Justiça do Rio nega liberdade e executivo da Match segue preso

O britânico e outros 10 acusados tiveram a prisão decretada pelo Juizado Especial do Torcedor.

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Whelan na chegada à Cidade da Polícia | O Estadão
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A desembargadora Rosita Maria Oliveira Netto, da 6ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio, negou, na tarde desta quarta-feira (16), pedido de habeas corpus feito pela defesa do CEO da Match Services, Raymond Whelan, acusado de integrar uma máfia internacional de venda ilegal de ingressos da Copa do Mundo. As informações são da GloboNews. Com isso, o executivo inglês permanecerá preso preventivamente no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na Zona Oeste.

Segundo a Justiça, foi negado o pedido de extensão do habeas corpus que havia sido conseguido na madrugada do dia 8, no Plantão Judiciário. Whelan havia sido preso no dia 7. Após ser solto, no entanto, o executivo teve a prisão preventiva decretada na quinta-feira (10). Nesta segunda (14), quando o executivo se apresentou à Justiça após quatro dias foragido, a defesa fez o pedido de extensão.

O britânico e outros 10 acusados tiveram a prisão decretada pelo Juizado Especial do Torcedor. Na ocasião, o CEO da Match deixou o Hotel Copacabana Palace, onde estava hospedado junto com a delegação da Fifa, antes de a polícia chegar.

Defesa alega inocência

O advogado Fernando Fernandes nega que Whelan tenha qualquer ligação com atividade ilícita. ?A relação que ele teve foi absolutamente legal e confirmada pela Fifa. Os demais detalhes estarão na defesa escrita que ele apresentará 10 dias após a defesa ter acesso à integralidade das ligações telefônicas?, disse o advogado, que também é investigado por suspeita de ter facilitado a fuga do cliente.

Em nota, a Match Services, que detinha os direitos da Fifa sobre a venda de ingressos para a Copa, diz que não houve irregularidade e que pode "assegurar" que Whelan não cometeu "ato ilegal ou irregular". "Temos certeza de que isso será comprovado em breve pelas autoridades brasileiras", diz o texto. O presidente da Fifa, Joseph Blatter, disse que a entidade não tem responsabilidade sobre a venda ilegal de ingressos.

Fuga de Whelan

Na quinta-feira (10), a Justiça aceitou a denúncia contra os 12 acusados pelo MP-RJ e decretou a prisão preventiva de 11 deles. Apenas o advogado José Massih não teve a prisão decretada por ter colaborado com as investigações. Ele deixou a prisão na sexta-feira (11), quando terminou o prazo da prisão temporária, e responderá ao processo em liberdade. Todos vão responder pelos crimes de cambismo, organização criminosa, desvio de ingresso e corrupção ativa.

Dos 11 que tiveram a prisão preventiva decretada, apenas Raymond Whelan estava solto. Na quinta-feira, assim que foram expedidos os mandados de prisão, a polícia seguiu para o Hotel Copacabana Palace, na Zona Sul, onde o executivo estava hospedado junto com a delegação da Fifa, que cedeu à Match os direitos sobre a venda dos ingressos da Copa. No entanto, Whelan fugiu antes da chegada dos agentes. Câmeras de segurança do hotel mostraram o executivo deixando o local, ao lado do advogado Fernando Fernandes, pela porta utilizada pelos funcionários.

Segundo a Polícia Civil, Whelan fornecia à quadrilha ingressos da Copa, que eram revendidos ilegalmente acima do preço real. Ainda segundo a polícia, a quadrilha era liderada pelo franco-argelino Mohamed Lamine Fofana.

O esquema

No dia 1º de julho, policiais da 18ª Delegacia de Polícia, da Praça da Bandeira, prenderam 11 pessoas na operação "Jules Rimet". Na segunda-feira (7), Raymond Whelan chegou a ser preso também, mas foi solto na madrugada de terça-feira (8) depois de obter um habeas corpus na Justiça do Rio.

Com a listagem de celulares da Fifa em mãos, um dos agentes policiais digitou no aparelho celular apreendido do argelino Lamíne Fofana o prefixo 96201, que precede os telefones da entidade. Apareceu, então, o nome "Ray Brazil", para o qual havia 900 registros entre telefonemas e mensagens. Ao todo, a operação está lendo e escutando 50 mil registros telefônicos, dos quais mais de 50% já foram apurados.

Segundo as investigações, três empresas de turismo localizadas em Copacabana, interditadas pela polícia, faziam contato com agências de turismo que traziam turistas ao país e vendiam ingressos acima do preço.

Eram ingressos VIPs, fornecidos como cortesia a patrocinadores, a Organizações Não Governamentais (ONGs) e também destinados à comissão técnica da Seleção Brasileira ? desde bilhetes de camarotes até entradas de assentos superiores. Uma entrada para a final da Copa no Maracanã chegava a custar R$ 35 mil e a quadrilha faturava mais de R$ 1 milhão por jogo.

Segundo a polícia, Fofana também conseguia entradas vendidas pelos agentes oficiais da categoria "hospitalidade", pacotes de luxo, controlados pela Match Hospitality. Até carro forte foi usado para abastecer a quadrilha que vendia entradas para todos os jogos da abertura à final do torneio.

Segundo o delegado Fábio Barucke, responsável pelo caso, os presos já atuaram em pelo menos quatro mundiais e estimativas apontam que a quadrilha poderia movimentar cerca de R$ 200 milhões por Copa do Mundo.

Os presos

Além de Fofana e Whelan, estão presos o policial militar reformado Oséas do Nascimento; Alexandre Marino Vieira; Antônio Henrique de Paula Jorge, um dos contatos de Fofana no Brasil (antes de ser preso, Henrique tentou retirar de um banco R$ 177 mil em dinheiro vivo); Marcelo Pavão da Costa Carvalho; Sérgio Antônio de Lima, que teria tentado subornar um dos agentes; Ernane Alves da Rocha Júnior; Júlio Soares da Costa Filho; Fernanda Carrione Paulucci e Alexandre da Silva Borges. O advogado José Massih responderá ao processo em liberdade por ter colaborado com as investigações.



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