira (19).

O corregedor da Polícia Civil Sidnei Costa e Souza disse que vai pedir exames detalhados das vísceras do pedreiro. O laudo do Instituto Médico Legal (IML) sobre a morte dele deve ser liberado em, no máximo, 30 dias.

Após a morte do pedreiro, o presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ophir Cavalcante, se manifestou sobre esse caso. ?O sistema penitenciário brasileiro precisa passar por uma revisão, o mais rápido possível. É necessário que esse sistema dê dignidade ao penado, o recupere para a sociedade. Vivemos um momento em que o sistema está falido. É necessário que haja uma atuação firme do Estado, através de política pública para reinserção social e de resgate da credibilidade do sistema carcerário?, disse.



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