Inquérito: Macarrão, amigo de Bruno, falou com Bola 10 vezes no dia do crime

As provas técnicas foram utilizadas para indiciar Bruno e outras oito pessoas envolvidas no sequestro e morte da estudante

Caso Eliza | Divulgação
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O ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, e Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, conversaram ao telefone pelo menos dez vezes na noite de 9 de junho, data que a Polícia Civil afirma que a estudante Eliza Samudio, mãe do suposto filho do goleiro Bruno Souza, foi assassinada. Segundo uma fonte policial ligada às investigações, a polícia encontrou ainda no computador de Macarrão um arquivo de texto com uma espécie de contrato que o amigo e braço direito de Bruno teria apresentado a Eliza quando ela estava sob cárcere privado no sítio do jogador.

As provas técnicas foram utilizadas para indiciar Bruno e outras oito pessoas envolvidas no sequestro e morte da estudante e estão incluídas no relatório de 1,6 mil páginas do inquérito que o delegado Edson Moreira, chefe do Departamento de Investigação de Homicídios (DIHPP) de Belo Horizonte (MG), entregou ao Ministério Público de Contagem nesta sexta-feira.

A quebra do sigilo telefônico dos suspeitos, autorizada pela Justiça, possibilitou o rastreamento das ligações feitas por Macarrão e Bola, na noite de 9 de junho. A dupla teria conversado mais de dez vezes durante um período de oito horas. As ligações tiveram duração variada, mas algumas ultrapassaram cinco minutos. No mesmo dia Bola também teria ligado para um telefone celular corporativo da Polícia Militar mineira, mas a pessoa que recebeu a chamada não foi identificada na apuração.

A equipe que investigou o desaparecimento e morte de Eliza já sabia das conversas entre Bola e Macarrão antes do relatório sobre o sigilo telefônico ser anexado ao inquérito. Em um dos depoimentos que prestou, o adolescente J., 17 anos, primo de Bruno, disse que viu Macarrão ligando para o ex-policial depois que eles voltaram da casa dele em Vespasiano (MG). O amigo e secretário de Bruno teria perguntado a Bola se ele já tinha terminado o serviço, se referindo, acreditam os policiais, ao sumiço do corpo de Eliza.

Além dos carros, imóveis e outros bens, os computadores de Eliza e de alguns dos envolvidos também foram periciados pelo Instituto de Criminalística da Polícia Civil.

No computador de Macarrão os peritos encontraram um arquivo que havia sido deletado da pasta original, mas não do disco rígido do aparelho. O documento de texto é uma espécie de contrato que Macarrão teria apresentado a Eliza já quando ela estava sob cárcere privado no sítio.

O teor do documento, que também foi anexado ao inquérito, é para a polícia mais uma prova de o crime foi premeditado pelos suspeitos. Segundo a polícia, desde 4 de junho, dia em que Eliza foi sequestrada em um hotel do Rio de Janeiro e levada com o filho para a casa do goleiro na capital fluminense, a intenção dos indiciados era trazê-la para Minas Gerais com a falsa promessa de que ela receberia um apartamento em Belo Horizonte e o filho teria a paternidade reconhecida pelo jogador.

O caso

Eliza desapareceu no dia 4 de junho, quando teria saído do Rio de Janeiro para Minas Gerais a convite de Bruno. No ano passado, a estudante paranaense já havia procurado a polícia para dizer que estava grávida do goleiro e que ele a agrediu para que ela tomasse remédios abortivos. Após o nascimento da criança, Eliza acionou a Justiça para pedir o reconhecimento da paternidade de Bruno.

No dia 24 de junho, a polícia recebeu denúncias anônimas dizendo que Eliza havia sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. Durante a investigação, testemunhas confirmaram à polícia que viram Eliza, o filho e Bruno na propriedade. Na noite do dia 25 de junho, a polícia foi ao local e recebeu a informação de que o bebê apontado como filho do atleta, de 4 meses, estava lá. A atual mulher do goleiro, Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, negou a presença da criança na propriedade. No entanto, durante depoimento, um dos amigos de Bruno afirmou que havia entregado o menino na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves, onde foi encontrado. Por ter mentido à polícia, Dayanne Souza foi presa. Contudo, após conseguir um alvará, foi colocada em liberdade. O bebê foi entregue ao avô materno.

Enquanto a polícia fazia buscas ao corpo de Eliza seguindo denúncias anônimas, em entrevista a uma rádio no dia 6 de julho, um motorista de ônibus disse que seu sobrinho participou do crime e contou em detalhes como Eliza foi assassinada. O menor citado pelo motorista foi apreendido na casa de Bruno no Rio. Ele é primo do goleiro e, em depoimento, admitiu participação no crime. Segundo o delegado-geral do Departamento de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DIHPP) de Minas Gerais, Edson Moreira, o menor apreendido relatou que o ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola ou Neném, estrangulou Eliza até a morte e esquartejou seu corpo. Ainda segundo o relato, o ex-policial jogou os restos mortais para seus cães.

No dia seguinte, a mulher de Bruno foi presa. Após serem considerados foragidos, o goleiro e seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, acusado de participar do crime, se entregaram à polícia. Os três negam participação no desaparecimento. A versão do goleiro e da mulher é de que Eliza abandonou o filho. No dia 8, a avó materna obteve a guarda judicial da criança.



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