Justiça decreta prisão de um suspeito de matar Policial Militar

Os policiais encontraram na mochila de Edílson, que foi abandonada pelo criminoso, vários documentos e munição.

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O corpo do policial morto na Rocinha foi enterrado na quinta-feira no Rio de Janeiro | Futura Press
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O principal suspeito da morte do policial militar do Batalhão de Choque Rodrigo Alves Cavalcanti, na favela da Rocinha, na última quarta-feira, teve a prisão temporária decretada pela Justiça do Rio de Janeiro. Edílson Tenório de Araújo, 42 anos, é considerado foragido. O pedido de prisão foi feito pela Divisão de Homicídios.

Os policiais encontraram na mochila de Edílson, que foi abandonada pelo criminoso, vários documentos e munição, o que comprovaria a autoria do crime. O policial Rodrigo Alves Cavalcante, 33 anos, foi baleado durante uma patrulha a pé, na parte alta da favela. Ele chegou a ser socorrido e levado ao hospital Miguel Couto, mas não resistiu ao ferimento.

A morte do cabo Rodrigo Alves alerta para a onda de violência que tem atingido a comunidade. Moradores da favela se queixam de que, desde a ocupação, o clima de inseguranca aumentou na comunidade. Rodrigo Alves foi enterrado na quinta-feira, com honras militares.

Para o sociólogo João Trajano, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), a normalização da vida na comunidade pode demorar, e é necessário "paciência e firmeza" das autoridades para lidar com os percalços da área. Trajano associa a onda de violência à prisão do antigo chefe do tráfico na comunidade, Antonio Francisco Bonfim Lopes, o Nem. "Sempre que há um episódio em que o chefe morre ou é preso, surge a disputa pelo controle".

Para o sociólogo, a desconfiança dos moradores da Rocinha com a polícia é reflexo de anos em que os policiais, em vez de neutralizar, perpetuavam o tráfico, ao negociar com os bandidos. O especialista afirma que o problema é desassociar a polícia das práticas tradicionalmente aplicadas. "Historicamente, existe uma relação muito promíscua entre o tráfico e a polícia. Os moradores não são bobos, testemunham, sabem os antigos pontos de recebimento de propina", afirma Trajano.

Para Cecília Coimbra, professora de psicologia da Universidade Federal Fluminense (UFF) e presidente do grupo Tortura Nunca Mais, a imagem da polícia ainda traz insegurança em parte dos moradores porque, na favela, não existia enfrentamento, mas extermínio. "Psicologicamente falando, o que as ações da polícia produzem na população é medo, terror", aponta. "Os jovens crescem vendo a morte desde cedo, a violência desde cedo. Assim, você produz um ser violento".

A psicóloga acredita que é necessário contextualizar a violência nesse momento pelo qual o Rio de Janeiro passa, no qual é empregada a política de extermínio, e o medo é produzido para controlar as pessoas. "Não acredito que a presença ostensiva da polícia diminua a questão da violência, pois muitas vezes ela é despertada pelos agentes do Estado", analisa. "Crescer rodeado de armas, de bandidos ou policiais, é um péssimo exemplo para os mais jovens".



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