Mãe acusada de matar filho o chamava de “Saddam Hussein”

Maria Selma está presa, acusada de ter pago R$ 20 mil a milicianos para executar o filho

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Maria Selma está presa | Paulo Alvadia / Agência O Dia
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"Nunca mandei na minha casa. Quem mandava era o Saddam Hussein". A frase é de Maria Selma Costa dos Santos, de 70 anos, comparando o ex-ditador iraquiano ao filho, o empresário José Fernandes dos Santos Reis, de 52 anos, assassinado com três tiros ? dois na cabeça ? em 29 de novembro, em Duque de Caxias, Baixada. Maria Selma está presa, acusada de ter pago R$ 20 mil a milicianos para executá-lo.

O empresário morreu na porta da casa da mãe, que será julgada por júri popular ainda este ano. Mais duas pessoas são acusadas de envolvimento no crime. A pena pode chegar a 30 anos.

Nas investigações da 59ª DP (Caxias), as gravações telefônicas, autorizadas pela Justiça, revelam crueldade e estratégia por parte da idosa. As conversas serão usadas no dia do julgamento do caso na 4ª Vara Criminal de Caxias. Na véspera de ser presa, no dia 22 de maio, por exemplo, Maria Selma, pressentindo que seria desmascarada, disse a advogado, por telefone, que havia ?entrado areia no caso?.

Em seis meses de monitoramento, diálogos de Maria Selma mostram que ela se referia ao filho como ladrão, bandido e até ?f.d.p?. Também indicam que ela pressionou testemunhas convocadas pela polícia e ameaçou a viúva do filho, Vânia Filgueiras Lopes. Em telefonemas disse à nora que tinha filmagens de conversas comprometedoras com o empresário, documentos que comprovavam que ele era agiota e tinha armas.

Crítica também ao marido

Nas conversas se destacavam críticas ao marido e o filho. Quem ia de encontro aos seus interesses patrimoniais era ameaçado. Um dos exemplos da ira da mulher é diálogo gravado entre ela e uma mãe de santo: ?Ela não vai querer comer formiga?. A pessoa a quem se referia, segundo a própria Maria Selma, era uma de suas filhas, que não queria prejudicar a viúva do irmão e o sobrinho na divisão de bens da família.

Nas investigações, apesar das conversas cruéis, Maria Selma tinha medo de ser grampeada pela polícia. A preocupação era revelada nos diálogos. A idosa chegou a mudar de celular várias vezes. Pesa contra Maria Selma depoimento da empregada Maria Dias, presa por ter contratado dois matadores. Outro envolvido é Isaque Moraes.

Morte do filho era só parte do plano

O assassinato do filho seria apenas parte do plano de Maria Selma para abocanhar o patrimônio da família. A polícia investigou que a mulher havia se aliado a uma mãe de santo, além de outras pessoas, para falsificar documentos que permitissem passar imóveis da família para o nome dela.

Para isso, ela negociava com homem identificado como Beto. Para garantir a falsificação de papéis, ele cobrou R$ 40 mil, mas o preço acabou baixando para R$ 20 mil.

Segundo investigações da 59ª DP (Duque de Caxias), Maria Selma reclamava que o filho queria dar uma ?volta? no pai em relação a uma casa no valor de R$ 500 mil.

Maria Selma reclamava ainda de ter perdido em ?negociata? uma casa em Araruama, na Região dos Lagos, para o filho assassinado.

Mulher tinha lema: ?Quem tentar me ferrar, eu ferro?

A frieza era a marca registrada de Maria Selma para lidar com outras duas filhas, o marido e a viúva da vítima. Articulada, ela se recusava a prestar contas de gastos ao marido e torcia para que ele não morresse até a assinatura da venda de uma casa. Nos diálogos de Maria Selma com interlocutores, ela usava o seguinte lema: ?Quem tentar me ferrar, eu ferro?.

Do marido, carregava mágoas. Alegava que teve um filho e duas filhas, mas que ele quis dar um deles quando tinha 3 anos. ?Esse corno nunca prestou?, afirmou certa vez em conversa gravada com outras pessoa.

De família tradicional de Duque de Caxias, antes da morte do filho, Maria Selma frequentava as mais altas rodas do município e eventos beneficentes.



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