Estudante africano é preso por roubo e amigos falam sobre discriminação

Segundo a Polícia Civil, o jovem foi detido em flagrante. Defensor público diz que pode ter ocorrido discriminação racial no caso

Avalie a matéria:
|
FACEBOOK WHATSAPP TWITTER TELEGRAM MESSENGER

Um estudante africano que faz intercâmbio na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) foi preso após um churrasco de confraternização de alunos, em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio. Nascido em Guiné-Bissau, Delmar N"Taquina Lopes Siga, de 22 anos, está no Rio de Janeiro há 10 meses estudando arquitetura.

A festa aconteceu na quinta-feira (15) passada. O jovem saiu sozinho do churrasco e disse que iria voltar para casa. Mas, de acordo com registro de ocorrência feito na delegacia da Taquara (32 DP), o estudante foi preso em flagrante por um policial civil quando tentava roubar o celular de uma mulher na Estrada do Pau Ferro. Ainda segundo o R.O., momentos antes de ser surpreendido, Delmar teria roubado outro celular. De acordo com a polícia, o universitário estava com dois aparelhos e foi reconhecido pelas duas vítimas.

Mas o jovem africano apresentou outra versão. Delmar contou que foi pedir informações em um ponto de ônibus e uma mulher, que estava com celular na mão, ficou assustada. Naquele momento, um policial civil passou pelo local e achou que se tratava de um assalto. "Ele não é bandido. A gente passa fome, mas jamais vai roubar aqui. Isso vem da base da nossa educação na África", afirmou Maurício Camilo da Silva, outro estudante de Guiné-Bissau que também faz intercâmbio na UFRJ.

A Secretaria de Administração Penitenciária informou que Delmar está na Cadeia Pública Juíza Patrícia Acioli, em São Gonçalo. A UFRJ não foi comunicada oficialmente sobre a prisão. Após receber a notícia de amigos de Delmar, a universidade entrou em contato com o Itamaraty e a Embaixada de Guiné-Bissau no Brasil foi procurada.

Diretora da Divisão de Integração Acadêmica da UFRJ, Rosiléia Damasceno afirmou que está preocupada com a integridade física do estudante. "Ele também precisa de assistência jurídica. Nossa preocupação é levar roupa, material de higiene pessoal, um pouco de dignidade." Nesta terça-feira (20), o advogado Felipe Lima, da Defensoria Pública, vai entrar na Justiça com pedido de liberdade provisória. "Pode ter sido um caso de discriminação, mas vou conversar com o estudante pessoalmente para saber o que realmente aconteceu", explicou.

Delmar veio para o Brasil para fazer o curso completo de arquitetura na UFRJ. O intercâmbio faz parte do Programa de Estudantes-Convênio de Graduação, parceria entre os ministérios das Relações Exteriores e da Educação que oferece vagas para cidadãos de países em desenvolvimento.



Participe de nossa comunidade no WhatsApp, clicando nesse link

Entre em nosso canal do Telegram, clique neste link

Baixe nosso app no Android, clique neste link

Baixe nosso app no Iphone, clique neste link


Tópicos
SEÇÕES