“Já perdoei quem fez isso”, diz pai de Joaquim sobre a morte de seu filho

Menino de 3 anos foi achado morto no Rio Pardo no dia 10 de novembro.

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Joaquim ao lado do pai Arthur Paes | Arquivo Pessoal
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O produtor de eventos Arthur Paes, pai do menino Joaquim Ponte Marques, de 3 anos, disse na tarde desta terça-feira (19) que já perdoou o responsável pelo desaparecimento e pela morte do filho em Ribeirão Preto (SP). Paes concedeu entrevista coletiva na cidade, no hotel onde costumava se hospedar nos finais de semana que passava com Joaquim. "Eu perdoo. Já perdoei a pessoa que fez isso. Acho que acima de tudo essa pessoa precisa de muita oração, luz e de perdão", afirma.

O pai de Joaquim afirmou que manterá a mesma opinião mesmo após a conclusão do inquérito da Polícia Civil e a provável divulgação dos culpados pelo crime. "Minha reação vai ser e sempre será a mesma. Acho que não é preciso pregar o ódio, pregar a raiva. Não é assim. A gente vive em uma sociedade, onde há leis a serem cumpridas. Se errou, vai ter que pagar", diz.

Joaquim desapareceu de dentro de casa, no bairro Jardim Independência, em Ribeirão Preto (SP), na madrugada de 5 de novembro e foi encontrado morto cinco dias depois, no Rio Pardo. A mãe Natália Ponte e o padrasto Guilherme Longo estão presos temporariamente, considerados suspeitos de envolvimento no sumiço e na morte da criança. Eles alegam inocência.

Durante a entrevista, Paes preferiu não fazer comentários a respeito das investigações e da suspeita em torno de Natália e Longo no sumiço de Joaquim. O produtor de eventos agradeceu pelas manifestações populares e pelo apoio que recebeu desde que chegou a Ribeirão, e afirmou que a partir de agora quem responde por ele é seu advogado, Alexandre Durante. "Daqui para a frente, tudo o que as pessoas quiserem perguntar é meu advogado que responde. Confio plenamente no trabalho dele e da polícia", afirma.

Perfil agressivo de Guilherme

Indagado sobre as declarações de Natália sobre o perfil agressivo de Guilherme, Paes disse que nunca soube nada a respeito, e que somente tinha conhecimento de que ele já tinha enfrentado problemas com entorpecentes. "Se eu soubesse dessas coisas, eu pegaria o primeiro carro, o primeiro avião e viria buscar meu filho. Se soubesse que ele tinha voltado a usar drogas ou encostado um dedo nas crianças, ou até mesmo na Natália, eu tiraria meu filho de lá", diz.

O pai de Joaquim também comentou a mudança visível nos depoimentos de Natália antes e depois do corpo do menino ter sido encontrado. "Acho que ela podia estar com medo. Não acompanho muito isso, na verdade. Parei de acompanhar porque tenho que tocar minha vida, dar um foco. Mas é um pouco estranho, não é? Depois que o meu filho aparece é que ela começa a falar?", indaga.

Lembranças

Paes relembrou os dias que passou em Ribeirão Preto e afirmou que em momento algum perdeu a esperança de encontrar o filho vivo. "Tive esperança até o último minuto. Infelizmente não o encontrei da forma como queria ter encontrado. Só desisti quando realmente vi o corpo do Joaquim", conta.

O pai do menino evitou falar sobre suspeita e não culpa ninguém pelo desaparecimento e morte de Joaquim, mas voltou a afirmar que Natália e Longo sabem o que aconteceu na noite em que a criança sumiu de casa. "Quem pode responder isso são eles", afirma.

Saudade

O produtor de eventos descreveu sua convivência com Joaquim como os "melhores três anos" de sua vida. "Cada minuto que eu passava com ele era maravilhoso. Deus me proporcionou os melhores três anos e meio da minha vida. Estou ciente do que aconteceu e que meu filho não volta mais. Agora preciso retomar minha vida. Sei que é impossível esquecer um filho. Estou muito triste, muito magoado, mas o tempo que o Joaquim passou comigo foi um tempo de luz. Uma parte de mim eu perdi. Mas a vida continua", diz.

Ao se recordar do último final de semana que passou com Joaquim -nos dias 26 e 27 de outubro-, Paes relata que foi a primeira vez que teve que aplicar insulina no filho sozinho. "Sofri bastante. É duro ter que segurar seu filho para dar injeção. Mas foi maravilhoso. Demos muita risada, nadamos, tomamos sorvete dietético. Agora sinto falta de tudo. Da presença, do abraço, do cheiro, da risada. O jeito de ele dormir, de ele andar, falar, comer. De tudo", desabafa.

Para Paes, Joaquim deixou uma mensagem de amor, alegria, carinho e respeito. "Quem teve a oportunidade de conhecer o Joaquim sentiu isso. Agora sei que ele está bem. Acho que Deus estava contando as estrelas no céu, deixou cair uma e disse: "você está aqui, agora volta para cá, seu lugar é aqui". E o pegou de volta", conclui.

Investigação

Na tarde de segunda-feira (18), a juíza Isabel Cristina Alonso dos Santos, da 2ª Vara do Júri e de Execuções Criminais de Ribeirão Preto, indeferiu o pedido de revogação da prisão temporária do padrasto do menino Joaquim, Guilherme Longo. O advogado de defesa, Antônio Carlos de Oliveira, disse que entrará com pedido de habeas corpus no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP).

Longo e a mulher permanecem presos temporariamente e prestaram novos depoimentos na Delegacia de Investigações Gerais também na tarde de segunda-feira. Eles foram ouvidos em salas separadas, e segundo o delegado, as declarações do casal são consideradas importantes para o andamento das investigações. Castro, no entanto, não deu detalhes sobre o conteúdo dos depoimentos.

O caso

O promotor que acompanha o caso, Marcus Túlio Nicolino, afirmou que a polícia e o Ministério Público continuam trabalhando com ?a linha de que o assassino estava dentro da casa?.

A polícia suspeita que Joaquim, que era diabético, tenha recebido uma alta dosagem de insulina, e que teria o levado à morte. Segundo o Instituto Médico Legal (IML), não é possível determinar a causa da morte da criança. As únicas lesões encontradas no corpo do menino foram na pele, em razão dos dias em que foi arrastado pelo rio. De acordo com o laudo, não foi encontrada água nos pulmões de Joaquim, o que indica que não houve afogamento.

O delegado aguarda o resultado dos testes toxicológicos feitos nos órgãos da criança e que devem ficar prontos em 20 dias. Para especialistas, a morte causada por excesso de insulina pode não ser detectada nos exames, já que o hormônio é rapidamente processado pelo organismo.

Segundo a polícia, nos depoimentos prestados até agora o casal apresenta contradições. Natália descreve um perfil agressivo do marido e diz que ele sentia ciúmes dela e do enteado. Ela conta que já foi ameaçada de morte por Longo e que ele castigava Joaquim. Sobre a relação do casal, Natália afirma que desde janeiro os dois começaram a se desentender.

No entanto, Longo nega as agressões e ameaças, e diz que não é uma pessoa ciumenta. Ele afirma que tinha um bom relacionamento com Joaquim e que era muito carinhoso com o menino. Segundo ele, o relacionamento com Natália começou a ter um desgaste em setembro deste ano, quando ela descobriu que ele havia voltado a usar cocaína.



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