Goleiro Bruno está muito “chateado” com acusações do amigo Macarrão, diz advogado

Macarrão disse em interrogatório que “pressentia” que Eliza ia morrer.

Bruno está na cadeia e só será julgado em 2013. | Reprodução
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O advogado do goleiro Bruno Fernandes, Lúcio Adolfo, disse que o atleta ficou "decepcionado" e "muito chatiado" ao saber das declarações do amigo Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, durante o júri pelo desaparecimento e morte de Eliza Samudio. O defensor, junto com Francisco Simim e Tiago Lenoir, foi à Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, para contar a Bruno sobre o interrogatório de Macarrão, que foi dado na sala do júri até as 4h desta quinta-feira (22).

"Reagiu com tristeza, mas entendeu que Macarrão está pressionado", disse o advogado. E completou que "Ficou chateado, decepcionado, pela amizade que existia entre os dois". Adolfo disse, porém, que Bruno "não chorou".

Os três chegaram às 11h30 desta quinta-feira (22) à carceragem da penitenciária Nelson Hungria para conversar com o goleiro. Macarrão relatou à juíza no terceiro dia do júri que não sabia o que iria acontecer com Eliza, mas que "pressentia" que a jovem seria morta.

De acordo com Adolfo, o goleiro ainda não sabe que Macarrão disse ter levado de carro a ex-amante do jogador até um local indicado por ele e que tinha certeza que ela seria morta. "Vamos conversar com o Bruno agora, ainda não comunicamos a ele", relata.

Terceiro dia

A terceira sessão do júri do caso Eliza Samudio, que durou da manhã de quarta-feira até a madrugada desta quinta-feira (22) no Fórum de Contagem, em Minas Gerais, foi marcada pelo interrogatório do réu Macarrão, que disse ter levado Eliza de carro até um local indicado pelo goleiro, em Belo Horizonte, onde a jovem entrou em um Palio de cor escura. "Ele ia levar ela para morrer", afirmou Macarrão sobre a ordem recebida.

Ele disse ainda que alertou Bruno sobre o que poderia acontecer, mas que o goleiro pediu para ele largar "de ser bundão". "Falou que era para deixar com ele", disse o réu antes de começar a chorar no plenário.

Na manhã de quarta-feira (21), o réu Bruno teve o julgamento desmembrado e adiado para 4 de março de 2013, por decisão da juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues, atendendo pedido de sua defesa. Lúcio Adolfo, novo advogado de Bruno após a saída do defensor Francisco Simim, alegou não conhecer o processo.

O júri também encerrou a fase dos depoimentos de testemunhas de acusação e de defesa. Duas pessoas foram ouvidas na quarta: Sônia Fátima de Moura, mãe de Eliza, e Marcos Vinícius Borges, amigo de infância de Macarrão. A pedido da advogada da ex-namorada de Bruno, Fernanda Castro, também foram exibidos depoimentos em vídeo de José Roberto, caseiro do sítio de Bruno em Esmeraldas (MG), e de Gilda Maria Alvez, mulher dele.

O promotor Henry Wagner Vasconcelos de Castro exibiu ainda, durante cerca de uma hora e 40 minutos, reportagens de diversos veículos de comunicação sobre o caso. Os jurados acompanharam atentos, mas demonstraram sinais de cansaço devido ao longo tempo de júri.

O julgamento, que teve início com cinco réus, segue com apenas dois acusados: Macarrão e Fernanda. Ele é acusado de homicídio triplamente qualificado, sequestro e cárcere privado e ocultação de cadáver. Ela é acusada de sequestro e cárcere privado de Eliza e de Bruninho, filho que a vítima teve com o goleiro.

Dos cinco réus que começaram o júri popular, apenas dois seguem no julgamento: Macarrão, amigo de Bruno, e Fernanda, namorada do goleiro na época dos fatos.

A Promotoria acusa o jogador, que era titular do Flamengo, de ter arquitetado a morte da ex-amante, em crime ocorrido em 2010, para não ter de reconhecer o filho que teve com Eliza nem pagar pensão alimentícia. Bruno, sua ex-mulher Dayanne Rodrigues e o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, tiveram o júri desmembrado pela juíza Marixa e serão julgados em 2013.

"Não sou esse monstro"

Antes de falar ao júri, Macarrão ouviu a leitura da denúncia contra ele e disse para juíza que a acusação "em partes é verdade" e que ele não falou, em depoimentos anteriores, tudo que sabia sobre Eliza. "Quero deixar bem claro para a senhora que eu não sou esse monstro que as pessoas colocaram", disse Macarrão. "E hoje eu vou falar tudo que a senhora queira ouvir da minha boca e colaborar com a verdade dos fatos".

Macarrão disse que Bruno conheceu Eliza Samudio durante uma orgia e que, tempos depois, o goleiro contou que achava que a jovem estava grávida. O réu afirmou que não levou Bruno a sério, mas que o goleiro iria encontrar Eliza para conversar. Meses mais tarde, Bruno retomou o assunto e confirmou que "a garota estava grávida mesmo".

O réu disse que Bruno estava estranho ao telefone, no dia 10 de junho de 2010, e que o jogador pediu que ele levasse Eliza Samudio até um ponto da Pampulha, onde teria uma pessoa esperando por ela. "Ele falou que ia...", começou a contar. "Antes de dizer o que ele ia fazer, eu quero dizer que eu disse pra ele deixar aquela menina em paz".

Mais tarde, questionado se estava mais aliviado por contar o que aconteceu, Macarrão respondeu: "Eu guardei tudo isso. Eu não aguentava mais, eu não sou esse monstro que todo mundo colocou [...] Se tem alguém aqui que acabou com a vida, foi ele [Bruno] que acabou com a minha vida".

"Graças a Deus eu tirei esse fardo carregado há dois anos das minhas costas. Eu não quis prejudicar ninguém nesse processo", disse Macarrão ao final do interrogatório.



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