Jovem acusa engenheiro de estupro: “forçou anal, sem camisinha”; mensagens!

“Não queria mais, doía muito. Eu gritei, chorei e ele não parou”, relata a estudante. O acusado foi preso, mas já foi liberado.

Jovem acusa engenheiro de estupro: 'forçou anal, sem camisinha' | Reprodução
FACEBOOK WHATSAPP TWITTER TELEGRAM MESSENGER

A estudante de agronomia Gabriela Souza, de 22 anos, procurou a delegacia de Cruzeiro do Sul, no interior do Acre, para denunciar o engenheiro civil André Anderson Martins, de 24, por estupro. Ela conta que ele a forçou a ter relação sexual sem preservativo.

Gabriela diz que se relaciona com o engenheiro desde o ano passado e mantinha uma dependência emocional com ele. Apesar de morar em Guajará (AM), tudo aconteceu enquanto ela passava uns dias na casa de uma amiga no interior do estado. Ele chegou a ser preso e encaminhado ao Presídio Manoel Neri ainda na sexta-feira (21), mas foi liberado nesse sábado (22).

Ela conta que em setembro ocorreu o primeiro abuso sexual. “Foi quando eu disse que estava menstruada e não queria fazer sexo, mas, mesmo assim, ele me forçou. Na época não percebi que era abuso. Em novembro, ele foi para Rio Branco, a gente terminou por mensagem, mas manteve contato como amigo”, relembra.

Estudante relatou o abuso em mensagens e denunciou o engenheiro (Foto: Reprodução)

A estudante assume que sempre trocavam mensagens de teor íntimo, já que os dois tinham se relacionado. Além disso, ela alega que vivia um relacionamento abusivo e sempre que acontecia algo, o engenheiro pedia desculpas e ela perdoava. Além de tudo, tinha medo dos julgamentos.

“Em janeiro, ele voltou para Cruzeiro do Sul, foi até minha casa e foi quando ocorreu o segundo abuso. A gente não estava mais junto, eu disse que não faria sexo com ele, mas acabou acontecendo. Ele tampou minha boca, me forçando a fazer sexo anal, sem camisinha. Depois voltou para Rio Branco”, revela.

Depois desse episódio, ela conta que ficou quase dois meses sem menstruar e pensava estar grávida. Com isso, manteve um certo contato com Anderson mandando mensagens até o teste de gravidez, feito em fevereiro, ficar pronto. Depois disso, o engenheiro teria dito à estudante que estava namorando com outra e que seria pai. Mesmo assim, segundo ela, as trocas de mensagens não pararam.

“Quando foi agora, ele voltou e disse que queria me ver. Quando eu soube que ele estava aqui, reativou vários gatilhos, porque eu já tinha consciência dos abusos que eu tinha sofrido e até então eu estava bem, porque não o via”, conta.

'Eu gritei, chorei e ele não parou'

Em mensagens, Gabriela detalha como teria ocorrido o abuso (Foto: Reprodução)

Na sexta-feira (21) à noite, Gabriela e Anderson marcaram de conversar e ele levou a estudante até a casa da mãe dele. A estudante conta que queria conversar e resolver a história dos dois, mas diz que ficou em estado de choque ao vê-lo, sem saber o que falar.

Ele, segundo ela, travou as portas do carro e a convenceu a ir até a casa da mãe dele, onde tiveram mais uma vez relação sexual.

“O que deixei bem claro é que no início realmente foi consensual, mas quando ele quis fazer sexo anal, eu pedi que ele parasse. Não queria mais, doía muito. Eu gritei, chorei e ele não parou”, revela.

Depois disso, a estudante disse que chorou e o engenheiro falou que era normal e que depois ela se acostumaria [com o sexo anal]. Mesmo abalada, ela disse que não conseguiu falar nada para ele, porque não se sentia segura. “Eu interagi com ele, mas só queria sair dali. Fui o caminho de volta para a casa da minha amiga calada.”

Depois disso, ela gravou vídeos em uma rede social expondo a situação, procurou a delegacia, fez exames de corpo de delito e precisou de atendimento médico em uma unidade de saúde, porque, segundo ela, estava com muitas dores. O caso teve bastante repercussão nas redes sociais e Gabriela alega até que outras meninas a procuraram para dizer que teriam sido vítimas do engenheiro.

A polícia

A polícia informou que no BO a jovem teria informado que teve relações com o homem pelo menos três vezes. Ao retornar ele teria procurado por ela novamente, quando ocorreu o estupro.

A jovem passou por exame de corpo de delito, que comprovou a conjunção carnal, mas não a lesão anal, segundo informou a polícia. No entanto, a estudante garante que tentou repetir o exame.

Ela denuncia ainda que não teve o atendimento adequado na delegacia geral da cidade e que chegou a pedir para refazer o exame que comprova a relação anal por achar que não foi feito corretamente, mas foi convencida a não repetir o exame pelo delegado.

Ela contou ainda que não se sentiu amparada e que na delegacia ficou próxima do agressor, até que um amigo pediu que ela fosse para uma sala separada. Segundo a estudante, familiares do engenheiro chegaram a ir até a casa dela pedir que ela retirasse a queixa.

A assessoria da Polícia Civil nega as denúncias e disse que a vítima foi atendida por uma agente mulher para que pudesse se sentir mais amparada. Disse ainda que o procedimento seguiu o trâmite normal, já que o suspeito foi preso horas depois.

Gabriela publicou foto chorando (Foto: Reprodução)

'Consensual', diz defesa

O advogado de defesa do engenheiro, Vitor Damaceno, disse que o caso deve seguir em segredo de justiça e por isso alguns detalhes do processo não podem ser revelados.

Ele garante que não houve estupro e que a relação foi consensual do início ao fim. “Temos provas concretas de que o crime não ocorreu conforme ela menciona. Provas estas que não posso apresentar porque expõe muito da intimidade de ambos, mas que comprovam o inverso do que ela diz. A nossa versão se limita a negar os fatos de estupro. Tudo foi consensual desde o começo, o próprio laudo médico diz isso”, alega.

Damaceno disse ainda que não sabe precisar quanto tempo de relação os dois tinham e que estão sendo colhidas informações telefônicas. A Justiça também expediu medidas protetivas para que ele fique longe da jovem.

Stealthing

Em uma publicação no seu site oficial, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios explica que o “stealthing”, que consiste na retirada do preservativo durante a relação sexual, sem o consentimento da outra pessoa, pode caracterizar o crime de violação sexual mediante fraude, descrito no artigo 215 do Código Penal.

"A palavra "stealthing" vem da língua inglesa e, em tradução livre, significa furtivo. O autor desse crime leva a vítima a acreditar que está em um ato sexual seguro, mas de maneira escondida ou camuflada, retira o preservativo e passa a praticar ato em desconformidade com a vontade da vítima. Cabe ressaltar que mesmo que a o início da relação tenha sido consentido, a partir do momento em que há a falta de consentimento a conduta pode ser caracterizada como crime de estupro."

Fonte: G1 Acre



Participe de nossa comunidade no WhatsApp, clicando nesse link

Entre em nosso canal do Telegram, clique neste link

Baixe nosso app no Android, clique neste link

Baixe nosso app no Iphone, clique neste link


Tópicos
SEÇÕES