Morador de rua sobrevive a tentativa de homicídio: “foi por dívida de droga”

Em vídeo gravado pela polícia, rapaz diz que reconheceu autor dos disparos. Segundo ele, crime ocorreu porque devia R$ 50 para traficante, em Goiânia.

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O relato de um morador de rua que sobreviveu a uma tentativa de assassinato, em Goiânia, reforça uma das hipóteses para tantas mortes na capital: a do uso e tráfico de drogas, principalmente o crack. No último sábado (13), o rapaz escapou por pouco da morte. Ainda no hospital, depois de levar vários tiros, ele contou à polícia que um traficante tentou matá-lo por causa de uma dívida de R$ 50 em entorpecentes.

No vídeo gravado pela Polícia Civil, o sobrevivente conta que fazia "um corre", ou seja, vendia drogas para o suspeito da tentativa de homicídio. Ele conta que, por volta de 5h45, o autor dos disparos desceu da moto de revólver na mão. O atirador usava um capacete preto com viseira transparente. O morador de rua conta ter reconhecido o homem: "Aí eu vi ele e já falei pra ele: "Calma, calma, o dinheiro tá aqui, o dinheiro tá aqui".

No entanto, segundo o morador de rua, o homem não deu ouvidos ao pedido. "Ele nem falou nada, só apontou e começou a disparar", relatou à polícia. Alvejado por vários tiros, o jovem foi socorrido ao Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo) e sobreviveu.

28 mortes

Na madrugada de segunda-feira (15), Goiânia registrou o 28ª assassinato de pessoa em situação de rua, de acordo com dados da Delegacia de Homicídios. Um homem ainda não identificado morreu após receber cerca de 6 facadas. O crime aconteceu na Rua 210, no Setor Coimbra.

A vida na rua é o comprovante de um grave problema social: a dependência química. A fuga nas drogas incentiva, ao mesmo tempo, o consumo e o tráfico de entorpecentes. Uma combinação perigosa que quase sempre resulta em criminalidade.

As investigações mostram que todas as mortes de moradores de rua em Goiânia têm o envolvimento com as drogas como ponto em comum. Isso não descarta, mas enfraquece a suspeita de que um grupo de extermínio esteja agindo na capital, como defende a ministra de Direitos Humanos, Maria do Rosário. O que se sabe até agora é que o problema está cada vez mais em evidência.

"Na maioria das vezes a gente nem enxerga como um morador de rua. A gente enxerga mesmo como um drogado, que está na rua para se drogar", diz o auxiliar de laboratório Paulo Henrique Gomes.

Segundo o promotor Vinícius Marçal, que investiga os assassinatos de moradores de rua, a lista pode aumentar se não houver um investimento social urgente.

"A cada dia que passa, mais usuários que não acertam as suas contas com os traficantes grandes vêm a perder sua vida. É necessário, de pronto, políticas para a recuperação dessas pessoas. Sem as melhorias das casas de apoio, a ampliação de vagas, esse problema não vai acabar", disse o promotor.

Mapeamento

A Polícia Civil identificou na capital os principais pontos em que estão os moradores de rua que usam e vendem drogas. No Setor Norte Ferroviário, eles se aglomeram na Praça do Trabalhador, próximo à rodoviária. Na região central, se concentram principalmente nas avenidas Goiás e Araguaia. Outro ponto é a Praça do Cigano, no Setor Coimbra.

Para a polícia, não basta só combater os crimes. É preciso tratar as causas que levam à dependência química.

"Somos a favor da internação compulsória, de ações concentradas nessas regiões mais afetadas. Num trabalho conjunto com os órgãos que representam as ações sociais, nesse trabalho de prevenção envolvendo sociólogos, psicólogos e psiquiatras. Tem que existir um trabalho conjunto nesse sentido, para poder evitar e combater essas situações", diz o delegado Alexandre Bruno, da Delegacia de Homicídios.



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