Mulher é condenada a 22 anos de prisão por mandar executar o próprio marido

Na sentença, a juíza destaca que a conduta da mandante ‘revela-se ainda mais grave, fria e sórdida, pois a vítima era seu marido e pai da sua filha menor’.

Noel foi abordado por dois homens que dispararam contra a cabeça da vítima, na porta da casa de um familiar do policial. | Reprodução
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Tatiane Borralho de Oliveira Silva foi condenada em Tribunal do Júri realizado em Cuiabá, a 22 anos de reclusão pelo homicídio qualificado do marido, o policial militar da reserva Noel Marques da Silva, de 52 anos. A vítima foi morta há quase três anos, na porta de casa, no bairro Jardim Colorado, na Capital.

O executor do crime, Cleytin Cosme de Figueiredo, foi condenado a 18 anos de prisão. Ambos estão presos desde a investigação da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa, que esclareceu o crime e identificou os envolvidos. Na sentença, a juíza da 1ª Vara Criminal de Cuiabá, Mônica Catarina Perri, destaca que a conduta da mandante ‘revela-se ainda mais grave, fria e sórdida, pois a vítima era seu marido e pai da sua filha menor’.

Em relação a Cleyton, além do homicídio contra o militar aposentado, ele também foi condenado pelo assassinato do filho da vítima, Noel Marques da Silva Júnior, ocorrido sete meses depois. Por este crime, Cleyton foi condenado a 22 e sete meses de detenção, no regime inicialmente fechado, sendo negado o apelo em liberdade.

Crime por encomenda

Um relacionamento marcado por muitos desentendimentos, brigas em público, interesses financeiros e relações extraconjugais por uma das partes. O homicídio que vitimou Noel Marques teve o envolvimento direto de três pessoas investigadas pela DHPP. Conforme a apuração realizada ao longo de um ano, que reuniu dezenas de oitivas, exames periciais, relatórios investigativos, buscas e apreensões, a mandante do crime foi a ex-mulher, com quem a vítima foi casada por mais de dez anos e teve uma filha.

Indícios de autoria e materialidade delitiva foram reunidos na investigação presidida pelo delegado Caio Fernando Álvares de Albuquerque, que chegou à identificação do autor dos disparos, um homem de 36 anos, que vitimaram Noel Marques, assim como da mandante do crime e da mãe dela, de 51 anos, que também foi responsabilizada. O inquérito foi concluído em agosto de 2021.

Noel foi abordado por dois homens que dispararam contra a cabeça da vítima, na porta da casa de um familiar do policial. Em março de 2021, o filho dele, Noel Marques da Silva Júnior, de 33 anos, também foi morto, no bairro Novo Tempo. A vítima foi atingida por tiros quando estava na varada de casa.

Durante a apuração inicial sobre o homicídio de Noel Marques, ainda no local de crime os policiais da DHPP reuniram informações de que a morte teria sido encomendada pela viúva da vítima, assim como também se chegou à identidade de um dos executores. No decorrer da investigação, a equipe da DHPP reuniu informações de que a vítima e a ex-mulher viveram um relacionamento conturbado e marcado por traições públicas por parte da mulher, inclusive, com postagens em redes sociais exibindo outros parceiros.

“Somando outros momentos da investigação, a viúva despontou então como mandante do crime e identificou-se o executor, conforme indícios produzidos no inquérito. A vítima chegou a comentar, conforme testemunhos, que a esposa lhe teria dito em algumas ocasiões que ‘ou ela o mataria ou o colocaria na cadeia’, explicou o delegado Caio Fernando.

Um dos pontos da investigação da DHPP que corroboraram os indícios contra o executor do homicídio foi a morte do filho da vítima, que, ao que tudo indica nas apurações, foi motivada pela cobrança feita por Noel Marques Filho pelo esclarecimento da morte do pai, que ia sempre à delegacia pedir para que o homicídio do militar fosse elucidado.

Frieza e despreocupação

Ao longo da investigação, a equipe de investigação da DHPP reuniu também informações contra a viúva e sua mãe, apontando o envolvimento de ambas na morte da vítima, inclusive de que o homicídio foi premeditado.

Os elementos colhidos mostraram uma personalidade fria e descomprometida da viúva, em diversos momentos após o homicídio do marido. A investigação demonstrou que ela mantinha relações amorosas paralelas e após a morte, se apresentou totalmente despreocupada com a morte do marido, inclusive conversando com amantes e dizendo que no final do ano já não precisaria mais trabalhar e que ambos teriam vida fácil. Contudo, em contato com outras pessoas, ela fez o papel de viúva enlutada e injustiçada.

Em oitiva na DHPP, na ocasião de sua prisão, a viúva do policial negou veementemente conhecimento sobre quem atirou e o motivo da morte do marido e não demonstrou interesse sobre a quantidade de disparos, informação que sempre é de interesse de familiares de vítimas.

“A personalidade fria, descomprometida e de certa forma, sádica, foi demonstrada também na saída dela da delegacia no dia da sua prisão, quando se disse totalmente sem envolvimento no caso. Contudo, chega a fazer gesto de coração com a mão e mandar beijos para os repórteres que estavam acompanhando o caso. Tal gesto indo no caminho ao contrário de uma pessoa que seja inocente de uma acusação tão grave como essa”, pontuou o delegado responsável pelo inquérito criminal.

Com informações da Polícia Civil do Mato Grosso



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