Familiares de desaparecidos falam de angústia em busca de informações

Maioria das crianças desaparecidas é menina de famílias de baixa renda

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Um dos maiores temores dos pais é o desaparecimento de seus filhos. E esse medo tem fundamento: em São Paulo somem pelo menos duas pessoas por hora. 40% delas têm menos de 18 anos. A reportagem do Jornal Hoje acompanhou o drama de algumas mães e constatou que o trabalho de busca aos desaparecidos é muito difícil: há pessoas que se perdem, outras fogem de casa e há os que não querem ser encontrado.

Desde que a filha de 11 anos desapareceu de dentro de casa, há 3 meses, a rotina da empregada doméstica Marluci Osana é buscar informações. A menina estava sozinha em casa e simplesmente sumiu. ?Ela não fugiu. Deixou celular carregando, ficaram as roupas delas?, afirma a mãe. Enquanto ela estava em um centro comercial de São Paulo distribuindo cartazes, em outro ponto da cidade a polícia encontrava o corpo de uma adolescente assassinada. A mãe foi à delegacia. Viu fotos, mas não teve certeza se era ou não a menina.

No estado de São Paulo, a cada meia hora uma pessoa desaparece. Quase a metade tem menos de 18 anos. Para a família, fica uma angústia desesperadora e uma série de perguntas. Em lugares de grande movimento, basta um descuido, para que se perca alguém. A filha de Ivanise Esperidião da Silva desapareceu há 14 anos em uma avenida, na Zona Oeste de São Paulo.

Faltavam dois dias para o Natal. Ela e uma amiga voltavam de um aniversário. A pouco menos de 200 metros da casa de Ivanise, as duas se separaram. Fabiana nunca mais foi vista. Para a mãe, restaram as dúvidas. ?Como é que pode alguém desaparecer tão próximo de casa e ninguém ter visto nada. Como será que está minha filha hoje, com 28 anos??, questiona.

Jocélia Mendes dos Santos estava trabalhando em dezembro do ano passado. O filho passou o dia na creche, foi levado pela mesma vizinha e deixado com o padrinho, que costumava ficar com ele até a mãe chegar. Segundo o padrinho, naquele dia, Fábio queria brincar com os amigos. O padrinho não deixou e foi preparar o banho do garoto. Quando voltou, o menino de 4 anos tinha desaparecido.

A polícia dá prioridade aos casos que envolvem crianças porque muita gente desaparece por vontade própria. ?É desaparecimento por dívida, problemas mentais ou [pessoas] que querem mudar de vida e não querem nenhum contato?, afirma o delegado Antonio de Olim. Ivanise procurou a filha em bairros de São Paulo, municípios do interior do estado, da Bahia e do Rio de Janeiro. E Nada.

Em 14 anos, ela acompanhou as mudanças nas buscas por desaparecidos. Hoje, a internet agiliza as comunicações, programas que envelhecem fotos ajudam a reconhecer crianças que mudaram de fisionomia, bancos de DNA tiram qualquer dúvida. Ivanise fundou a ONG Mães da Sé, já ajudou a encontrar mais de duas mil crianças, mas acha que a sociedade precisa estar mais atenta ao problema. ?Se eu tivesse enterrado minha filha, eu teria me acostumado com a ideia de que nunca mais vê-la. O que vai te matando aos pouquinhos é a incerteza.?

Incerteza que ganhou mais um capítulo na história de Marluce. Ela foi ao Instituto Médico-Legal (IML) para ver o corpo encontrado pela polícia que poderia ser o da filha dela. ?Não é o corpo dela, vou ter que continuar procurando?, afirma, chorando.

Segundo a ONG Mães da Sé, a maioria das crianças desaparecidas é menina e tem menos de 18 anos. A maior parte é de famílias de baixa renda - em oito mil casos, só três são de classe média. E, curiosamente, a criança não some no meio de uma multidão como a gente pensa, mas, sim, perto de casa.



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