Maníaco da Cantareira diz que queria “ter um caso” com menino

Rosário contou que estava com um colega quando encontrou os dois meninos na mata

Maniaco da Cantareira | Divulgação
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Ademir Oliveira Rosário, conhecido como "Maníaco da Cantareira", foi condenado a 57 anos de prisão na noite desta terça-feira (13) pelas mortes dos irmãos Francisco Ferreira de Oliveira Neto, de 14 anos, e Josenildo José de Oliveira, de 13, ocorridas na Serra da Cantareira, em 22 de setembro de 2007. O júri aconteceu no Fórum de Santana, na Zona Norte de São Paulo.

O julgamento começou por volta das 13h50 desta terça, com o sorteio dos jurados. A sentença foi lida por volta das 20h. A mãe dos meninos, Rita de Cássia Alves Oliveira, de 36 anos, chorou muito ao ser anunciada a pena.

Cinco mulheres e dois homens integraram o Conselho de Sentença. Não houve testemunhas, de defesa ou acusação. Por isso o júri começou com o interrogatório do réu. Segundo o assistente de acusação, Enéas de Oliveira Matos, as testemunhas não foram convocadas ?diante da natureza da prova? e porque ele é réu confesso.

No interrogatório, Rosário negou ter abusado dos jovens, mas afirmou que ?queria sair com os meninos, ter um caso?. Ele contou que estava com um colega quando encontrou os dois meninos na mata ? o outro réu, Elson José Messaggi, já foi condenado pelo crime. Rosário subiu com o mais velho e o colega ficou com o mais novo em um ponto da trilha. ?Eu queria ter uma coisa com ele. Não é estupro, como foi falado. Ele falou que não queria, deu um branco na hora e esfaqueei ele?, disse. Depois, ele contou que desceu, relatou o que havia ocorrido ao colega, que deu facadas no outro irmão.

Durante a fase de debates, o promotor Eduardo Campana pediu a condenação do réu por dois homicídios triplamente qualificados, além do abuso sexual dos dois jovens. Ele sustentou que Rosário premeditou o crime, o que foi demonstrado com o depoimento de três adolescentes abordados na mata momentos antes da morte dos irmãos. ?A identificação dele foi feita, inclusive, pelas vítimas que foram abordadas. Esses meninos que ele diz que não encontrou naquela data?, disse o promotor.

No momento em que o promotor descrevia um depoimento anterior de Rosário, com detalhes dos assassinatos ? o que o réu não repetiu em plenário ? a mãe dos meninos deixou a sala, muito nervosa. Campana tentou convencer os jurados que o réu tinha consciência do que fazia, apesar de alegar um ?branco? no momento em que esfaqueou um dos meninos.

Campana também quis demonstrar a responsabilidade do réu em relação à morte do irmão mais novo. ?Não adianta ele falar ?com o outro eu não fiz nada?, como se não soubesse o que estava acontecendo com o Josenildo naquele momento?, disse o promotor durante o julgamento. O responsável pela acusação também leu detalhes dos exames realizados nos corpos, que relatam evidências de abuso sexual. Rosário negou os abusos durante o interrogatório.

O defensor público Marcos Figueiredo Martins, responsável pela defesa, disse aos jurados que o réu cometeu mesmo os crimes, mas quis provar que ele não é responsável por seus atos. ?Esse homem precisa de tratamento. Em nenhum momento vou dizer que ele não praticou esse crime. Ele praticou. Todos eles. As provas que constam desse processo e nos outros são incontestáveis?, afirmou.

Segundo o defensor, o crime foi a ?crônica de uma tragédia anunciada?. ?Isso partiu de uma sucessão de erros que levaram esse indivíduo à semiliberdade. O que foi feito para esse homem foi uma tentativa de reinseri-lo à sociedade, o que resultou em uma tragédia. A conduta dele é reiterada ao longo da vida, ele só praticou esses crimes. Ele é pedófilo e tem tendência a procurar crianças?, disse o advogado, tentando comprovar que o réu apresenta distúrbios mentais. Para ele, o ideal era que o réu permanecesse internado na Casa de Custódia de Taubaté, no interior de São Paulo.

O promotor utilizou a réplica para refutar a tese de que o réu não tinha consciência do que fazia no momento dos crimes. ?Ele é uma pessoa que tem capacidade de entender. Com relação a esses fatos, ele narra o evento criminoso. A crença dele era da impunidade. Dois médicos psiquiatras atestaram que ele é normal?, disse Campana.

Durante a tréplica, houve rápidas discussões entre o defensor público e o promotor do caso por causa da tese da defesa de que o réu não pode ser responsabilizado pelos crimes. Em uma das vezes, o juiz Gilberto Ferreira da Cruz precisou intervir e acalmar os ânimos: ?O trabalho no júri é destinado aos jurados, não aos ataques paralelos?.

O caso

Em 2007, Francisco e Josenildo haviam sumido da casa da família. Os corpos deles foram achados três dias depois, em 25 de setembro, em uma mata próxima à Serra da Cantareira. Rosário chegou a ser investigado como suspeito de ter cometido outros crimes idênticos na região, com cerca de 20 vítimas no total.

Quando ocorreram os assassinatos dos irmãos, Rosário já havia sido condenado três vezes: por roubo cometido em 1990, pelo homicídio de um homem ocorrido em 1991 e por atentado violento ao pudor em relação a dois meninos e um roubo que aconteceram em 1998. Na época do crime, Rosário cumpria pena em regime semiaberto.



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